Deve ser divulgado nesta quinta-feira (23) o resultado das análises solicitadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária que investiga a ocorrência de um caso atípico do “mal da vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina), em um animal na região de Marabá, no estado do Pará. Os primeiros exames realizados apontaram resultado positivo para a variedade atípica da doença, agora o ministério aguarda o resultado da contraprova enviada para a realização de exames no Canadá.
Em nota, a pasta informou que todas as medidas estão sendo adotadas pelo governo. “A suspeita foi submetida à análise laboratorial para confirmação, ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis ”. A possível confirmação pelo laboratório canadense, preocupa o mercado. Caso seja confirmado a doença, as exportações de carne bovina para a China devem ser suspensas. A existência de um protocolo sanitário assinado entre os dois países em junho de 2015 obriga o Brasil a comunicar o caso a Pequim e promover um autoembargo nos embarques, com a suspensão imediata das exportações. O embargo pode ser temporário, mas o tempo de duração é indeterminado – e é neste ponto que mora a preocupação de indústrias, pecuaristas e do mercado.
A última vez que um caso de EEB foi confirmado no Brasil foi em 2021. As exportações foram suspensas entre setembro e dezembro daquele mesmo ano, com o preço médio de exportação da carne bovina caindo 20% naquele período. Dois anos antes, 2019, um outro caso atípico foi confirmado, e o protocolo também foi acionado – mas naquela ocasião o embargo durou apenas 13 dias, sem grandes prejuízos à cadeia.
Segundo o analista Fernando Iglesias, do ponto de vista sanitário, casos atípicos de EEB não representam qualquer tipo de risco à saúde pública. Sob o olhar econômico, ele explica que deixar de vender para a China passa a ser um problema, em especial para os frigoríficos com operações restritas ao Brasil.
Em janeiro, as exportações do complexo carnes somaram quase US$ 2 bilhões, recorde para o primeiro mês do ano. A carne bovina correspondeu a US$ 848 milhões e o volume exportado foi de 182 mil toneladas. A China é a maior importadora da proteína, correspondendo a cerca de 57% do valor exportado.
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