Oficina faz parte de projeto que busca disseminar audiovisual no interior
Em busca de levar o audiovisual para o interior, o projeto ‘Jornada Cinematográfica: Interior na Tela’ realiza sua segunda oficina do ano no município de Nova Andradina. Ministrada pela atriz, produtora, diretora e cineasta Ligia Tristão Pietro, a ‘Oficina de atuação no cinema – a trajetória da personagem e os desafios do intérprete no cinema’ será realizada nos dia 1 e 2 de fevereiro, com emissão de certificado.
A Jornada Cinematográfica: Interior na Tela é um projeto para capacitar e desenvolver o setor audiovisual em Nova Andradina por meio de sete oficinas, cobrindo áreas como Produção Executiva, Direção de Arte, Direção de Fotografia, Atuação, Direção de Atores e Documentário. O objetivo é democratizar o acesso ao audiovisual, trazendo profissionais experientes de Mato Grosso do Sul para compartilhar conhecimento com produtores locais e estimular uma rica troca cultural.
O projeto iniciou-se em novembro de 2024, com a Oficina de Produção Executiva, com Carlos Diehl. Em dezembro foi a vez da Oficina de Direção de Cinema, ministrada por Thauanny Maíra. No início desse ano, o município recebeu a Oficina de Produção de Documentário, dada por Marineti Pinheiro.
Ainda em fevereiro, o projeto fará mais três oficinas: Oficina de Direção de Arte, com Lizzi Machado; Oficina de Direção de Fotografia, com Fabrício Borges; e Oficina de Pós-Produção, ministrada por Tatiana Varela.
Cada oficina terá um limite de 20 vagas, podendo o/a interessado/a se inscrever em mais de uma opção de oficina. Serão reservadas 50% das vagas para grupos minoritários, incluindo negros, indígenas, pessoas com deficiência, mulheres e LGBTQIAPN+, promovendo equidade e diversidade no aprendizado.
Ligia Tristão Pietro é artista, pesquisadora com o foco em equidade de gênero e diversidade na criação cênica, escritora, teatróloga e cineasta. É vencedora do Prêmio Seu Agripino, sendo considerada Mestre do Saber em Teatro no Estado de Mato Grosso do Sul, Diretora e fundadora do Grupo Casa – Coletivo de Artistas, companhia de teatro, produtora de cinema e audiovisual, editora de livros e escola de formação livre em teatro e cinema, desde 2014. Como diretora e roteirista, assina o longa-metragem ‘Quando a gente se encontrar’, curta-metragem ‘Eleonora’, autora da série ‘Cartas para o fim do mundo’. Como preparadora de elenco, entre os trabalhos mais importantes estão o longa ‘Beatriz Vira-Folhas’ e a série ‘Entre Longes’. Já como atriz, além de inúmeros espetáculos, filmes e documentários, também participou do remake da novela ‘Pantanal’.
Em conversa com o jornal O Estado, Pietro explica que a oficina terá duração de 8 horas, 4 no sábado e 4 no domingo, com trabalho voltado para o corpo do intérprete e encontro com as personagens no primeiro dia e relação com a câmera e construção das cenas no segundo.
“Eu trabalho há 10 anos com uma metodologia que denomino ‘A escuta da Criação’, em que o interprete é completamente ativo de existência em sua relação com a personagem, entendendo que é o seu corpo e sua historicidade que contam a história daquela personagem”, demonstra.
“Trarei para o curso exercícios de escuta de si e das personagens, compondo uma estrutura possível para as cenas que vamos gravar no segundo dia. Será uma vivência de teoria e prática, pensando desde uma preparação até os finalmente da cena gravada e das relações do intérprete com a câmera. A Jessica Santos, diretora de fotografia do Grupo Casa, vai me acompanhar, principalmente no segundo dia, para trocar com a turma as necessidades da câmera e filmar os exercícios de interpretação”, complementa.
Cinema por MS
O mote do projeto ‘Jornada Cinematográfica: Interior na Tela’ é trazer para o município de Nova Andradina o acesso ao audiovisual. Para Pietro, é preciso “quebrar barreiras para fortalecer e multiplicar” com estados e municípios fora do eixo, e fortalecer o território sul-mato-grossense no quesito cultural.
Há demanda, há urgência, há tudo, nosso estado tem muita história para contar e temos muitos artistas incríveis que precisam estar na cena, nas telas, na produção, no mundo. É preciso olhar para os interiores e validar suas potências, tenho certeza que encontrarei pessoas incríveis que a troca será potente demais, inclusive o pessoal do projeto Gema são engajadores constantes da arte. É preciso dar licença para o interior chegar, é nos interiores que as histórias acontecem e que a cultural regional transborda”, enfatiza.
A diretora e atriz ainda acredita que a oficina será um sucesso.
“Precisamos nos colocar em prática, experimentar, fazer, viver trocas e experiencias para que a gente consiga se engrandecer a partir do encontro, do mergulho em si e do mergulho no mundo. O cinema é feito de existência, de histórias que precisam ser contadas, de pessoas que precisam se sentir vivas para fazer com que o mundo se sinta vivo a partir do encontro com elas. Temos uma responsabilidade imensa no fazer cinema, no fazer arte no Brasil, um acordo de ampliar nossa humanidade, de construirmos um mundo possível para todo mundo. Estamos nesse projeto para fazer isso, para crescer, trocar, multiplicar, e compormos juntos um mundo mais possível a partir da arte”.
Resistência na tela
Para quem acompanha o cinema, um dos assuntos mais comentados nos últimos dias é a indicação da atriz Fernanda Torres, e do filme ‘Ainda Estou Aqui’, ao Oscar de 2025. Pietro vê o movimento como emocionante e valioso para o audiovisual brasileiro.
“Sei que a maioria dos filmes brasileiros são feitos sem dinheiro e de forma independente e não se encaixa no “formato” desse filme. Mas acredito que onde chegamos faz com que o mundo ainda assim nos olhe e pense ‘tem cinema ali’ e tem, tem muito, o cinema brasileiro é um cinema de denúncia crua, de resistência, com atores viscerais e lotado de poesias, acho que o maior sucesso desse filme e a parte mais incrível é ver que uma atriz brasileira “chegou lá”. Isso também coloca o olhar sobre nossos intérpretes nos fazendo acreditar no processo. Fernanda Torres nunca parou de trabalhar, de construir seus projetos e sonhos da cena, ‘chegar lá’ é uma consequência de uma vida dedicada com muito amor e responsabilidade a arte”, finaliza,
Serviço: A Oficina de atuação no cinema – a trajetória da personagem e os desafios do intérprete no cinema’ será realizada em dois dias: 1º de fevereiro, das 15h às 19h e 2 de fevereiro, das 14h às 18h, no Centro de Convenções Silvio Ubaldino de Souza, em Nova Andradina. Mais informações e inscrições podem ser feitas nas redes sociais @gema.filmes.
Por Carolina Rampi