Os irmãos Coen têm uma das carreiras mais consolidadas de Hollywood. Eles tratam seus projetos com muito carinho misturando o mainstream e aquele toque de cinema autoral que deixa tudo atemporal e bonito, além claro de seu humor extremamente peculiar, muito desenvolvido quando o assunto é a morte. Sim, um tema dos mais recorrentes de Ethan e Joel Coen é a morte, seja ela crua ou até subjetiva, naquele estilo que imaginamos o que acontece com os personagens. 

Em “Um Homem Sério” (2009) vemos uma construção diferente de um homem de meia idade que aceita muita coisa em sua vida como se não tivesse escolha dos rumos que ela toma, seja pela própria apatia perante o mundo ou fatores culturais. Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) é um professor de física do colegial, com dois filhos e que mora em um subúrbio dos EUA em algum ponto dos anos 1960. 

Estamos vendo um recorte de sua vida onde tudo muda, a forma como ele vai aceitando tudo sem refletir, se são as decisões corretas ou tomadas por terceiros são ponto chave dessa história. Micheal entrega um Larry muito seguro de si até certo ponto, e pelo fato de ser judeu sempre busca algumas palavras de sabedoria de seu rabino, o filme se divide em capítulos com os nomes daqueles que podem dar um norte. A frase determinando o tom do filme: “Receba com simplicidade tudo o que acontece em sua vida” do rabino Rashi, desperta uma enorme curiosidade assim como boa parte das obras dos irmãos Coen. Essas pistas inseridas de forma sutil podem nos dizer tantas coisas tanto na construção dessa narrativa, quanto algo para pensarmos pós filme. 

Tudo nesse filme indica uma mudança. Todos os personagens estão nessa transição queiram eles ou não, o que pode indicar talvez os ciclos da vida de alguém que por vezes respinga em nós ao longo de nossas jornadas.

(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)

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