Por KARINE DIAS (JORNAL O ESTADO MS) – Meu chamado para ser doula chegou quando eu estava tentando engravidar há um ano. Comecei a pensar que o que eu sentia era uma vontade de estar perto dos nascimentos, dos bebês, das mães e, talvez, não fosse a hora de ser mãe. Acabou que tudo acabou de uma forma tão perfeita que eu fiz a inscrição para o curso de doula e engravidei na mesma semana. Ouvi o coração da minha filha pela primeira vez no curso. Isso foi determinante para eu continuar nesse caminho. Acredito que nada aconteça por acaso”.
O relato é de Laís Camargo, 31, que, desde 2016, é doula. Seis anos depois de mergulhar na arte da doulagem, ela está chegando aos 50 partos. “Com muita honra e alegria em poder estar junto dessas famílias em um momento tão único”, garante ela, que atuava como jornalista e professora antes de se tornar doula.
Quem também teve uma mudança profissional radical foi a doula Pâmela Castro, 38. Desde setembro de 2018, ela tem atuado como doula. Bióloga de formação, ela conta que sempre teve fascínio por gestações e partos. “Um corpo parir e gestar, por si só, sempre foi muito fascinante para mim. Em 2016, pari minha filha. Foi um parto domiciliar planejado e uma experiência transformadora para mim, em que me senti muito potente e capaz”, relembra.
Essa experiência pessoal transformadora fez com que Pâmela começasse a participar de rodas de relato de parto e compartilhar tudo o que viveu com outras mulheres. “A vontade de compartilhar essa experiência com outras mulheres foi ficando maior. Tinha a sensação de que era algo que queria fazer sempre, mas não tinha caído a ficha que poderia ser doula”, afirma.
Porém, tudo mudou em 2018, quando duas grandes amigas de Pâmela ficaram grávidas. Por já ter A arte de ser Regulamentação doula uma experiência anterior, criou-se uma rede de troca de contatos e dúvidas. No grupo de WhatsApp criado por elas, as amigas mandavam as dúvidas, questionamentos, e Pâmela sempre respondia. Além disso, compartilhava dicas de livros e profissionais. Até que chegou o momento crucial. “Elas me perguntaram por que eu não era doula delas. Uma falou para eu fazer o curso e ser doula delas. Aquilo foi uma virada de chave. A partir daquele momento, pensei: é isso, vou ser doula. A partir daquele curso, tive certeza que era o que eu queria”, relembra.
Pâmela, na época, estava fazendo o pós-doutorado e cursando Medicina Veterinária. Ainda assim, no mesmo ano em que as amigas plantaram nela a semente da doulagem, ela fez um curso de formação. “Em novembro, então, foi o primeiro parto. No começo do ano seguinte, foi o parto da minha outra amiga. A partir daquele momento, falei: é isso que quero fazer na minha vida toda”, conta.
Em 2019, Pâmela concluiu o pós-doutorado, mas continuou cursando Medicina Veterinária. Mas, foi o momento em que decidiu se dedicar exclusivamente à doulagem. Desde o início de 2020, ela trabalha como doula e, no ano passado, se tornou consultora de amamentação também. Já foram 20 partos acompanhados e, agora, está apoiando três gestantes.
Confira esta e outras reportagens na edição impressa do Jornal O Estado de MS.