O projeto cultural ‘Nossas Histórias, Nossa Terra: A Resistência da Família Jarcem’’ conclui seu ciclo de oficinas este mês e convida o público para a Mostra Cultura de Encerramento, no dia 22 de novembro, a partir das 16h, na Esplanada Ferroviária, em Campo Grande.
Contemplado pelo PNAB (Programa Nacional Aldir Blanc), na categoria Culturas Quilombolas, o projeto foi idealizado pela socióloga e pesquisadora Rayanne Jarcem, neta e bisneta de membros da Família Jarcem, para fortalecer a memória coletiva, a identidade quilombola e o sentimento de pertencimento da comunidade, que se encontra desterritorializada de suas terras de origem em Rio Brilhante. As oficinas foram realizadas na Comunidade Quilombola São João Batista, promovendo espaços de escuta e diálogo intergeracional.
Ao longo de cinco encontros, o projeto utilizou a música, a dança, o desenho, a escrita e a oralidade como ferramentas para a reconexão histórica e o fortalecimento identitário, com as oficinas ‘Identidade e Memória’, com Rayanne Jarcem; ‘Música e Dança’, ministrada por Well Batista, que promoveu uma vivênica no Jongo; ‘Resgate de memória ancestral e inventário quilombola’, por Rosana Anunciação Franco; ‘Escrita em Si’, também ministrada por Rayanne; ‘Aquilombamento’, por Jéssika Rabello, que também incluiu uma oficina de bonecas Abayomi.
A Mostra Cultural Jarcem apresentará os resultados artísticos e textuais das oficinas, culminando na criação do “inventário afetivo e cultural” da comunidade. O evento contará com uma programação diversificada que celebra a cultura negra e sul-mato-grossense, com shows de Silveira Soul e Mistura das Minas, apresentação de Dança de Jongo, com participação de Suzy Melo no Atabaque e Feira Criativa e de Alimentação, em parceira com o Laricas Cultural, com objetivo de fomentar a economia criativa local.
Quem é a idealizadora?
Rayanne Jarcem é socióloga e pesquisadora, com formação pela UFMS, mestranda em Antropologia Social e pós-graduada em Terapia Sistêmica e Escrita Criativa. Como neta e bisneta da Família Jarcem, seu trabalho é guiado pela reconexão com sua herança quilombola. Escritora premiada, foi a vencedora do Concurso de Poesias “Oliva Enciso” (2025) da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras com o poema “Padilhas e Mulambos”. É palestrante e ativista, com mais de uma década de atuação em projetos de garantia de direitos humanos e sociais.
Para ela, a iniciativa é também uma jornada pessoal. “Estou aqui me apresentando como neta e bisneta dos Jarcem que chegaram em nossas terras, para que a gente possa retomar tudo o que é nosso”, afirma Rayanne. Ela enfatiza que o projeto é uma forma de buscar a si e suas origens.
“Sabemos quem somos a partir de outra narrativa, sendo inclusive de pessoas brancas, de um coletivo urbano. Então voltar para essa identidade é reconstruir essa história internamente dentro de cada um de nós, poder se fortalecer e identificar essa comunidade para um conjunto, mesmo estando fora desse território” comenta