Carnaval de Campo Grande atraiu milhares de pessoas em quatro dias de festa pelas ruas
O carnaval começou na última sexta-feira (17) em Campo Grande e terminou na terça-feira (21), com os desfiles das escolas de samba realizados na Praça do Papa. Segundo estimativa da GCM (Guarda Civil Metropolitana), os dois dias de festa reuniram 25 mil pessoas, e aproximadamente mil componentes das escolas de samba. Já de acordo com a assessoria do Cordão Valu, o bloco mais antigo da Capital bateu recorde de público para uma só edição, na terça (21), na Esplanada Ferroviária. De acordo com a Polícia Militar, aproximadamente 50 mil foliões participaram da despedida do bloco, da dolia de Momo deste ano.
Para a coordenadora do bloco mais tradicional da cidade, Silvana Valu, a despedida do Cordão, da folia de Momo, foi “linda, e num clima de tranquilidade”, disse, acrescentando que “o carnaval de rua de Campo Grande, merece crescer ainda mais”. Bastante emocionada, em um desabafo, Silvana falou da luta para colocar o Valu na rua. Segundo ela, demanda muita negociação com as autoridades, e um trabalho de conscientização. “Todos precisam entender que, além de ser cultura, o carnaval gera emprego e renda. Portanto, a folia, além de fazer parte da nossa cultura, é também uma questão social e econômica”, ressaltou.
Bloco do Reggae
Já os organizadores dos blocos do Reggae e Farofolia estimam ter atraído um público de mais de 12 mil pessoas nos dias do carnaval.
Fundado em 2011 como “Bloco Sujo do Rockers”, o atual Bloco do Reggae seguiu a tradição de marchinhas, clássicos dos sambas-enredos, maracatu e um pouco do estilo musical reggae. Foi um dos primeiros blocos do carnaval de rua em Campo Grande, sendo o segundo bloco de rua fundado poucos anos após o Cordão Valu.
Além da folia, o bloco tem o objetivo de arrecadar alimentos para comunidades carentes da Capital, e este ano quem recebeu doações foi a CUFA (Central Única das Favelas) de Campo Grande. Já o Bloco Farofolia, voltado ao público LGBTQIA+ realizou pela primeira vez neste ano o bloco de rua, pois antes eram realizados apenas eventos privados.
O bloco do Reggae se consolidou em 2018, após o “boom” na criação de blocos tradicionais, e hoje é formado por integrantes de grupos artísticos, músicos e membros da Associação Reggae MS, que têm como objetivo ocupar praças e bairros da cidade com música reggae, espaço kids e feira de arte e artesanato, por meio do projeto Rockers Sound System.
Segundo o fundador do bloco e presidente da Associação Reggae MS, Diego Manciba, a última concentração presencial do bloco do Reggae foi em 2020, antes da pandemia de COVID-19. Já em 2021, a concentração de carnaval foi em formato livestream (transmissão ao vivo pela internet). Neste ano, o bloco levou alegria ao público reggae no fim de semana de carnaval, homenageando Lincoln Gouveia, fundador da Associação Reggae MS, ex-vocalista da banda Canaroots, e filho do “Lincão Batera” do Grupo Acaba e da Banda Lilás. Aos 39 anos, Lincoln, que foi um dos idealizadores da associação, morreu em junho de 2021 em razão de um infarto. “Ele foi uma peça- -chave no desenvolvimento da cultura reggae e da música autoral de Mato Grosso do Sul”, disse Diego.
Além da diversão, a vendedora ambulante Ivanir pôde faturar um dinheiro extra durante a folia e os apreciadores do estilo reggae. Ela, que aproveitou para vender espetinhos, garantiu um lucro de R$ 400 durante a folia do Reggae. “O bloco me abraçou de uma forma espetacular. Sempre que tem o bloco do Reggae é excelente, pois é um evento muito tranquilo”, conta Ivanir, que vende espetinhos há 11 anos na Capital. Além de trabalhar, a vendedora de espetinhos também aproveitou para curtir a música ao lado da filha. “Eu aproveito dentro da tenda mesmo, danço e é muito gostoso!” ressalta.
Já a bodypiercing autônoma, de 24 anos, Ana Vitória Constâncio, que acompanha o bloco desde 2018, contou que o ambiente é seguro e familiar, inclusive para crianças, e a melhor parte do bloco do Reggae é poder encontrar os amigos e dançar. “Um local aberto e seguro para crianças, o que torna um ambiente muito gostoso e familiar, a melhor parte é encontrar os amigos e poder dançar” afirma.
Este ano, o bloco do Reggae se concentrou na Esplanada Ferroviária, na região do monumento Maria-Fumaça, apenas na sexta- -feira (17), que, segundo o fundador, foi a melhor de todos os anos: “A sexta-feira de carnaval foi a melhor de todos os anos de realização do bloco”, afirma Diego.
Já no sábado (18), o bloco se concentrou na Praça Cuiabá, a pedido da Fundação de Cultura, o que causou confusão em alguns foliões, que procuraram pelo bloco na Esplanada, mas isso não foi um empecilho para a organização, que agradeceu também ao órgão público pela confiança. “No geral foi tudo muito positivo, agradecemos ao órgão público pela confiança que nos foi depositada, o público reggae respondeu com todo seu amor, carinho e alegria nesses dois dias de carnaval”, comenta Diego Manciba. Para 2024, a expectativa é de trazer uma atração nacional no bloco do Reggae. “Uma banda de reggae nacional, que há muito tempo não se apresenta na Capital e no Estado de Mato Grosso do Sul”, afirma Diego.
Farafolia
O bloco Farofolia estima ter recebido pelo menos dez mil pessoas só na sexta-feira (17), primeiro dia de folia, e outras quatro mil pessoas durante os outros dias. “Superou as nossas expectativas, com certeza, foi lindo ver a rua tomada de diversidade e ver que Campo Grande tem espaço para todos os públicos e para todas as manifestações artísticas”, destaca o produtor Thallyson Perez.
O Farofolia levou ao público o show da diversidade, com mais de 20 atrações no palco, entre cantores, DJs, performistas, misses, dançarinos e drag queens. Conforme o produtor do Farofolia, o bloco realizou três edições de esquenta na Estância das Flores, e contaram com lotação máxima e público animado para o carnaval. O bloco não homenageou um artista específico, mas os artistas homenagearam grandes nomes LGBTQIA+ em suas apresentações culturais.
“Esses eventos nos ajudam muito a dar visibilidade à comunidade LGBTQIA+ e seus artistas. Fizemos um verdadeiro show da diversidade levando para o palco, artistas gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros regionais, além de toda uma equipe de staff, produção, recepção e comunicação LGBTQIA+”, explica o produtor do bloco.
O bloco Farofolia realiza o “enterro dos ossos” nesse domingo (26) na Estância das Flores, a partir das 17h, com entrada gratuita. Para conferir toda a agenda, a rede social do bloco é o Instagram: @farofoliacg.
Para conferir a agenda reggae, é só conferir no perfil do Instagram da associação: @a.reggae.ms ou no Facebook: Associação Reggae MS.
Por Lívia Bezerra – Jornal O Estado do MS.
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