Documentário sobre os fotógrafos Lambe-Lambes de Campo Grande estreia nesta quarta-feira

Foto: Fotografo lambe-lambe em atividade na Praça Ary Coelho/Reprodução (Marineti Pinheiro)
Foto: Fotografo lambe-lambe em atividade na Praça Ary Coelho/Reprodução (Marineti Pinheiro)

Nos anos de 1920 a 1950, os fotógrafos Lambe-Lambes desempenharam um papel vital na documentação da história e na celebração de momentos especiais na vida das pessoas. Agora, um documentário especial destaca a vida e o trabalho desses profissionais icônicos, trazendo de volta memórias de uma época passada.

Em uma era em que a fotografia digital e os smartphones dominam, é fácil esquecer como a fotografia costumava ser uma arte mais complexa, que requeria paciência, habilidade e um entendimento profundo do processo analógico. Os fotógrafos Lambe-Lambes eram os guardiões dessa arte.

É nesse contexto que o documentário “A Mágica da Foto Lambe-Lambe” surge como uma homenagem à memória dos fotógrafos Lambe-Lambes e sua significativa contribuição para a história e cultura de Campo Grande.

Sobre

Este curta-metragem, dirigido por Marineti Pinheiro e Rachid Waqued, é um mergulho nas páginas do passado, capturando a magia e a importância dos fotógrafos Lambe-Lambe. Com um lançamento marcado para a próxima quarta-feira, 1º de novembro, no Sesc Cultura, o filme promete reacender a chama das memórias analógicas e destacar a relevância social desses profissionais.

O projeto começou com a descoberta de uma caixa de fotógrafias no acervo do Museu da Imagem do Som, despertando o interesse da equipe. Marineti Pinheiro, coordenadora do museu na época, compartilhou sua experiência: “Fiquei curiosa para descobrir a origem dessa caixa. Então, começamos a procurar informações sobre o doador dela, mas não conseguimos encontrá-lo.”

Foto: Marineti e Rachid juntamente como fotografo lambe-lambe-lambe, Luiz durante a produção do curta-metragem/Reprodução (Marineti Pinheiro)

 

A busca pelas origens levou à descoberta de três fotógrafos Lambe-Lambe de Campo Grande: Arseu, Hugo e seu Luiz. Rachid Waqued, que dirige o filme com Marineti, desempenhou um papel fundamental na descoberta. Com vasta experiência em fotografia e pesquisa na história de Campo Grande, Rachid explicou o porquê do nome “lambe-lambe” no documentário.

Memórias Preservadas

O filme se desdobra como uma narrativa participativa, em que os fotógrafos Lambe-Lambe compartilham suas histórias e memórias. Suas lembranças sobre o processo analógico da fotografia e a importância de proteger o filme da luz proporcionam um vislumbre raro de uma era passada.

Foto: Arceu era um dos principais fotógrafos lambe-lambe em Campo Grande/Reprodução (Marineti Pinheiro)

A equipe do filme mergulha profundamente no contexto social da época, destacando a acessibilidade dos fotógrafos Lambe- Lambe, que eram uma opção mais econômica para a captura de momentos especiais, como a obtenção do RG ou fotos de família. A influência desses profissionais na comunidade é evidente, e o filme mostra isso com uma foto curiosa da primeira turma que recebeu a carteirinha da OAB, que recorreu ao Lambe -ambe para registrar o momento;

“Por exemplo, lembro que fiz minha foto para o RG com um Lambe Lambe na praça, pois era mais acessível em termos de preço e localização. Isso levanta questões sociais sobre quem tinha acesso a esse serviço na época. No filme, incluímos uma foto curiosa da primeira turma que recebeu a carteirinha da OAB. Eles estavam na praça com suas carteirinhas e não havia um local adequado para tirar uma foto de grupo, então recorreram ao Lambe Lambe. Essa foto está no filme.” – Afirma Marinetti.

Além das fotos de documentos, o filme explora a importância de registrar momentos pessoais e celebrações em família, pois nem todos tinham acesso a câmeras naquela época. As histórias e as fotografias, doadas pelas pessoas envolvidas, são um testemunho da influência duradoura desses fotógrafos.

Um Documentário Coletivo e Nostálgico

Foto: Fotógrafo Lambe-Lambe “Seu Luiz” trabalhava na Praça Ary Coelho/Reprodução (Marineti Pinheiro)

 

A criação do documentário foi um processo colaborativo, com ideias e histórias surgindo organicamente durante a produção. A paciência de Miguel Penariol na edição foi fundamental, pois ele precisou acomodar mudanças e adições no decorrer da montagem. A trilha sonora, uma parte essencial da narrativa, foi cuidadosamente criada por Eduardo Martinelli para evocar a nostalgia e a riqueza histórica do período retratado.

 

O curta-metragem é um tributo à memória e à história dos fotógrafos Lambe-Lambe, cujo ofício desapareceu gradualmente da praça Ary Coelho, sendo acelerado pelo impacto da pandemia;

“Entramos em contato com uma dessas pessoas, que doou a caixa que usamos no filme, preservando assim essa memória visual. Com o avanço da tecnologia, a profissão de fotógrafo Lambe Lambe desapareceu gradualmente da praça, e a pandemia acelerou esse declínio.” – Destaca a cineasta.

Marineti ressalta que o Prêmio Ipê de Audiovisual da Sectur foi essencial para a produção do curta-metragem. A equipe do do documentário contou com o apoio de:

– Argumento: Tiago Pedro
– Edição: Miguel Penariol
– Som: Glaydson Mendes
– Arte: Pitter Marques
– Trilha Sonora: Eduardo Martinelli
– Assistente: Anderson Antunes
– Produção: Agatha Pinheiro e Eduardo Medeiros
– Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, representada por Mara Bethânia Gurgel.
– Apoio: Sesc Cultura MS

Serviço

O projeto contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, que possibilitou a realização deste mergulho fascinante no passado e na memória da cidade. A estréia do documentário acontece nesta quarta-feira, 1º de novembro, às 19h e acontecerá no Sesc Cultura, localizado na Av. Afonso Pena, 2270, no Centro. A entrada é gratuita.

Este evento promete nos transportar para uma época em que os fotógrafos Lambe-Lambe eram personagens importantes na democratização da fotografia. Não perca a oportunidade de testemunhar a magia desses fotógrafos e sua contribuição para a história da fotografia e da comunidade.

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