A inovação faz parte do core business dos pequenos negócios inovadores, como as startups. Nos últimos anos, essas empresas têm apresentado cada vez mais soluções para diversos nichos do mercado, entre eles, o agronegócio. Em Rondônia, a empresa Bussola Farm, que atua no ramo do Agro 4.0 da Amazônia, desenvolveu a primeira solução de mapeamento de produção aquícola do mundo, chamada MaPeixe. Com a ferramenta de geolocalização, a startup trouxe inovação para o setor, permitindo que pequenas piscicultoras sejam facilmente localizadas e identificadas no território. Com uso de dados de satélites e inteligência artificial é possível saber se há produção no local, de onde vem o abastecimento de água de rios ou nascentes, além de informações sobre o impacto para o meio ambiente local. Até o momento, a startup já mapeou mais de 22 mil psiculturas no estado de Rondônia, parte do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
No ano passado, a Bussola Farm foi uma das startups selecionadas para o programa gratuito de aceleração InovAtiva Brasil, coordenado pelo Sebrae e pelo Ministério da Economia, que já contribuiu para desenvolvimento de milhares de negócios inovadores de todo país. De acordo com o diretor executivo startup, Kennedy Meira, a empresa tem contribuído para unir os elos da cadeia produtiva da agropecuária. “Percebemos que os pequenos produtores estão tendo acesso gradualmente à tecnologia e o nosso papel é justamente facilitar que essa tecnologia chegue até eles, colocando-os no mapa e dar visibilidade seja para instituições públicas ou privadas, para conseguirem receber assistência técnica, vender seus produtos ou comprar insumos”, explicou.
No mercado deste 2019, a startup também desenvolveu uma nova solução, a MaBoi, com foco no mapeamento de confinamento bovino e pecuária intensiva, facilitando a prospecção de mercado. A partir deste ano, a empresa se prepara para lançar uma plataforma em parceria com o Sebrae no Nordeste para identificar a produção de camarão.
A coordenadora nacional de Startups do Sebrae, Natália Bertussi, destaca as startups têm a inovação como um fator central em sua atuação, tornando-a acessível aos pequenos negócios rurais e também democratizando o acesso. “As soluções de startups ajudam a automatizar diversos processos produtivos, compartilham conhecimento, conectam os produtores e tudo isso contribui para um impacto positivo a esses pequenos negócios”, comentou.
A startup Raízs, de São Paulo, nasceu para revolucionar a cadeia de alimentos com o uso de tecnologia. Considerada uma foodtech, a empresa leva alimentos orgânicos produzidos por pequenos produtores locais para a mesa dos paulistanos. Com uso de algoritmos preditivos, a empresa consegue saber quantas toneladas de alimentos serão vendidos em determinada semana e, com isso, dar previsibilidade de plantio e colheita para o produtor, garantindo renda e cortando intermediários. Na outra ponta, conseguem oferecer alimentos de qualidade superior a preços até 25% mais baixos que feiras e supermercados.
De acordo com a diretora de marketing da Raízs, Bianca Reame, até o momento são em torno de 920 pequenos produtores parceiros. Ela conta que durante a pandemia, os pedidos de alimentos orgânicos pela plataforma duplicaram com um crescimento de consumidores como também de produtores. Em 2021, a empresa registrou crescimento de 200% em relação a 2020, que já havia sido um marco na história da foodtech. Além disso, alcançou a marca de 40 mil clientes em sua base, seja com pedidos avulsos ou assinatura de cestas. “Para ir além do lucro e gerar impacto positivo, a Raízs criou o Fundo do Pequeno Produtor, ao qual destina parte de seu faturamento. O consumidor também é convidado a realizar doações de até R$ 30 para o fundo, inteiramente gerido pelos agricultores. Eles podem usar esse valor para o que bem entenderem: compra e plantio de sementes, investimento em tecnologia etc.”, ressaltou. Para este ano, a Raízs se prepara para ampliar o mercado para cidades como Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.
O Sebrae também tem atuado para o desenvolvimento de pequenos negócios inovadores, como as startups e empresas de base tecnológica. Além de capacitar e prepará-las para o mercado, também tem contribuído para o fortalecimento de ecossistemas locais de inovação de norte a sul do Brasil. Por último, o Sebrae também tem contribuído para aumentar a conexão entre as startups, por meio da inovação aberta. “Uma vez que temos startups e mercado preparados, queremos conectá-los e gerar negócios para ambos os lados. Dessa forma, temos uma série de iniciativas focadas nessas conexões, como Sebrae Like a Boss, Inovativa Conecta, Catalisa MPE entre outras”, ressaltou Natália Bertussi.
Com informações do Sebrae.