Feira será realizada entre os dias 3 a 6 de julho
Com o tema “Literatura: as fronteiras e as travessias”, a 8ª edição da Feira Literária de Bonito (Flib) será realizada entre os dias 3 e 6 de julho e já conta com programação de palestras e homenagens. O lançamento oficial da edição acontece hoje, em Bonito.
Flib deste ano buscará explorar as diversas fronteiras que permeiam as letras e a vida, abordando aspectos como gênero, cultura, política, limites geográficos e divisões de raça e etnia. “Consideramos importante que o tema provoque reflexões, alcançando um público mais amplo, que vive e convive com questões decorrentes das fronteiras, não como limite ou disputa, mas como lugar de troca de saberes, de vivências e vizinhanças, como é o caso de Bonito e de Mato Grosso do Sul”, explica a Sectur (Secretaria de Turismo, Industria e Comércio) de Bonito, em nota.
“Ela promete ser um espaço de reflexão e celebração da literatura, incentivando trocas culturais e sociais por meio das palavras e das histórias que atravessam e conectam fronteiras”, pontua Maria Adélia Menegazzo, curadora da feira.
Programação
Alguns nomes de peso da literatura brasileira contemporânea já foram confirmados: Janaína Tokikaka, ilustradora e roteirista, com mais de 20 obras coltadas ao público infantil e juvenil, que desenvolveu séries para a Netflix e Disney Plus; o poeta Douglas Diegues que abordará poesia e literatura nas fronteiras desconhecidas do Brasil com o Paraguai, destacando sua escrita em Portunhol Selvagem; e o premiado escritor Jeferson Tenório trazendo sua experiência como professor, doutor em teoria literária e autor do romance “O avesso da pele”, ganhador do Prêmio Jabuti de melhor romance em 2021.
Entre os homenageados desta edição estão Helio Serejo, reconhecido escritor e poeta de Nioaque; Graciliano Ramos, famoso romancista e cronista alagoano; e Aglay Trindade, escritora aquidauanense que dedicou suas obras à vida pantaneira e suas histórias.
Além das palestras, a programação traz bate-papos com Geovani Martins, conhecido por suas vivências nas favelas do Rio de Janeiro e autor do livro de contos “O sol na cabeça” e o romance “Via Ápia”, e com Socorro Acioli, jornalista e doutora em Literatura, que ganhou o Prêmio Jabuti com “Ela tem olhos de céu” e publicou obras como “A cabeça do santo” e “Takimadalar, as ilhas invisíveis”.
Para promover ainda mais os debates acerca das letras, serão realizadas ainda rodas de conversa com temas variados, como “Mulherio das Letras: atravessamentos poéticos”, mediado por Tania Souza, e “Encontro de representantes dos povos do Pantanal com Kaká Werá”, mediado por Denise Silva. Outros tópicos incluem “A poesia além do limite da voz” com Jô Freitas, mediado por Karina Vicelli, e “Literatura: fronteiras e travessias” com Maria Adélia Menegazzo, Álvaro Banducci e Marcelle Saboya.
A programação traz ainda oficinas especiais, que serão oportunidades de aprendizado em diversas áreas. Susana Ventura, doutora em Letras pela USP, ministrará a oficina “Entrelaçamentos – a Literatura para o público infantil”; a atriz Amarilis Irani conduzirá a oficina “Brincadeiras africanas”, enquanto a atriz e diretora Lígia Prieto liderará a oficina “Escritos cênicos, outras travessias”.
A música também não ficará de fora da Flib. Durante a feira, o cantor e compositor Renato Teixeira apresentará seu show “Estrada eu Sou”, com canções de uma carreira com mais de 40 anos de sucessos. Toda a programação da feira é gratuita.
Polêmica
Ganhador de um prêmio Jabuti, um dos mais importantes para a literatura nacional, o nome de Jeferson Tenório não é estranho para Mato Grosso do Sul. Autor da obra ‘O Avesso da Pele’, que aborda temas como racismo e violência policial, Tenório teve seu livro censurado em escolas do Brasil, inclusive em MS.
Em março, o Estado aboliu o livro de pautas em escolas públicas, pelo uso de palavras de baixo calão, e o livro foi recolhido das escolas, por determinação do governador Eduardo Riedel (PSDB). Deputados do Estado disseram que o livro continha ‘linguagem pornográfica’, e afirmaram ser ‘nojento’. “O avesso da pele” integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), que compra e distribui livros didáticos para escolas públicas no Brasil.
Em suas redes sociais, o autor disse se tratar de fake news e censura. “As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de ‘baixo calão’ e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimentos autoritários que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos”. Após a repercussão negativa, o Governo do Estado retrocedeu a decissão e devolveu os livros as escolas.
Por Carolina Rampi
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