Monólogo vai de hoje até o dia 26 de janeiro no Teatral Grupo de Risco
Começa hoje (15) no Teatral Grupo de Risco, as apresentações do espetáculo “Esparrela”, que mostra a relação do urubu Arquimedes e seu adestrador Manuel. O monólogo traz a simplicidade por meio do ator, que conta a platéia sua relação intima e visceral e apresenta características dos contos e fábulas presentes na tradição oral.
O texto é do premiado dramaturgo paraibano, Fernando Teixeira, que relata o dilema de um homem expulso da cidade em que morava após uma morte drástica. Decidido, ele ensina uma ave a dançar, com o objetivo de impressionar a população de seu antigo povoado. A narrativa leva o público a lugares, povoados e ações que demarcam o espaço ficcional da narrativa e desvelam a condição animal de Arquimedes.
O Pernambucano de Bodocó, mas campo-grandense de coração desde os quatro anos, Espedito Di Montebranco, é iluminador, diretor e ator, que dirige o Grupo Teatral Palco Sociedade Dramática desde 1995. Segundo Montebranco, mais do que apenas uma história, ‘Esparrela’ faz referência a vida das pessoas no cotidiano. “Desperta o público para a reflexão sobre o aprisionamento que não está na história da ave, mas no dia a dia, ao nosso redor. Muitas vezes estamos aprisionados sem saber, buscamos a liberdade e, quando a temos, não sabemos o que fazer com ela, justamente por não estarmos acostumados a lidar com isso”.
A sociedade está desacostumada a ouvir
Montebranco ainda faz uma observação e lembra que o espetáculo é uma forma de repensar a dinâmica da sociedade atual, onde as pessoas estão mais interessadas em falar, do que ouvir uma boa história. “As histórias contadas pelos avós, aos poucos na área urbana, foram substituídas pela televisão ou pela internet. Temos um ator em cena durante cerca de 40 minutos nos contando uma história, o que já é muito bom. É o exercício da escuta ao qual também estamos desacostumando”.
Com as experiências no teatro ao lado de grandes nomes, como Fernanda Montenegro, Paulo Autran e Antônio Abujamra, Montebranco relembra que todos os artistas tinham o mesmo preceito de que apenas ouvindo o outro, é possível atuar. “Seja o outro o ator em cena, seja o outro na platéia, seja o outro na rua. Temos dois ouvidos e uma boca, é legal ouvir mais e falar menos e isso não acontece nos dias atuais. Temos a necessidade de falar muito e sermos aprovados. Perguntamos o que o outro acha mas queremos que ele dê a resposta que nos achamos. Em Esparrela mostrar o desespero da ave em entender o homem e vice-versa”. E completa. “Creio que o público também sairá com muitas repostas e muitas dúvidas, mas o teatro é para isso, questionar porque temos todas as respostas dentro de nós, só precisamos nos ouvir e ouvir mais o outro”, afirma.
A classificação é 10 anos e as apresentações acontecem do dia 15 a 19 e 22 a 26 de janeiro, às 20 horas, no Teatral Grupo de Risco, localizado na Rua José Antônio, 2170. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência.
(Texto: Julisandy Ferreira)