Ferramenta é utilizada em projeto de inclusão de pessoas cegas e para conscientizar a comunidade
Proporcionar acessibilidade à arte é o que quis Ralfer Campagna e Jackeline Mourão, bailarinos e idealizadores da mostra “Corpos Transeuntes em Ação”, projeto que apresenta um trabalho de videodança com audiodescrição. A mostra é uma realização da “Plataforme-se”, uma plataforma digital que difunde o trabalho da videodança realizado no Estado. A exibição continua hoje (12) e termina amanhã (13), de forma on-line.
A mostra CTA conta com a exibição de 11 videodanças com audiodescrição, que nasceram a partir de oficinas ministradas pelos idealizadores e por profissionais convidados das áreas da videodança e audiodescrição. Segundo Ralfer, o projeto nasceu em 2019 mas foi se adaptando com a atual realidade pandêmica. “A mostra surgiu como uma forma de discutir a linguagem da videodança, que é algo que nasce do encontro da dança com o audiovisual, mas que vem construindo seus próprios modos de fazer”, explica.
Os idealizadores tiveram o apoio da lei emergencial Aldir Blanc da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) e puderam, então, abrir as oficinas que deram vida à mostra CTA. Pessoas de várias regiões do país participaram do projeto e tiveram aulas com profissionais do ramo da videodança como a campo-grandense Franciella Cavalheri e Marcelo Sena de Recife, de Pernambuco.
Para trabalhar o tema da audiodescrição estiveram presentes a audiodescritora Cândida Abes e a consultora Léia Ferreira, que abordaram sobre o recurso de acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão. Segundo o idealizador da mostra, esta foi uma oportunidade de unir os dois temas. “O projeto tem o intuito de trazer essa pauta para a gente inseri-lo no processo criativo das videodanças”, destaca.
Nos oito encontros on-line, as oficinas foram direcionadas para pessoas com ou sem experiência na linguagem de videodança. “Fomos compartilhando referências teóricas, experiências e exercícios práticos para os/as participantes irem explorando e descobrindo possibilidades a partir do espaço que eles estavam inseridos, dentro das suas próprias casas”, explica Ralfer.
Já no fim dos encontros foi proposto que os alunos criassem uma videodança com base no que vivenciaram. Nessa etapa tiveram auxílio da audiodescritora e da consultora e puderam se aproximar do processo da construção da audiodescrição. Ralfer diz que acredita no projeto porque está sendo realizado por muitas pessoas que entendem muito do assunto.
“São vários profissionais envolvidos que estão pensando ações para democratizar o acesso e incluir públicos que consomem arte, porém que nem sempre são atendidos. Temos muito o que caminhar nesse processo de inclusão social. É uma pauta antiga, porém com pouca atenção e prática nos espaços e eventos no geral. Queremos e vamos dar continuidade nas próximas ações”, destaca o bailarino.
A mostra “Corpos Transeuntes em Ação” conta com videodanças produzidas nas oficinas e algumas criadas anteriormente, todas com o recurso da audiodescrição. A outra idealizadora do projeto, Jackeline Mourão, conta que é importante cada vez mais diminuir as barreiras entre as pessoas e a arte. “Nosso desejo é continuar com esse tipo de trabalho. Tudo o que desenvolvermos queremos tentar trazer a acessibilidade, é algo essencial”, destaca Jackeline.
Serviço:
A mostra continua hoje (12) de forma virtual, a partir das 19h, e termina amanhã (13). Acontece no canal do YouTube da Plataforme-se. Mais informações estão disponíveis na página do Instagram @plataformese.
(Texto: Ellen Prudente)