Artista e produtor fala dos efeitos da pandemia em seus ofícios

Cenas culturais são reflexo das mentes criadoras de uma determinada região, seja o “mainstream” da arte como indústria ou o “underground” das expressões marginalizadas. Proprietário da gravadora “Linha Dos Versos Home Studio Produção”, o DJ MC produtor, TGB, Bruno dos Santos, sente em ambos os ofícios o reflexo da pandemia da COVID-19.

“Como DJ, tinha vários projetos à caminho. O Latinidades, ao lado do DJ Amarelo Drama, que já tínhamos feito um primeiro evento na BRAVA e tínhamos a agenda do 2º, que seria no Jurema. Já tinha falado com o Fábio Jara, já tinha data e acabamos cancelando porquê o prefeito fez o decreto do isolamento, que não poderia ter eventos e públicos”, explica TGB.

Proprietário Do sebo de discos De vinil “Casa Di Caboclo Vinil e Cia”; DJ e MC Do “Grupo Permuta”, além de representante da “Exclamação Sonora For Beats”, TGB revela que em relação aos trabalhos artísticos: “estamos ainda meio que em ‘Stand-by’. Eu, por enquanto, não fiz nenhuma live minha só como DJ. Saiu só uma live do ‘Permuta’, enquanto eu estou aguardando no estúdio, treinando”.

“Enquanto produtor, no inicio deu uma reduzida no número de clientes, a galera ficou muito assustada pelo lance da pandemia do COVID, mas já no mês de maio começou a normalizar. Estou tomando todas as precauções, atendo no máximo duas pessoas por vez; tem alcool; máscara”, destaca ele sobre os reflexos da pandemia.

De sua história ele cita que: “no começo tem aquele sonho de trabalhar para uma empresa privada e consegui. Estudei, passei em concurso e assumi em 2011. Foi um ano depois, em setembro de 2012 que inicei meu estúdio com essa proposta. Produzir e lançar os artistas locais, que tem muita gente talentosa e boa que não está no meio comercial e vive mesmo o submundo, o underground, e está fazendo um bom som. Não só Rap, mas em todos os estilos. O que eu mais produzo é esse gênero, mas faço também funk; pop; samba; MPB”, diz TGB.

Idealizador do Projeto DJ TGB Convida, iniciado em janeiro de 2019, ele fala que: “foram doze edições, vários eventos, e foi uma experiência maravilhosa a cada mês, cada sensação; cada projeto que tinha ali; cada pessoa que compareceu, não só para cantar, mas para prestigiar. Foi muito louco e para mim, eu aprendi muito. Me deu experiência com público, como DJ, e também na questão de produzir pequenos eventos”.

“Quem vinha de São Paulo me dizia que lá, eventos eram de segunda a segunda e eu, como tínhamos aqui esse costume – agora não mais, dizia que aqui o costume era de eventos na sexta; sábado e domingo. Então eu quis fazer algo diferente e coloquei na quinta-feira, ainda assim começava às 18h, ia até umas 23h, no máximo meia-noite, que precisavam trabalhar no outro dia. Foi uma sensação maravilhosa, muito aprendizado, uma experiência maravilhosa que tive em 2019 com o projeto DJ TGB Convida”, conta ele sobre o projeto.

Permuta

Segundo o grupo formador, “Permuta” é a troca de informação, formação de ideias, projeto que nasceu naturalmente depois de muita sessão de estúdio com trabalhos paralelos (TGB, RCR e Pró-Teste) e convivência. Tem a intenção de construir trabalhos músicais solidos e sempre experimentando o novo. Em 2019 foi lançado o EP PERMUTA, na sua forma mais crua, sem máscaras, como descrevem. “Assim seguimos!
‘Junção de siglas em prol de um objetivo!”, aponta a descrição.

“Permuta foi uma ideia que surgiu do TWK com o RCR, onde a ideia era fazer uma música com esse nome, ou algo do tipo. Eles gravavam comigo no estúdio, já eram amigos e clientes também – hoje são irmãos para a vida. Aí a gente difundiu essa proposta juntos, mas o incio da ideia foi com esses artistas”, diz TGB.

Com músicos independentes da Capital denominando-se família, é através de uma nova relação de arte como trabalho – visando não somente o lucro comercial mas sim o desenvolvimento da alma do artista – que esse cenário cultural se forma e, sobre produzir nesse meio TGB destaca que: “a sensação é maravilhosa. O Rap já vem como algo do gueto, da periferia, de uma série de dificuldades. A origem da ideia é mais ou menos essa, um protesto, uma linguagem de revolta, o sentimento e a poesia através da rima e seus vícios de linguagem’.

“Quando a pessoa tem toda essa bagagem e procura alguém que não tem a experiência nisso, é estranho para ela. Gravar um rap com quem produz um sertanejo, o cara não entende a visão. Agora quando procura alguém que fala a mesma lingua, entra na mesma frequência e sintonia, é muito ‘da hora’. Ela se sente acolhida, bem, quer voltar, gravar e vê que teve a atenção que queria”, ressalta.

TGB complementa dizendo: “pra mim é amor mesmo fazendo. É de coração e é meu também na parte financeira, sim. Mas antes disso vem o amor, em fazer com paixão a ideia e olhar no olho do irmão, da irmã, e ver que ele tá feliz com aquilo. Que realizou um sonho, que conseguiu colocar a revolta, poesia e sentimento na rua”.
“Porque tinha uma pessoa pronta à servir ele e executar todas as ideias que tinha na cabeça, jogar nas máquinas e produzir, fazer aquele bolo crescer e ficar uma parada da hora, gostosa, que a pessoa quer ouvir e se esbaldar daquilo. É louco ver que a pessoa ver que está satisfeita. Chega a ser um sentimento imaterial. Às vezes não é importante para a maioria, mas é para mim, é demais”, finaliza ele.

Você confere o trabalho do TGB nas redes instagram @tgb_brunodossantos
; facebook tgbcgms; Youtube TGB CG MS e SoundClound: djtgbcgms.

(Texto: Leo Ribeiro)

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