Apresentação de ‘Guadakan’ impacta e emociona o público na Capital

Reinaldo Delgado/Moinho Cultural
Reinaldo Delgado/Moinho Cultural

Concebido a partir de mito pantaneiro, dança retrata as dores da maior planície alegável

“A mensagem que eles (bailarinos e Cia. de Dança do Pantanal) quiseram passar, foi passada. É exatamente isso que está acontecendo no Pantanal. Com linguagem corporal, eles passaram a realidade do Pantanal hoje”. Assim, o fotógrafo André Bittar, que tem se dedicado a fotografar o bioma nos últimos três anos, definiu o espetáculo “Guadakan”, apresentado pela Cia. de Dança do Pantanal, na abertura do fórum “Pontes Pantaneiras”, em Campo Grande.

Concebido a partir de um mito guató, “Guadakan” fez a abertura do fórum, considerado o maior evento nacional sobre a conservação e o uso sustentável do Pantanal, que aconteceu até o dia 18, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. Na plateia, a bióloga Simone Mamede se emocionou com o espetáculo, definido por ela como “comovente”. “Sentir o Pantanal, a sua essência e biodiversidade, o respirar do Pantanal foi comovente. Cada movimento pensado pelos bailarinos foi bastante inspirador e emocionante. O momento mais especial foi a sucuri se alimentando e o tamanduá se aproximando”, destacou.

Para a médica-veterinária Cláudia Cotin, é sempre importante ter a arte como forma de reflexão dos nossos próprios atos, enquanto cidadãos. “Achei impactante o espetáculo. Apesar de não ser uma expert no assunto, a forma de dançar, e por mostrar uma certa força na dança, na representação, gostei muito de ‘Guadakan’. É importante para refletirmos sobre nossos atos”, lembrou.

Médica-veterinária e bióloga, Mariana Coelho destacou a entrega dos bailarinos. “Achei impactante e corajosa a forma como foi falado, expressado, por meio do corpo dos bailarinos. Visualmente, é muito bonito o espetáculo, a música, a entrega dos artistas. A gente pensa o quanto eles ensaiaram para estar no palco por tanto tempo, de forma tão sincronizada, tão bonita”, pontuou a espectadora. 

Diante de uma mensagem tão forte e urgente quanto a expressada por “Guadakan”, foi difícil sair da apresentação da mesma forma que chegou. O fotógrafo Diogo Gonçalves, que estava fotografando o espetáculo, conta que, em diversos momentos, se viu impactado pela mensagem de “Guadakan”.

“Todo o espetáculo é incrível. Às vezes, até abaixava a câmera e parava, porque vinham vários sentimentos. A parte mais emocionante foi a dos peixes morrendo. Foi algo que me deixou muito reflexivo. Até parei de fotografar e fiquei sentindo tudo aquilo”, destacou, no fim do espetáculo. 

 

O espetáculo 

“Guadakan” é o último espetáculo produzido pelo Instituto Moinho Cultural Sul-Americano e foi apresentado pela primeira vez em dezembro de 2022, em Corumbá. Desde então, passa por adaptações e já saiu em turnê em Mato Grosso do Sul e também foi apresentado no Rio de Janeiro. Concebido a partir de um mito guató, “Guadakan” leva todos a uma reflexão sobre a importância da conservação do Pantanal, a maior planície alagável do mundo, e faz uma alerta sobre a urgência de ações em prol do bioma.

“Quando se quebram regras, punições serão proferidas. No presente, mais de 17 milhões de animais vertebrados foram mortos”, diz um trecho do espetáculo, que menciona os efeitos das queimadas históricas no bioma, no ano de 2021. Para a diretora-executiva do Moinho Cultural e diretora artística do espetáculo, Márcia Rolon, foi uma honra participar da abertura do “Pontes Pantaneiras”, pois mostra que a mensagem levada pela Cia. de Dança do Pantanal está alcançando seu objetivo

“Guadakan’ foi criado com a intenção de despertar as pessoas. Enquanto não tomarmos medidas certeiras de preservação e conservação do que temos hoje, o Pantanal vai morrer. Quando fizemos o espetáculo, foi pensando nisso. É um discurso poético. Estarmos aqui, hoje, mostra que o discurso está acontecendo”, afirmou. 

O espetáculo conta com a concepção cênica e direção artística de Márcia Rolon, arranjos e adaptação musical de Eduardo Martinelli, interpretação e adaptação do mito por Arce Correia, coreografia de Chico Neller e bailarinos, intérpretes, criadores, iluminação de Espedito Dimontebranco e figurinos de Luiz Gugliatto.

 

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