Isolada durante a quarentena, Cristiana Oliveira, 57, conta que se angustiava com as notícias que lia sobre as queimadas no Pantanal. Em 2020, um quarto de todo o bioma da região (uma área de 40.171 km²) foi destruído pelas chamas. Para a atriz, que há 30 anos parava o Brasil ao interpretar Juma Marruá, na novela “Pantanal”, grande sucesso da extinta TV Manchete, era preciso fazer algo.
No início de dezembro, surgiu a oportunidade. Um biólogo da ONG SOS Pantanal ligou para ela e disse ter uma vaga na expedição que a instituição e outras entidades fariam no local com o objetivo de auxiliar as comunidades ribeirinhas. Cristiana Oliveira aceitou o convite.
Foram cinco noites no Pantanal. Segundo a artista, a vivência na região foi muito impactante e lhe provocou um misto de sentimentos. Por um lado, ela relata que ficou muito sensibilizada ao ver a vegetação queimada e conversar com os moradores que ficaram completamente isolados. “Foi muito triste ouvir o depoimento dessas pessoas, tudo o que eles sofreram, que passavam fome, não tinham nenhuma assistência médica, foram simplesmente abandonados”, diz.
Ao mesmo tempo, Cristiana Oliveira afirma também que foi uma das melhores experiências de sua vida. “Aquele lugar muito isolado mexeu muito comigo, voltei muito mais fortalecida. Sempre fui uma pessoa simples, de dar valor as coisas simples, mas voltei muito mais assim.”
A expedição contemplou comunidades na região de Corumbá e da Serra do Amolar, e a aldeia indígena guató. “Quantas vezes me chamarem para ir, eu vou”, diz. A atriz também conta que deseja mobilizar um movimento para ajudar as mulheres artesãs do Pantanal. “Tem de ser uma coisa muito correta, muito benfeita pelo âmbito legal, não vou criar uma ONG, mas, talvez, um movimento para angariar fundos para dar a essas mulheres um respiro”, diz. A ideia é providenciar um lugar para que elas possam receber os turistas com um pouco mais de estrutura, com ventiladores e espaço para um café.
“O que elas querem é o mínimo, e isso é uma coisa que eu sei que eu posso conseguir.” Juma atualizada Durante a expedição, Cristiana Oliveira afirma que se deparou com “várias Jumas”. Diferentemente da sua personagem de 1990, escrita por Benedito Ruy Barbosa, que era xucra e não conhecia nada do universo urbano (nem a luz elétrica), o que ela diz ter observado no local foram jovens mais atualizadas com o mundo moderno.
Mesmo com dificuldades para acessar a internet, Oliveira diz que elas possuem celular e posam para selfies, ainda que o aparelho não funcione direito ou não seja possível postar as imagens nas redes sociais. “Não tem internet, mas tem parabólica, então, elas veem televisão, sabem o que acontece, e têm uma certa vaidade – claro,tudo é muito simples.”
Oliveira afirma que ficou curiosa, como espectadora, para saber como será a nova Juma, no remake de “Pantanal” que a Globo prepara para este ano. “Eu acho, e é uma coisa muito particular minha, que a próxima Juma pode ter a pureza, a inocência, mas muita coisa, agora em 2021, ela vai saber o que é.”
Karina Matias Folhapress