Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 97% nos casos de COVID-19 em setembro, no sistema prisional. De acordo com o boletim publicado ontem (23) pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) o Estado, que encerrou o mês de agosto com 868 casos, atualmente ultrapassa os 1,7 mil. O crescimento dos números deixa o Estado como o terceiro no país com a maior notificação em presídios.
O juiz da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Mário José Esbalqueiro Júnior, relata que a alta notificação ocorre por diversos fatores, entre eles estão o número de testes realizados e a realidade que existe dentro das penitenciárias.
Esbalqueiro Jr ressalta que a proximidade existente entre os detentos é inevitável e chegou a comparar o sistema com “um transporte público cheio e com pouca ventilação” o que aumenta os riscos de contaminação, já que o novo coronavírus possui fácil contágio e alta capacidade de proliferação.
A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), com fiscalização do judiciário, elaborou um sistema na tentativa de evitar que haja contaminação entre os novos detentos e os que já estão presos.
“Na Capital, todo preso novo passa pelo sistema de triagem e vai para o presídio da Gameleira. Lá é feita uma quarentena de duas semanas, independente de ter sintomas, pois nós sabemos que existem muita gente assintomática. E só então eles serão distribuídos pelos presídios do município”, revelou.
Porém, alguns casos foram notificados dentro dos presídios, o que levou ao aumento significativo registrado no último mês. O juiz da 1ª Vara de Execução Penal destaca que entre as penitenciárias que notificaram esse aumento, estão a de Cassilândia e a Máxima de Campo Grande.
“Em casos que aparecem depois com a doença, os presos são isolados em setores dentro do próprio presídio. Aqueles que tiveram contato com eles também ficam em isolamento, recebem a medicação necessária com auxílio de especialistas e infectologistas”, frisou.
Entre os detentos houve o óbito de um homem, de 50 anos, que cumpria pena por estupro. O senhor possuía sequelas de AVC e passou por complicações durante o tratamento e não resistiu. Ao todo, foram realizados 2 mil testes entre detentos e servidores, estes possuem 181 casos confirmados.
(Texto: Amanda Amorim)