Parte da 2° temporada componente do Museu de Arte Contemporânea, Mariana Arndt traz para o espaço da instituição a exposição “Corpo-Resistência” que, na sexta-feira (1° de novembro), às 14 horas, será apresentada através da iniciativa “Rolezinho no Museu – Se fere a minha existência, serei resistência!”, ideia voltada para pessoas maiores de 18 anos que queiram aprender mais sobre a arte contemporânea e a fotografia.
“Acredito que o MARCO já esteja trabalhando para uma democratização da arte. Porém, o trabalho é longo e há muito o que ser feito para que TODOS tenham acesso às exposições realizadas”, explica Mariana Arndt a respeito dos espaços de arte de Campo Grande.
Ocupando e tornando acessível o espaço que é público, a visita guiada acontece com a própria Mariana. “Esse rolezinho no museu será destinado às pessoas que ainda não tenham visitado a exposição e que não tiveram a oportunidade de ir ao Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul para debater sobre a proposta e o processo de criação, a ideia desse movimento é uma troca de experiências entre o público e a artista”, explica.
“Penso que a arte contemporânea é muitas vezes incompreendida. Para que a população do estado, visto que é um museu de abrangência estadual, tenha acesso tanto às exposições, quanto compreendê-las, existe a necessidade de realizar, primeiramente, a possibilidade de locomoção ao local. Questiono-me o motivo de não haver um ônibus específico de linha municipal ‘MARCO/MS’ e gratuito para a população”, comenta a artista.
Ainda sobre as ferramentas de acesso que precisam ser disponibilizadas à população, Mariana destaca: “sem contar o caso das outras cidades do estado que não conseguem chegar ao local. Como faremos para que a população compreenda a arte contemporânea se não existem políticas públicas para que o próprio corpo dessas pessoas esteja presente no museu?”.
“Além de possibilitar o acesso das pessoas à Instituição, elas também precisam conhecer as formas de expor dentro do espaço. Ocupar. Resistir. EXISTIR” aponta a fotógrafa Mariana Arndt.
Fotógrafa, formada em Artes Visuais, Arndt é mestre em Estudos de Linguagens e especialista em História e Cultura dos Povos Indígenas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), além de atuar como professora de Arte do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), campus Ponta Porã. De acordo Mariana, ela acredita que a arte tem o poder de mudar o mundo, ainda que lentamente, porém de maneira constante.
“Estou realizando a exposição “Corpo-Resistência”, com texto crítico da profª Dr. Eluiza Bortolotto Ghizzi, em um momento econômico e político muito difícil para o país. Os discursos de ódio foram legitimados. A violência contra a população negra, indígena, LGBTQ+, periférica, aumentaram. Você já leu, ultimamente, alguma notícia de morte de uma trans? E de um indígena? Negro? Aposto que já e aposto que muitas”, chama ainda a atenção.
Em convite a artista finaliza: “Você ouviu, ultimamente, um comentário misógino de algum “representante” político? Eu já, e muitos! O recado que eu deixo com essa exposição é: VOCÊS NÃO ME REPRESENTAM! Eu, como mulher lésbica e que luta pelos direitos humanos, senti a necessidade de realizar uma exposição como essa nessa idade das trevas que estamos vivendo. Machistas, homofóbicos, transfóbicos, racistas, misóginos, (entre outras tantas nomenclaturas para esses cretinos) NÃO PASSARÃO!”.
Ao final da visita, Mariana realizará um sorteio para levar três pessoas a um barzinho da cidade para um bate-papo informal sobre as artes e a vida. Essas mesmas pessoas sorteadas serão presenteadas com uma obra da exposição para cada. O Rolezinho em 1º de novembro, às 14 horas no Museu é gratuito.
(Texto: Léo Ribeiro)