O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quer usar meios remotos para aproximar os serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater) dos produtores agrícolas. A meta do Programa Ater Digital é que, até 2030, metade dos agricultores familiares tenham acesso a orientações para aumento da produtividade, melhoria dos produtos cultivados e otimização de recursos, por meio de tecnologias de informação e comunicação (TIC).
“O atendimento presencial não consegue abranger todo o quantitativo de estabelecimentos. Ao utilizar a tecnologia, com o emprego de aplicativos para celular, por exemplo, as empresas de Ater podem ampliar o seu alcance, perpassando as barreiras geográficas, conseguindo chegar lá na ponta, no pequeno agricultor. Queremos dobrar o número de produtores atendidos nos próximos dez anos”, descreveu o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, durante o lançamento do programa, em seminário transmitido pela internet.
Se o Programa Ater Digital conseguir atingir a meta, as ações de assistência e extensão terão um público 2,7 vezes maior do que atualmente. Dados do Censo Agropecuário de 2017 indicam que somente 18,2% do total de agricultores familiares em todo o país têm acesso a esses serviços.
Em termos regionais, apenas o Sul está próximo da meta, 48,9% dos agricultores da região contam com a assistência. No Nordeste, a proporção é de 7,3% no Nordeste. No Norte, 8,8%, no Centro-Oeste, 16,4%. E no Sudeste, 24,5%.
O Mapa considera que o atendimento presencial dos agricultores nos moldes tradicionais é inviável pelo custo e logística em todo o território nacional. Mas o acesso à tecnologia digital também é um desafio. Dados coletados pelo Mapa no IBGE indicam que 71% dos habitantes do meio rural têm acesso à internet em casa.
“Nós temos aqueles que têm acesso a essas tecnologias, mas temos muita gente que não tem acesso e que precisa de políticas públicas que cheguem até eles”, reconhece a ministra da Agricultura, Teresa Cristina.
Nos próximos dois anos, o Mapa deverá investir R$ 40 milhões no programa para criar um portal do Programa Ater Digital para compartilhamento de informações e conhecimento, viabilizar a modernização da infraestrutura tecnológica das instituições públicas estaduais de atendimento e extensão rural, financiar o desenvolvimento de aplicativos e a capacitação dos extensionistas (responsáveis por apresentar tecnologias aos agricultores).
Segundo o ministério, cerca de R$ 25 milhões já foram empenhados após chamadas públicas para desenvolvimento de projetos ligados ao programa Ater. Teresa Cristina avalia que a pandemia da covid-19 deixou evidente a urgência do programa. “Achávamos antes da pandemia que isso demoraria muito a chegar. Esse tempo chegou abruptamente. Temos que correr e trabalhar mais para fazer as coisas acontecerem.”, disse.
(Com informação da Agência Brasil)