Dourados respira teatro! Oficina com nome da atuação nacional, show de carioca e DJ com set de brasilidades encerram o festival

Foto: divulgação
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Desde o dia 18 de setembro, o município de Dourados, a 226 quilômetros de Campo Grande, se tornou o polo das artes cênicas, com a 11ª edição do FIT (Festival Internacional de Teatro de Dourados). Com encerramento programado para este sábado (27), o evento ainda promete reunir produções culturais de alto nível, com nomes nacionais e regionais.

Na noite de ontem (25), quem abrilhantou o palco do Cine-auditório da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) foi o artista Odilon Esteves, com a palestra cênico-literária ‘Para abrir Outras Janelas’. Nascida há quase 20 anos e carregando na bagagem influências como Guimarães Rosa e Manoel de Barros, Odilon contou de forma exclusiva ao jornal O Estado que a ideia da apresentação começou ali, numa conversa com uma amiga, sendo realizada pela primeira vez em uma escola.

“Eu comecei a fazer esse trabalho muito acidentalmente. Uma amiga minha, pediu que eu fosse a uma feira de cultura da escola dela para apresentar um conto do Guimarães Rosa, para os alunos do oitavo ano. Pensei numa coisa descontraída, e foi muito bem recebido. Eu juntei vários autores, um mundo de livros, para que eles pudessem escolher, e foi muito legal. E aí, uma professora de português lá da escola, que assistiu, falou: ‘Ah, você não tem como fazer isso também na minha escola?’ Então, começou assim”, relembrou.

Oficina

Nesta sexta-feira (26), às 14h, Odilon ministra a oficina ‘O teatro e a palavra: alguns caminhos para o texto falado’, com a proposta de experimentar a oralidade em diferentes registros, do cotidiano às correntes teatrais do século XX, e pensar o uso da voz e do texto falado em diálogo com a escuta do espectador.

Segundo o ator, “o teatro e a literatura têm uma relação íntima. Muitas vezes o teatro parte da literatura para chegar a outra obra; outras vezes, a literatura é adaptada para o palco. Esta oficina é um convite para explorar essa transposição da palavra escrita para a oralidade, de forma sensível e criativa”.

Para Odilon, participar do festival é uma declaração do próprio amor a literatura e ao teatro. “A literatura me ajudou, vem me ajudando e continua a me ajudar muito na minha formação como ator, e não só como ator, como leitor e espectador. Pensando que um espectador é um leitor do acontecimento teatral, o leitor do livro é diferente, porque ele tem que imaginar as cenas todas acontecendo na cabeça dele. Só que esse convite à imaginação que a leitura nos faz é muito rico para o nosso desenvolvimento pessoal e, para quem é do teatro, para quem está se formando em teatro, é fundamental quase como um treino diário da própria imaginação”, reflete.

Odilon Esteves, mineiro da cidade de Novo Cruzeiro, é ator com licenciatura em Teatro pela UFMG e uma carreira consolidada em teatro, cinema e TV. No palco, atuou em peças a partir de textos de Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Dostoiévski, Julio Cortázar, Manoel de Barros e Nelson Rodrigues. No cinema, participou do longa “Batismo de Sangue”, e na TV esteve em produções como “Queridos Amigos”, “Sob Pressão”, “Hit Parade”, “Mar do Sertão” e “Guerreiros do Sol” (Globoplay).

Carioca no FIT

No sábado (27), para encerrar o festival, a partir das 21h, o Parque dos Ipês se torna palco de muita música com o DJ Aruan, com discotecagem de brasilidades e a cantora carioca Letrux, que apresentará o show ‘Letrux 20 anos Alternativa’, revisitando a cena independente brasileira dos anos 2000 e 2010 em uma experiência que é, ao mesmo tempo, celebração e resistência, que promete atravessar o público com intensidade, poesia e melancolia dançante.

No palco douradense, a artista mistura o apocalíptico e o romântico, transformando sua tragicomédia particular em um ritual coletivo. “É isso, a alegria é uma força revolucionária. Tá barra, tá osso, mas não podem tirar a música da gente, nem a dança, então vamos dançar sim”, afirma Letrux.

O show em Dourados marca a primeira vez da artista no município e acontece no início da primavera, em uma noite que ela acredita ser um encontro especial com corpos e mentes jovens, em meio às turbulências do país e do planeta. “Um show é um lugar de encontro, com a música, com amigos, consigo. Ver um show é algo muito potente, espero que a gente tenha uma noite linda”, comenta.

Confira a programação completa

Sexta-feira (26)

Oficina “O Teatro e a palavra” – Odilon Esteves
Núcleo de Artes Cênicas (UFGD – Unidade 2)

Aquele Aquela Menos Ela – Liz Sória (Campo Grande/MS)
20h | Casulo – Espaço de Cultura e Arte

Bar do Festival
21h | Casulo – Espaço de Cultura e Arte

Sábado (27)

Estorvos! Se Essa Rua Fosse Nossa! – Coletivo Clandestino (Dourados/MS)
10h | Praça Antônio João

Concerto ao Ar Livre com a Orquestra UFDG
19h | Parque dos Ipês

Encontro de Gigantes – Núcleo Ás de Paus (Londrina/PR)
20h | Parque do Ipês

DJ Aruan – (Campo Grande/MS)
21h | Parque do Ipês

Letrux – Show de Encerramento
22h l Parque do Ipês

Por Carolina Rampi

 

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