Comediantes da Capital fazem miniturnê em São Paulo e veem grandes oportunidades para o stand up do Estado

Divulgação/Acervo pessoal
Divulgação/Acervo pessoal

Que a cena da comédia do Estado não para de crescer não é nenhuma novidade. Seja pelos artistas talentosos de nossa terra, ou pelos megaeventos que trazem grandes nomes da comédia nacional, como foi a apresentação de Igor Guimarães (o Boneco Josias), ocorrida em novembro do ano passado. No último fim de semana, três comediantes de Campo Grande foram à capital de São Paulo, onde se apresentaram em importantes espaços de stand up comedy. Junior Manica, Higor Alexandre e Wagner Jean deram show e foram bem recebidos pelos paulistanos.

É Wagner Jean que conta como foi essa epopeia, que deve abrir portas para os comediantes sul-mato-grossenses em Sampa. “Olha a viagem foi planejada. O Junior Manica recebeu um convite para gravar um podcast com o Daniel Paxtorzão, que é uma referência na comédia stand up voltada para o público gospel, por conta do trabalho que o Manica desenvolve. Foi então o Manica perguntou se eu e o Higor Alexandre, não gostaríamos de ir também, onde aproveitamos para dar uma volta nos espaços comedys lá de São Paulo e conhecer de perto a cena no centro da comédia do país. Foi planejado dessa forma”, esclarece Wagner.

Rendendo frutos

As parcerias realizadas no show de Igor Guimarães começaram a render frutos antes de os três amigos embarcarem para a “Terra da Garoa”. “No dia do voo (fomos na sexta feira (14) e ficamos até domingo (16)), nós entramos em contato com a Viviana Freitas, que é a produtora do Igor Guimarães, tanto ele quanto ela fizeram shows conosco no ano passado aqui em Campo Grande, e ela acabou encaixando shows para nós em São Paulo”, relata Wagner.

“Como no domingo o Igor tinha um show no Comedy Sampa, rolou para o Manica fazer o show de abertura, e no sábado como o Luis França tinha um show no Beverly Hills Comedy, que foi a primeira casa de comédia no Brasil (o clube pertence ao Rafinha Bastos, Danilo Gentili e Marcelo Leal), aquela turma toda lá sempre abre as portas para canja, ela me passou o contato do Luis França que foi superreceptivo, literalmente respondendo de forma imediata e me convidou para se apresentar lá”, celebrou o comediante.

De acordo com Wagner Jean, os êxitos conquistados fazem parte de um trabalho gradativo, com muito esforço e dedicação. “Estamos conquistando espaços e isso é um processo gradativo, eu acredito que a comédia não se faz sozinho. Seja na forma de você apresentar, seja na forma de você executar, por conta de produção e tudo o mais, a comédia é coletiva, e esse processo que a gente enfrentou e só foi possível com a abertura de espaço de palcos pra gente lá em São Paulo. Isso foi possível por conta do trabalho que executamos no ano passado aqui. Fazer parcerias com as produtoras locais, com a Realiza e a Esparta e confiar no trabalho que executamos aqui como o show com o Igor Guimarães e a Viviana, no dia 15 de novembro, resultou nessa imagem da cena da comédia aqui em Campo Grande e que quando entramos em contato com eles para avisar que estávamos em São Paulo, prontamente eles encaixaram shows para nós.”

Aqui é o MS!

Os comediantes agradaram aos paulistanos e Jean faz questão de frisar a importância em levar o nome do Estado, além das fronteiras do Centro-Oeste. “A receptividade foi muito boa, conseguimos colher bons frutos dessas apresentações. Fizemos uma mescla, dos três, entre material que a gente já apresentou por aqui e também parte do material que fala sobre o Estado. Nós levantamos e defendemos a bandeira do Mato Grosso do Sul, de enaltecer o nome do Estado que muitas vezes é confundido fora pelos outros Estados do Brasil, e assim, a partir dessas apresentações, creio que teremos mais e novas oportunidades de nos apresentar por lá, não só nos lugares onde a gente já se apresentou, mas em outras casas também.”

Levando mensagens positivas

A comédia pode ser um instrumento de conscientização e Jean coloca em seus textos temas como a importância da população se imunizar contra a COVID-19. “Dá para passar mensagens com a comédia, e foi assim que comecei a brincar que o brasileiro queria ser somelier de vacina, nunca se preocupou com nada e agora querem saber quem fabricou a vacina. No nosso tempo, na infância não tinha escolha não, você estava na escola e lá tomava a vacina. Pegavam você pelo braço, pegavam aquela pistola e pau! Não tinha tempo de perguntar quem era o fabricante, qual era a porcentagem de eficácia e nem nada, é vem cá e pronto”, comenta entre risos.

Segundo Wagner Jean, dá para abordar política nas piadas, sem ofender nenhum dos lados da polarização política. “De vez em quando eu faço umas piadinhas envolvendo o meio político, mas nunca tive problema em relação a isso, nem de um lado nem do outro, mas eu particularmente sou muito de fazer textos momentâneos, textos com as notícias que estão acontecendo naquele momento, pautas quentes, então volta e meia, rola uma do senador que guardou dinheiro na cueca, eleição, sempre faço piada nas eleições, sempre comentando sobre os candidatos, do perfil dos candidatos, mas a gente sempre teve uma devolutiva positiva do público.”

Sobre o cenário da comédia em São Paulo, chamou a atenção de Jean a variedade e quantidade de espetáculos realizados em uma noite, e ele chama a atenção para uma figura importante, que acompanha os shows na cidade. “A cena é tão louca lá em São Paulo que, se a pessoa quiser, ela consegue assistir a até três apresentações no mesmo dia; ela pega uma sessão às 19h, uma sessão às 21h e pega uma sessão 23h30, meia-noite. Chegamos a pegar duas sessões seguidas. Lá em São Paulo tem um senhor, um expectador chamado Seu Paulo, talvez em alguns vídeos da galera lá de São Paulo você veja eles comentando sobre o seu Paulo. Ele praticamente está em todas, roda direto os comedys, todos os comediantes conhecem ele, ele conhece todos os comediantes, e a gente teve o prazer de conhecer o seu Paulo, de apresentar pra ele, foi bom demais.”

(Marcelo Rezende)

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