Cotolengo comemora 27 anos com muros coloridos

Foto: Fotos: Assessoria/Divulgação
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Instituição atende mais de três mil pessoas por mês e para comemorar o aniversário, o artista visual Sullivan de Oliveira grafitou os muros do espaço

A instituição de caridade Cotolengo Sul-Mato-Grossense celebra seus 27 anos de existência no mês de julho. Fundada em 1996, pelo padre Andréa Scaglia, a organização tem o propósito de ajudar pessoas de todas as idades, raça, gênero ou religião que possuem necessidades especiais. Com mais de 3 mil atendimentos realizados por mês, Cotolengo é uma organização sem fins lucrativos e, com a ajuda de voluntários, oferece atendimentos nas áreas de pedagogia, psicologia, fisioterapia, serviço social, nutrição, enfermagem, entre outros.

Com sete anos de dedicação e trabalho social, o padre Valdeci Marcolino, diretor-presidente da entidade, explica à reportagem de O Estado que a proposta da fundação surge com um trabalho da igreja católica por meio da arquidiocese de Campo Grande. O objetivo foi o de fundar uma instituição com um novo modelo de atendimento, mas Valdeci ainda ressalta que tais iniciativas revelaram-se com a necessidade de um atendimento que surgiu em Campo Grande, o que aumentou o carinho e a vontade de efetivar o projeto. “O Cotolengo tem uma história de vida muito bonita, porque ele nasce da necessidade de um atendimento direcionado, em Campo Grande”, relata o padre.

E esclarece como funciona os dois principais modelos de atendimentos do centro, o Centro-Dia e o CER 2 (Centro Especializado em Reabilitação), serviços que propõem atendimentos clínicos durante o dia e desocupa os pais ou responsáveis para cumprir outras tarefas. “A proposta, aqui em Campo Grande, foi construir uma obra com um modelo ‘Centro-Dia’, para que as pessoas que são atendidas na instituição possam passar o dia no centro e à noite retornem para suas casas. Enquanto estiverem no Cotolengo, as pessoas podem ter atendimento com médicos, fisioterapeutas, fonoaudióloga, enfim, são vários atendimentos clínicos fornecidos pelo Centro Especializado em Reabilitação, e à noite retornariam para suas casas. Então, o Cotolengo se torna um espaço de resgate e de resguardo da família com a pessoa com deficiência”, afirma o diretor.

Marcio Luiz Franco Ojeda, voluntário do projeto há 17 anos, conta que conhecer a instituição foi, para sua vida, um encontro de esperança e entusiasmo e que as ações promovidas pelo projeto e toda a missão são verdadeiras demonstrações de amor ao próximo. “Cheguei ao Cotolengo em um momento muito difícil na minha vida, estava meio perdido e revoltado com tudo e com todos. Um irmão que trabalhava comigo me chamou para conhecer a Comunidade Sagrada Família, que fica dentro do Cotolengo e eu e minha esposa aceitamos. Aquele dia, quando pisei os pés no Cotolengo, já senti algo diferente, senti que algo estava acontecendo comigo e me refiro ao meu interior. Aquilo chamou tanto a minha atenção, olha que eu e minha esposa ainda nem tínhamos conhecido o Cotolengo por completo, por dentro, falo dos atendimentos, das crianças.” Marcio é coordenador da comunidade e relata que o verdadeiro acolhimento, na verdade, quem fornece são as crianças. “Elas é que nos acolhem e nos mostram que a felicidade é feita de pequenos gestos e momentos, mas o Cotolengo acolhe não só as crianças, acolhe as famílias, os agregados, é um atendimento completo”, afirma.

A arte e a instituição 

“Imaginar que aquela pintura está nos muros da instituição é muito valioso, pois assim nós podemos participar na história do Cotolengo, do grande Cotolengo. Uma instituição maravilhosa que tem muitas pessoas de bem. O padre Valdeci e todo mundo da entidade é muito maneiro. Eu curti demais passar alguns dias com eles”, comenta o arte-grafiteiro urbano Sullivan, paulistano de nascença, mas há 21 anos sul-mato-grossense por escolha. 

Em Mato Grosso do Sul, o artista é conhecido por trabalhos em parceria com o MotoRoad e a linha de museus de futebol, e acrescenta que, para além disso, realizar a pintura na instituição foi importante, pois integra a cultura de formação dos artistas visuais/plásticos da região, além de o entusiasmar muito. “Com essas pinturas nós podemos potencializar, criar e dividir com a sociedade um pouco das pinturas coloridas. E é também um pouquinho de paisagismo urbano, porque é legal as pessoas verem unidades coloridas por aí e poder provocar, em cada cidadão que passa, o questionamento do porque aquela pintura está ali”, explica Sullivan.

A relação do artista com a instituição começou por meio de conhecidos que apresentaram o projeto e, a partir de então, o profissional se apaixonou pela história da instituição, com os voluntários e com o serviço humanitário que prestam. Foram atos que sensibilizaram o artista e Sullivan ressalta que as pinturas não são presentes, mas um retorno necessário, diante de tantos atos beneficentes. 

“Não resolvi presentear, é que me tocou! É ótimo você poder deixar uma pintura em um legado gigante igual ao do Cotolengo. Um legado histórico que tem grandes pessoas de bem, iluminadas e que trabalham em nome do próximo. São pessoas que estão lá todos os dias, dedicando suas vidas para potencializar a vida de lindas crianças e jovens. Outro ponto legal é que, enquanto estávamos pintando, poder saborear um pouquinho do sorriso das mamães, dos papais que lá levam seus filhos, para poder receber o tratamento que o Cotolengo, essa grande instituição, presta a todos os amparados que lá estão”, afirma o artista.

“Eu sempre digo que o Sullivan traz uma proposta que é a de colorir, de iluminar e deixar o espaço mais leve. Ele começou a fazer alguns projetos conosco, reformas, pinturas, mostrando um pouco que toda cor, toda arte, podem ser de ajuda aos atendidos aqui, do Cotolengo, para viverem com mais tranquilidade. E como é gratificante ver que as famílias chegam aqui e batem fotos, veem essas pinturas dele, também, como uma parte da caminhada do Cotolengo. Na caminhada da vida que o Cotolengo está fazendo, o Sullivan também faz parte, pintando quadros e obras. E isso é muito importante para nós”, declara Valdeci.

 

Trajetória social  

Valdeci comenta que comemorar o aniversário da instituição é sempre importante, pois marcam a parceria que a igreja e o coletivo possuem para construir o trabalho social. “O Cotolengo iniciou há 27 anos, com 40 pessoas sendo atendidas. Hoje, a instituição atende a mais de 600 pessoas mensalmente, são mais de 3.000 atendimentos clínicos. De modo que comemorar é de suma importância porque são celebrações sempre voltada às famílias, principalmente aos atendidos. Ou seja, realizar uma comemoração para lembrar o trabalho do Cotolengo é lembrar as famílias do projeto bonito que é feito aqui. Lembrar também que na instituição se faz caridade e que essas pessoas que chegam aqui são cuidadas e tratadas com muito carinho e muito amor.”

Sobre o presente recebido do artista visual Sullivan de Oliveira, o voluntário responde que a instituição ganhou verdadeiras obras de arte. “Espetacular! Ele conseguiu transmitir toda a sua emoção para fora. Aquelas pinturas são verdadeiras obras de arte”, afirma.

Para conhecer mais sobre os atendimentos e eventos realizados pelo Cotolengo-MS é só acessar a página @cotolengoms, no Instagram.

Por – Ana Cavalcante 

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