A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) apoia a utilização do pó de rocha, insumo já regulamentado no Brasil, para fortalecimento do solo durante audiência pública, na quinta (28), na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal.
O diretor-adjunto da entidade, Reginaldo Minaré, defendeu o uso dos remineralizadores e lembrou que a remineralização, por meio da moagem de rochas e distribuição nas áreas de plantio e pastagens, reproduz mecanicamente o processo que a natureza utiliza para produzir os solos, que é transformar as rochas um pó.
“É um processo que melhora as características físicas e químicas do solo e a microbiota do solo, processo que é potencializado quando utilizado com microrganismos solubilizadores de fosfato e potássio”.
Porém, Minaré ressaltou que, embora o processo de remineralização tenha o mesmo objetivo do uso de fertilizantes químicos, ele não substitui totalmente o fertilizante químico e tem uma logística comercial e de produção muito diferentes.
Segundo ele, a produção é viável em todo o País. No entanto, é uma produção regional que necessita de um modelo de negócio diferenciado. A produção do pó de rocha deve acontecer a uma distância de aproximadamente 300 km do local que o produto será utilizado.
O diretor-adjunto reforçou que o uso desse insumo é promissor, tem impacto positivo para o ambiente e incorpora uma preocupação grande com a melhoria da qualidade do solo. De acordo com Minaré, é uma prática importante, principalmente quando se observa que o fertilizante clássico ainda é pouco produzido no Brasil e que o Plano Nacional de Fertilizantes espera reduzir em até 50% a dependência do País até 2050.
“Hoje somos dependentes de 90% de fertilizantes químicos e o custo de produção está muito elevado, pois aumentou com o desajuste da cadeia de suprimentos e com a guerra. Isso impacta na margem de renda do produtor e no preço dos alimentos. O uso de remineralizadores é algo que pode amenizar a dependência no futuro, reduzir custo de produção e, no médio e longo prazo, contribuir com o melhoramento do solo.”
Minaré acredita que, para o bom desenvolvimento desse mercado, é importante tornar mais previsível o licenciamento ambiental, inclusive com a criação de uma lei que separasse a produção dos agrominerais das demais minerações.
“Outro ponto importante é verificar se este tema está bem contemplado na grade curricular das universidades e escolas técnicas. Pois a assistência técnica ao produtor precisa ser realizada com eficiência, visto que exige uma mudança de cultura dos agricultores que acostumaram com o uso de fertilizantes químicos apenas”.