Arte com fogo

pirografia

Marcos Ortiz usa a pirografia para registrar ícones regionais e traz 67 obras para exposição aberta ao público na Galeria de Vidro

Artesão há 27 anos, Marcos Ortiz, 45 anos, trabalha com pirografia desde 2005, arte de escrever e desenhar com fogo em materiais como couro, ossos e madeira. O artista traz seu trabalho de 67 obras para a Galeria de Vidro, na Plataforma Cultural da cidade, com a exposição “A História e a Cultura de Mato Grosso do Sul contada através da Pirografia”.

A exposição permanece até dia 7 de junho e conta com obras inspiradas na fauna, flora, cultura indígena, arqueologia e arquitetura regionais.

Marcos conta que o intuito da exposição é mostrar para a população sul-mato-grossense sobre sua própria cultura. “Existe uma carência muito grande sobre esse tipo de informação, quero divulgar a arte do nosso estado e fazer com que esse material de certa forma auxilie as gerações futuras a entender Mato Grosso do Sul”, comenta Marcos.

Os 67 ícones foram retirados do livro “Elementos da Iconografia de Mato Grosso do Sul” do designer italiano Giulio Vinaccia, publicado em 2002, onde ele separa as figuras mais marcantes da cultura local e explica cada uma delas. Junto com a exposição, Marcos reproduziu o livro de Vinaccia na pirografia, que está disponível em formato de e-book na página do Facebook do artista.

Cada obra pirografada exposta foi produzida em compensado de madeira virola de 10 mm, com dimensões de 50×50 cm. Inspirados em elementos regionais, os ícones homenageiam a cultura indígena do Estado, reproduzindo seus grafismos. Algumas obras de Marcos contemplam a beleza dos pictogramas decorativos dos povos terena e kadiwéu.

Ele pirografou também detalhes da fachada da Morada dos Baís, cartão postal da Capital, o azulejo da Casa Paroquial da cidade de Miranda, entre outros. A arqueologia local também foi registrada, nos detalhes de pictogramas e pinturas rupestres. Além da fauna pantaneira como o peixe pintado, tucano de bico amarelo, tuiuiú, piranha, tamanduá-bandeira, também estão presentes ícones de destaque como o vaqueiro pantaneiro, as mãos dos artesãos, o carro de boi, vitóriarégia.

A pirografia é tudo na minha vida, minha arte significa tudo. Essa exposição foi uma maneira que encontrei de me expressar e expressar a beleza da cultura do Estado que não está sendo divulgada. Minha ideia é sempre lançar conhecimento sobre nossa identidade”, comenta.

Marcos começou na arte aos 14 anos, autodidata fazia esculturas em madeira e aos poucos foi evoluindo suas habilidades e experimentando novas técnicas. Quando conheceu a pirografia, soube que esta seria sua vocação.

“A pirografia é considerada uma das primeiras manifestações artísticas na humanidade, já que o ser humano descobriu o fogo há mais de dez mil anos, isso me encanta muito”, destaca Marcos.

Começou a pirografar o bambu a fim de fazer pequenas peças para venda e então o trabalho se desenvolveu. “Comprei o pirógrafo para escrever ‘Lembranças de Campo Grande’ nas peças que eu fazia, mas quando encostei o instrumento na madeira me apaixonei por aquilo lá. A pirografia é uma paixão da minha vida, me colocou no mundo da arte de uma forma extraordinária, tudo o que eu faço é com muito amor”, enfatiza.

Trabalhar com ícones foi ideia de uma amiga artesã, que o direcionou para o trabalho regional, logo quando começou a trabalhar com o fogo, em 2005. Marcos comenta que durante sua carreira passou por muitos desafios para poder viver da arte.

“A dificuldade de trabalhar como artesão é imensa, principalmente aqui no Estado. Mas hoje em dia temos mais apoio da Sectur e da FCMS que nos assessora e lida com nosso trabalho com muito carinho”, destaca Marcos. A exposição “A História e a Cultura de Mato Grosso do Sul contada através da Pirografia” foi contemplada pela Lei Emergencial Aldir Blanc, que tem apoiado Marcos e muitos outros artistas no momento da pandemia.

O próximo passo do pirografista, junto da FCMS, é lançar um desafio para o campo-grandense: “Qual o símbolo mais importante de Campo Grande?”. Eentre pontos turísticos como o Mercadão Municipal, Colégio Oswaldo Cruz, Estação Ferroviária, Igreja Perpétuo Socorro, Maria-Fumaça, Praça das Araras, Morada dos Baís, Museu José Antônio Pereira, Monumento do Cavaleiro Guaicurus, o público vai escolher o mais importante da Capital para se tornar mais um ícone.

SERVIÇO

A exposição de Marcos Ortiz está aberta ao público na Galeria de Vidro, na Plataforma Cultural de Campo Grande, das 7h30 às 13h de segunda a sexta, até dia 7 de junho. A entrada é gratuita.

(Ellen Prudente)

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