“Redução da adubação pode ser saída para alta no custo de fertilizantes”, diz instituto

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Foto: Reprodução/Forbes Brasil

Um dos principais desafios do agricultor brasileiro na safra 2021/22 foi o de adequar o orçamento diante dos expressivos reajustes nos preços médios dos insumos. Atualmente, os conflitos entre Rússica e Ucrânia vêm impactando ainda mais a importação dos fertilizantes para o mercado interno – e as previsões indicam que esta safra será ainda mais afetada pela alta desses produtos.

O governo brasileiro já tinha levantado soluções para o problema, como relatou a titular do Mapa (Ministério da Agricultura e Abastecimento), ministra Tereza Cristina, na semana passada. Entretanto, uma das possíveis alternativas vem do agricultor, com relação à redução da adubação.

De acordo com a Fundação MT (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), inúmeras pesquisas apontam que, ao se ajustar o uso de fertilizantes no campo, nem sempre desfavorece o solo muito menos os resultados produtivos da lavoura. Porém, existem critérios a serem cumpridos.

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Agricultores podem cogitar a redução do uso de fertilizantes com algumas atenções. Foto: Divulgação/Fundação MT

Segundo o pesquisador Felipe Bertol, mestre em Ciência do Solo, o ponto de partida é ter uma assistência técnica de qualidade, pois todas as decisões devem ser baseadas no histórico das culturas trabalhadas e no sistema produtivo da área. “É preciso uma análise de solo e caracterização ambiental muito boa e, a partir daí, temos um mundo a explorar”, pontua.

Conforme ele, monitorar os nutrientes, além dos aspectos físicos do solo – como textura, densidade, infiltração de água –, são fundamentais. Outra orientação é a lógica da poupança. “Se na safra passada o produtor fez o manejo da adubação com a perspectiva de produzir mais, mas em razão das condições climáticas ele produziu menos, então nesta safra é possível aproveitar o que não foi exportado ano passado”, esclarece.

“Mas tem que avaliar qual a dinâmica do nutriente a ser poupado, o papel dele na planta e as características do solo. Estando com sobras, a redução de fertilizantes pode ser feita com tranquilidade, como é o caso de compostos a base de fósforo e potássio”, explica Bertol.

Agora, se o solo for frágil, com textura mais arenosa – como é o caso da maioria das regiões agrícolas brasileiras –, o cientista diz que é necessário ser ainda mais criterioso. “É possível reduzir sim, sobretudo em sistemas produtivos com acidez do solo já corrigida, ciclagem de nutrientes por meio das plantas de cobertura na entressafra e boa cobertura vegetal ao longo do ano. Somente é possível com um bom manejo do sistema”.

Bertol acrescenta que o impacto na produtividade pode acontecer futuramente, caso o agricultor não invista no momento certo para elevar os nutrientes novamente. “Num ano como este, em solos argilosos de alto teto produtivo, se o agricultor tem o histórico, se fez tudo certo, manteve os nutrientes em níveis altos, então possivelmente ele pode trabalhar com redução da adubação. Futuramente, quando a situação econômica estabilizar, deve-se voltar a reinvestir nessa ‘poupança”, brinca.

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