“Dissidentes” aborda temática dos corpos não padrões dentro da dança

Uma dissidência é o ato de discordar de uma política oficial, de um poder instituído ou de uma decisão coletiva. Os indivíduos e grupos que optam pela dissidência são denominados dissidentes. Muitas vezes, porém, ser diferente da maioria não é uma escolha e sim uma imposição da vida. 

Herbert Cleveland é um homem de 31 anos, com 1,96 metros de altura, que desde quando se entende por gente vive limitações de acessibilidade e conforto por ser muito alto. O corpo grande – fora do padrão nacional – destoa, e pensar este corpo dançando é algo que não se formula imediatamente na imaginação. 

A sociedade o rotula como desengonçado, mas ele vai contra e prova que seu corpo consegue fazer o que bem quiser, inclusive dançar. Em 2016, começou a dar seus primeiros passos no projeto de dança de salão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.  

Até 2019 dançava apenas dança de salão. Em 2020 entrei no grupo de acesso da Luminis Cia de Dança e, posteriormente, a fazer aulas de dança contemporânea com o Thiago Viégas, o qual me convidou para esse projeto em específico”, explica ele.

Mariana Calarge Nocetti, de 24 anos, é magra e com quase 1,80 metros de altura, nunca sentiu nenhum tipo de impedimento por ser alta, mas também já foi taxada de desengonçada e desajeitada. “Por isso meus movimentos não parecem tão harmoniosos para o padrão”, comenta ela a respeito. 

Dançarina desde 2017, Mariana, assim como Herbert, compõe a dupla de solistas que se apresentam no projeto “Dissidentes”, e foi convidada por Thiago pela característica de um corpo de mulher magra. A obra aborda a temática dos corpos dissidentes sob a ótica da dança e é dirigida e produzida por Thiago Viégas. 

“Por que um corpo masculino deve ser enaltecido por sua altura? O que existe de fascínio em ser alto? Como isso pode ser replicado a pessoas que não atingem este padrão sem observar o que decorre em um corpo nestas configurações? Este projeto busca trazer o questionamento de forma poética sobre os padrões de corpos eleitos pela sociedade como aceitáveis, belos e carregados de combinações de gêneros impostas aos indivíduos”, explica Thiago.

Este trabalho tem influência nos estudos de Christine Greiner em seus livros “O corpo em crise” e “Leituras do corpo” e foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e Governo do Estado. Ele pode ser conferido na plataforma do Youtube ou diretamente no link da bio do instagram de @ thiagoviegas96.

Sobre Thiago Viégas Ao todo já são treze prêmios e reconhecimentos já conquistados por Thiago Viégas. Além de artista independente/produtor cultural, é dançarino, cantor, ator e compositor. Informações no instagram @thiagoviegas96.

(Da Redação)

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