A pandemia do novo coronavírus pode ter paralisado muitos projetos, acabado com alguns sonhos e adiado outros. Mas a vida do cineasta, roteirista, diretor, produtor e ator Filipi Silveira está bem longe de ter sido paralisada por tudo que está acontecendo no mundo.
Ele já começou os trabalhos de produção do primeiro longa da carreira, “Até o fim”. O cineasta e idealizar da produtora audiovisual Cerrado’s Filmes conta que o processo de produção foi um desafio, justamente por conta da pandemia que eclodiu em março, logo após o Carnaval. “Como vamos falar de passado sem entrevistar as pessoas das épocas antigas que ainda estão entre nós? Quem disse que os filhos deixaram, os netos e tudo mais? Começamos em fevereiro e março e só entregamos oito meses depois, para ter uma noção da dificuldade”, revelou.
“Até o fim”
Mas as dificuldades foram só mais um fator encontrado ao longo dos 26 anos de experiência com o audiovisual. Foi a experiência acumulada ao longo da carreira que levou Filipi a pensar no tão sonhado primeiro longa.
O filme é o hastear de várias bandeiras tão evidenciadas pela própria pandemia, mas já vinha de um roteiro de 2017. Neste quatro anos, Filipi amadureceu o material e espera pela vacina para a produção começar de fato. A expectativa é começar em abril e ter patrocínio da iniciativa privada. Segundo o cineasta, mesmo com a conquista de incentivo público, por meio do Fmic e FIC, por exemplo, a produção gera muitos custos, mas também empregos. A obra cinematográfica terá toda a produção, direção e elenco de Mato Grosso do Sul.
“Precisamos de muita cosia, muitos profissionais, muitos elementos. Esta é a grande beleza do audiovisual. Cultura não é brincadeira e nem hobby, é geração de emprego. Nos Estados Unidos, o segundo maior PIB é de audiovisual”, pontua Filipi Silveira.
roteiro
Com roteiro de Sergio Virgilio e colaboração de Filipi, “Até o fim” conta a história da protagonista Elias, que retorna a Mato Grosso do Sul para ver o pai doente. O elenco conta com o próprio Filipi, Edilton Ramos, Dalych Cesar, Samir Henrique e a protagonista Cinthya Hussey, que mora em São Paulo, mas tem família aqui no Estado.
“É para falar da busca da individualidade da mulher. Neste processo atravessado por Elis, o filme traz muitas metáforas, que tratam da relação abusiva, alcoolismo, traumas, machismo e perdão. É um filme que, apesar destes elementos, olha para dentro do meu próprio estado. É um filme que vai mostrar como as pequenas coisas também incomodam as mulheres e para o homem enxergar e dizer: ‘Pô! Realmente não é legal’. Estamos em processo de desconstrução e o filme agrega isso”, contou.
Filipi quer fazer um filme de sul-mato-grossense para sul-mato-grossense. “Quero fazer um filme com a cara e DNA daqui. Para o sul-mato-grossense dizer que está se vendo ali, que está se identificando. Vai ter trilha daqui, vários elementos e homenagens culturais de maneira orgânica”, adianta o cineasta sobre a produção.