Duo Vozmecê leva música autoral e audiovisual às escolas EJA na Capital, com shows e exibição de documentário para aproximar jovens e adultos da cultura regional

Foto: Divulgação
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O duo musical Vozmecê, formada por Namaria Schneider e Fattori inicia nesta semana uma série de apresentações em escolas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) de Campo Grande com o projeto “Tropicapolca: Vozmecê Circuito EJA CG”. Voltado a estudantes de regiões periféricas, o projeto combina exibição de documentário e shows ao vivo, buscando democratizar o acesso à cultura, valorizar a identidade regional e aproximar o público de baixa renda da música autoral e dos gêneros regionais e latino-americanos.

As atividades ocorrerão em quatro escolas localizadas nos bairros Estrela Dalva I, Guanandi, Portal Caiobá e Parque Novo Século, contemplando cerca de 1.000 estudantes e fortalecendo a formação de público e a representatividade cultural na capital sul-mato-grossense.

O cronograma do circuito começa na E.M. Antônio Lopes Lins, com a exibição do documentário marcada para 17 de novembro, segunda-feira, e o show no dia seguinte, 18 de novembro, terça-feira. Em seguida, o duo se apresenta na E.M. Profª Maria Regina Vasconcelos, com documentário em 25 de novembro, terça-feira, e apresentação musical em 26 de novembro, quarta-feira.

O circuito continua na E.M. Plínio Mendes dos Santos, onde o documentário será exibido em 1º de dezembro, segunda-feira, e o show acontecerá em 2 de dezembro, terça-feira. Por fim, a E.M.Consulesa Margarida Maksoud Trad receberá o duo em 3 de dezembro, quarta-feira, para a exibição do documentário, seguida do show em 4 de dezembro, quinta-feira. A sequência de encontros foi planejada para alcançar cerca de mil estudantes, garantindo que o público da EJA, majoritariamente composto por jovens e adultos de bairros periféricos, tenha acesso à música autoral local e às discussões culturais promovidas pelo projeto.

Cultura como estudo

Desde o início do Duo Vozmecê, Fattori e Namaria defendem que a arte não deve se restringir apenas a ambientes formais, como teatros e festivais. Segundo Fattori para a reportagem do Jornal O Estado, a experiência com trabalhos de arte de rua possibilitou uma compreensão mais profunda sobre o impacto da arte em espaços diversos e a importância de levar cultura a públicos que normalmente estão afastados dos centros culturais.

O lançamento do álbum Tropicapolca motivou a busca por novas formas de apresentar o trabalho, conciliando apresentações em locais tradicionais e em espaços menos convencionais. A ideia de criar um circuito em escolas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) surgiu com a oportunidade oferecida pelo edital da Política Nacional Aldir Blanc, viabilizado pela Fundação de Cultura de Campo Grande, reforçando a relação entre políticas públicas e democratização do acesso à cultura.

“Vim da escola pública, de bairros periféricos, e cresci participando de bandas marciais e apresentações artísticas dentro das escolas, experiências que mudaram o rumo da minha vida. Por isso acredito que iniciativas como esta podem gerar impactos positivos na vida de outros jovens e adultos em situações semelhantes”, conta.

O público da EJA, composto por jovens e adultos que conciliam trabalho e estudos, apresenta uma receptividade especial à arte, tornando cada apresentação do Duo Vozmecê uma oportunidade de reflexão e de fortalecimento do senso de pertencimento regional.

“Para esses estudantes, o contato com músicas autorais produzidas em Campo Grande permite conhecer e valorizar a produção cultural local, muitas vezes ausente nos meios de comunicação de massa, como rádios comerciais ou playlists virais, e contribui para aproximá-los de experiências culturais significativas e de relevância social”, explica Fattori.

Conexão musical

Namaria destaca que a presença do Duo Vozmecê junto aos estudantes ajuda a reduzir a desconexão existente entre a população e os artistas sul-mato-grossenses. Ao apresentar a produção cultural local em um contexto educacional, os jovens e adultos têm a oportunidade de conhecer ritmos e expressões regionais, fortalecendo o sentimento de identidade cultural.

“Mostrar o novo em um momento de maior abertura ao aprendizado permite que os artistas locais sejam mais reconhecidos, fortalece a cena musical e contribui para uma sociedade mais consciente e menos alienada em relação à própria produção cultural”, conta a cantora para o Jornal O Estado.
Fattori detalha que o projeto vai além das apresentações musicais e busca criar uma experiência cultural mais ampla por meio de rodas de conversa e da exibição do documentário Cena Alternativa – MS Geração 20.

“A ideia é que os estudantes da EJA não apenas assistam a um show, mas tenham contato com diferentes linguagens artísticas e compreendam o contexto em que essas produções são realizadas. O documentário, traz à tona o trabalho de diversos músicos e bandas autorais do Mato Grosso do Sul, como Beca Rodrigues, Soulra, Ossuna Brasa, Dovale, Karla Coronel, entre outros, permitindo que os alunos percebam que há uma cena contemporânea ativa e diversificada acontecendo em sua própria cidade e Estado”.

Audiovisual

Para o duo, a integração do audiovisual ao projeto é estratégica, pois possibilita uma compreensão mais profunda do panorama cultural local e reforça a ideia de pertencimento. Ele acredita que apresentar essa multiplicidade de vozes e estilos em um mesmo espaço cria oportunidades de reflexão sobre identidade cultural e estimula o interesse por novas formas de expressão artística.

“ A experiência busca mostrar que a música autoral não é um fenômeno distante ou restrito a determinados ambientes, mas sim algo que pode ser experimentado e valorizado por todos, inclusive por estudantes que, muitas vezes, estão afastados dos grandes eventos culturais”, explica Fattori.

O legado esperado com o projeto, segundo a dupla, é justamente inspirar os alunos da EJA a se engajarem com a cultura local, reconhecendo a diversidade e a riqueza da produção artística contemporânea de Campo Grande e de todo o Mato Grosso do Sul. Além de aproximar os estudantes da música e do audiovisual. O Vozmecê acredita que a iniciativa pode estimular novos talentos e incentivar a criação de outras ações culturais na cidade, fortalecendo a cena artística e contribuindo para a formação de uma comunidade mais conectada e consciente de sua própria identidade cultural.

Tropicapolca

O show “Tropicapolca” é baseado no álbum audiovisual mais recente do Vozmecê, lançado em 2024. A sonoridade do duo mistura ritmos fronteiriços e pantaneiros, como a Polca Paraguaia, Guarânia e Chamamé, com influências de diversas regiões do Brasil, como a MPB, Samba, Baião, afoxé, além da universalidade do rock. Essa fusão é o que o duo chama de música neo-pantaneira. As canções do Vozmecê se destacam não só pela estética contemporânea ao mesmo tempo que de raiz, mas também pelas letras de forte teor social.

 

Por Amanda Ferreira 

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