Evento celebra sua 25ª edição com oficinas e rodas em Campo Grande
Começou nesta sexta-feira (17) o evento ‘Três Dias Respirando Capoeira Angola’, com programação até domingo (19), na Chácara Santo Sossego, no bairro Chácara dos Poderes. Em formato de imersão cultural, o encontro reúne oito mestres e mestras de renome da arte ancestral afro-brasileira para vivências, oficinas, rodas de capoeira e conversas.
O evento é uma realização do projeto “Três Dias Respirando Capoeira Angola” do grupo Camuanga de Angola. “Nosso propósito é difundir conhecimentos sobre o patrimônio imaterial da Capoeira Angola, promover intercâmbios entre grupos e fortalecer o elo entre cultura, esporte, lazer e saúde na Capital”, afirma o coordenador do Camuanga e idealizador do projeto, Mestre Pequeno.
Convidados e imersão
Neste ano, o evento trará convidados do Rio de Janeiro, Bahia e Campinas, pela primeira vez e conversas com oito referências da Capoeira Angola: Mestre Jogo de Dentro, Mestra Nani de João Pequeno, Mestre Topete, Mestre Limãozinho, Mestra Gegê, Mestre Jaraguá e Mestre Plínio, além do anfitrião Mestre Pequeno.
“O principal propósito é que haja um encontro de trocas de saberes, que podem fortalecer principalmente a capoeira do Estado e da Capital, recebendo mestres que são grandes griôs da cultura popular, da capoeira Angola. Isso reflete na comunidade de capoeira local em geral e também ao público que pode entrar em contato com todas as manifestações que estão dentro dessa cultura de matriz africana, que é a capoeira, é o saber oral, é o saber ancestral, São a musicalidade e todos os ritmos dançantes, como o samba de roda, o samba rural, o samba de chula. Então, são uma riqueza de manifestações que atingem e impactam o público na cidade de Campo Grande”, disse o capoeirista Thiago Carvalho, colaborador do projeto e membro do Camuanga de Angola.
Saberes
Além de fortalecer o movimento local, o evento busca atualizar os saberes culturais da Capoeira Angola e promover o contato direto da comunidade sul-mato-grossense com mestres reconhecidos em todo o Brasil.
“A capoeira Angola é a capoeira mãe, como é reconhecidamente difundida entre todos os capoeiristas. Ela vem de uma linhagem antiga de mestres e mestras, uma capoeira que nasce das senzalas, dos terreiros, das manifestações afro-brasileiras. É uma cultura de matriz africana que preserva sua ancestralidade e inspira todos os outros estilos de capoeira. A capoeira Angola é uma prática de resistência. Ela olha para o futuro pensando nas suas origens, buscando referências. Nós evoluímos a partir do saber ancestral. Para nós é um grande momento de celebração cultural, de afirmação dessa prática de resistência na contemporaneidade”, justifica Thiago.
Pertencimento
O capoeirista acredita que o evento já se tornou parte da agenda cultural de Campo Grande, como celebração e ponto de encontro das culturas de matriz africana. “Esse evento tem como propósito fortalecer o trabalho da capoeira Angola aqui na cidade de Campo Grande. O Mestre Pequeno é o único mestre do segmento desse tipo de capoeira aqui na cidade. Então, ele já entra como uma agenda, uma atração cultural para Campo Grande”.
A iniciativa tem também o papel de consolidar a presença do Mestre Pequeno (José Leandro Leite) e garantir que a tradição siga viva por meio da formação e da troca de experiências com os mestres mais antigos do país.
“A Capoeira Angola é, ao mesmo tempo, cultura, arte e esporte. Ela trabalha o corpo, a história e a musicalidade como expressão de identidade afro-brasileira. É também um espaço de saúde física, mental e espiritual. Dentro do evento, promovemos não só a prática da capoeira, mas também momentos de lazer, samba de roda e valorização das nossas raízes culturais”, complementa Mestre Pequeno.
“Nós da Capoeira Angola gostamos de pensar a Capoeira Angola como um movimento cultural. Ela não é só luta, ela não é só dança, ela não é só expressão, ela é um conjunto de saberes que estão alicerçados dentro disso que a gente chama Capoeira Angola. E dentro disso, a musicalidade é o que dá toda a tonalidade da prática cultural. É uma celebração que além das oficinas, das práticas de vivência, de movimentos e de roda, nós temos também um momento celebrativo, onde a musicalidade dá o tom desse encontro festivo, de alegria, valorizando esses elementos que estão dentro da Capoeira Angola e valorizando esses elementos que são da ancestralidade negra do Brasil. Então para nós é um grande momento de afirmação das nossas práticas festivas afro-brasileiras também”, finaliza Thiago.
Camuanga de Angola
É um grupo de Capoeira Angola atuante em Campo Grande (MS), sob coordenação do Mestre Pequeno. O grupo mantém atividades em diferentes espaços da cidade, como o projeto Camuanguinha, que oferece aulas gratuitas para crianças no bairro Jardim Aero Rancho; na UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; na Central de Comercialização em Economia Solidária; e no projeto Cambuatá, no bairro Jardim Canadá.
“Esse evento contribui diretamente para a manutenção e o fortalecimento da Capoeira Angola no Estado. É um espaço de formação, de articulação entre mestres e de difusão da nossa prática para a comunidade”, conclui Mestre Pequeno.
“Três dias respirando Capoeira Angola” conta com financiamento da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc, do MinC – Ministério da Cultura, do Governo Federal, via edital Secult, Prefeitura de Campo Grande. Informações pelo Instagram (camuangadeangola).
Programação:
18/10 (sábado)
• 08h30 às 10h: Oficina com Mestre Topete
• 10h30 às 12h: Roda de Capoeira Angola
• 12h30: Almoço
• 14h às 15h30: Oficina com Mestre Limãozinho
• 16h às 17h30: Oficina com Mestra Gegê
• 19h30 às 21h30: Roda de Capoeira Angola
• 20h: Jantar
19/10 (domingo)
• 08h: Oficina de Maculelê com Mestre Jaraguá
• 09h às 10h30: Roda de conversa sobre Fundamentos e Ancestralidade com os Mestres Jogo de Dentro e Plínio
• 11h às 12h30: Roda de Capoeira Angola
• 13h: Almoço
A participação no encontro se dá por meio de uma contribuição de R$ 200, valor que ajuda a viabilizar os custos com café da manhã, almoço, jantar e hospedagem (espaço de camping) reforçando o caráter coletivo e de partilha que orienta toda a vivência. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (67) 99268-4334 e/ou 99212-2093.
Por Carolina Rampi
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