Cineclubismo é tema de documentário de campograndense selecionada para mostra nacional

(Foto: Divulgação)
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4ª Mostra Cinemas do Brasil será exibida até sábado, em Corumbá

Filmes documentais, experimentais e ficcionais se tornam protagonistas na 4ª edição da Mostra Cinemas do Brasil, que percorre o país com exibições de trabalhos sobre cinemas, cineclubismos e com histórias sobre personagens ligados a sétima arte. As exibições são realizadas em formato híbrido, até o próximo sábado (25). Em Mato Grosso do Sul, a Biblioteca CEU Heloísa Urt, em Corumbá, realiza as exibições das obras.

Com o tema “Um Retrato dos Nossos Tempos”, o projeto exibe filmes que apresentam os cinemas de rua do país, como protagonistas das histórias na tela, além de obras que dialogam com personagens frequentadores desses cinemas, e com ações cineclubistas. Nesta edição, a mostra homenageia o Cinema Rio Branco de Nazaré-BA, um dos mais antigos do Brasil em funcionamento.

Ao todo, foram mais de 100 produções inscritas, de diversos estados do país, sendo que 18 obras foram selecionadas ao final para serem exibidas. Uma das obras escolhidas foi a da campo-grandense Beatriz Saltão, com o documentário ‘Além das sessões: a cultura do cineclubismo em Campo Grande”. Saltão foi a única selecionada de Mato Grosso do Sul para a mostra.

Em entrevista ao jornal O Estado, a estudante e diretora do documentário, disse que não esperava a seleção, já que seu projeto foi realizado no âmbito académico, como um Trabalho de Conclusão de Curso. “A Memorabilia Filmes lançou o edital, em setembro ou outubro, falando que iriam realizar essa mostra em cinemas do Brasil, que é para homenagear curtas-metragens de cinema de rua. E o meu documentário se encaixava exatamente nisso. Era um curta-metragem que falava de cinema de rua. Só que eu não estava ligada nessa mostra. Enviei o necessário e foi isso, e em março recebi um email falando que havia sido selecionada. Eu fiquei tipo, ‘Nossa! Eles escolheram um dos meus, escolheram o meu documentário’. Fique surpresa, já que esse documentário é muito experimental, é bem acadêmico”, explicou.

Orgulho de MS

Mesmo com a surpresa inicial, a jovem se encheu de orgulho por representar o Estado em uma mostra nacional. “Fiquei muito orgulhosa por ter sido a única de Mato Grosso do Sul a ser selecionada para a mostra. Ser selecionada para a mostra me deu uma sensação incrível de que sou capaz, sabe? E me fez acreditar que posso realizar coisas ainda maiores no futuro. Confesso que, às vezes, me saboto um pouco e penso que não sou ‘boa o suficiente’, mas ser escolhida para essa mostra me trouxe uma satisfação imensa e renovou minha confiança, com certeza. Além disso, é uma honra poder representar o meu estado um pouco da cultura que temos aqui”, complementou.

Importância

Os cinemas de rua são conhecidos por fornecer uma democratização do acesso à cultura, com ingressos a preços acessíveis, e uma variedade maior de filmes em exibição, se comparado com as grandes salas de cinema de multinacionais. Entretanto, esse tipo de local caiu em desuso com o tempo, e atualmente a maioria se encontra de portas fechadas.

Para Saltão, a busca da mostra em resgatar a questão dos cinemas de rua é de suma importância, já que ela acredita que esse tipo de cinema, que valoriza temas diferenciados nas telas, está voltando. “O meu documentário mesmo, é voltado para o Mato Grosso do Sul, principalmente Campo Grande. Quando fiz minhas pesquisas, vi como o Estado tem uma cultura de cineclubes, de exibir filmes, de fazer cinema de rua. E essa exibição pode tocar muito as pessoas, ver a cultura do MS sendo apresentada para todo o país. Eu mesma, descobri que o primeiro Cineclube de Campo Grande foi criado nos anos 60, eu não sabia!”, argumentou.

Processos

De um documentário que começou como projeto para a faculdade, até o único a ser exibido em uma mostra nacional, Saltão comentou como foi o processo para criar o projeto e suas dificuldades, como uma cineasta ‘amadora’.

“No início eu não tinha uma câmera, pensei em pegar da faculdade, mas não deu certo, e tive que comprar uma. Tinha muito medo de gravar errado, não saber mexer a câmera. Outra dificuldade é que eu tinha que fazer tudo sozinha, se tivesse ajuda de mais pessoas, eu conseguiria fazer um trabalho muito melhor, com certeza. Outra questão foi a escolha das fontes, delimitar quais cineclubes eu ia falar, porque aqui em Campo Grande tem muitos cineclubes e eu queria falar de todos, mas não é possível.

Acabei escolhendo o Transcine, o Cineclube de Campo Grande, que é o primeiro, o Cineclube Audiovisual da UFMS, o Cinecafé, o Cineclube Cinema Digital, e o Cineclube Cinema de Horror”, explicou.

Para ela, a mostra irá agregar para a futura carreira que ela pretende seguir no audiovisual, após a formação. “Quando eu criei esse documentário, eu criei meio que visando trabalhar mais essa questão audiovisual. Porque, ao longo da faculdade, eu não mexi muito com o lado audiovisual. Quando me formar, eu espero ter um pouco mais desse foco, trabalhar mais essa questão de audiovisual e entrar mais para esse ramo mesmo. Então, eu espero que essa mostra seja uma das primeiras da minha carreira”, finalizou.

Programação

Quinta-feira (23)

9h e 14h
* Cinema de rua Guaxupé (MG)
* Cinelândia Cinelenda (RJ)

Sexta-feira (24)

9h e 14h

* A linha que apagou o Cisne (RJ)
* O desaparecimento dos cinemas de rua no Rio de Janeiro
* Cinema da nossa gente (SP)
* Cinema na escola (RJ)
* Histórias de um avô (ES)

Sábado (25)

13h
* Paradíso de Aníbal (MT)
* O esplendor do subúrbio (RJ)
* Telas que nos restam (PA)
* Cine Theatro íris (RJ)
* Cine Pornô-fragmentos de desejo e medo (RJ)

Os filmes estarão disponíveis gratuitamente no site da mostra: www.mostracinemasdobrasil.com

 

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