Dados do Prevfogo, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama, apontam que, em 2020, a área queimada no Pantanal já passa de 2,3 milhões de hectares. O Pantanal lidera o ranking de biomas atingidos pelas queimadas, com 12,35% do território incendiado neste ano. Até agora, mais de 25,4 mil focos de calor foram registrados no Pantanal, conforme o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O número é 29% maior que no mesmo período do ano passado. Os incêndios atingiram 1,2 milhão de hectares em Mato Grosso e mais de 1 milhão em Mato Grosso do Sul. De acordo com o tenente-coronel Waldemir Moreira, chefe do Centro de Proteção Ambiental do CBMMS, três fatores servem como gatilho para os incêndios em vegetação: meteorologia, topografia e combustíveis.
“Quando temos temperaturas acima de 30ºC, fortes ventos e uma vegetação extremamente seca [que atua como combustível, as chamas se propagam as mais rapidamente”, ressaltou Waldemir.
Dias mais secos, com umidade relativa do ar abaixo dos 10% também favorecem as queimadas.
Moreira pontuou que agosto foi o pior período de queimadas no Pantanal. Só no lado sul-mato-grossense, 393 mil hectares de vegetação foram destruídos pelos incêndios. Até o dia 10 de setembro, 58 mil hectares já foram atingidos pelos focos de calor. Conforme o tenente-coronel, os municípios de Corumbá, Porto Murtinho e Aquidauana representam 80% do total de incêndios no bioma.
As equipes do CBMMS e do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) tentam, agora, por meio de aceiros, evitar que o fogo atinja a região sul do Parque do Taquari, nos municípios de Alcinópolis e Costa Rica.
Os aceiros são corredores sem vegetação na floresta e servem como muralhas que impedem a transposição das chamas, dessa forma limitando o espaço do incêndio. O trabalho é feito com ajuda de maquinário pesado (tratores, pás carregadeiras, caminhões-pipa) e pelo menos 32 pessoas estão envolvidas diretamente no trabalho de combate aos focos de incêndio.
O contra-almirante e comandante do 6º Distrito Naval, Sérgio Gado Guida, salientou que há pelo menos 21 focos no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Esses focos são ordenados em prioridade, ou seja, em maior quantidade de calor gerado pelo Censipam [Centro Gestor e Operacional do Sistema de
Proteção da Amazônia]”,disse.
Conforme o contra-almirante, os últimos seis focos de incêndio em questão de prioridade estão em Mato Grosso do Sul. Quatro deles são da região de fronteira com Mato Grosso, próximo da Serra do Amolar.
(Texto: Mariana Moreira)