A operação desencadeada pela Polícia Federal na última terça-feira (18) foi um importante passo do órgão para tentar desarticular de vez as rotas de tráfico de armas e drogas abertas e mantidas pelo PCC (facção criminosa paulista que atua em Mato Grosso do Sul) na fronteira do Estado com o Paraguai. Em mãos, os agentes contavam com amplo relatório de atuação de Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, 34 anos, ex-chefão da quadrilha na região e que está preso desde fevereiro de 2019, quando foi capturado em Balneário Camboriú (SC).
Segundo relatórios conjuntos da PF com o MPF (Ministério Público Federal) que O Estado teve acesso, Minotauro mandou no eixo entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã por mais de três anos. E o termo não é mera força de expressão.
Minotauro implantou diversas câmeras pelos principais pontos das duas cidades e uma central de monitoramento na cidade paraguaia, de onde controlava o movimento de veículos e pessoas.
Também organizou um grupo de matadores de aluguel muito bem treinados que, durante pouco mais de um ano, impôs terror na fronteira ao caçar os que atravessaram o seu caminho. Minotauro é suspeito de ser o mandante de quatro assassinatos com tiros de fuzil na região.
O Rei da Fronteira também sabia fazer valer seus interesses com estratégias mais diplomáticas. Minotauro também sabia fazer valer seus interesses com estratégias mais diplomáticas. Quando as circunstâncias exigiam, o chefe substituía fuzis por um artefato mais singelo: canetas Mont Blanc. Com duas delas, edição especial ‘Pequeno Príncipe’, avaliadas cada uma em US$ 900 (cerca de R$ 5,1 mil), presenteou dois integrantes do Ministério Público do Paraguai, um deles chefe da unidade de combate ao narcotráfico no país – e que depois se tornou vice-ministro da Justiça. O nome é mantido em sigilo. Aos integrantes da Polícia Nacional paraguaia e da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), tropa de elite antitráfico do país vizinho, Minotauro distribuía pagamentos mensais, regiamente quitados a cada dia 30, mostra a investigação da PF.
Aos integrantes da Polícia Nacional paraguaia e da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), tropa de elite antitráfico do país vizinho, Minotauro distribuía pagamentos mensais, regiamente quitados a cada dia 30, mostra a investigação da PF. Um total de 11 mandados de busca e apreensão e três de prisão foram cumpridos em Mato Grosso do Sul pela Polícia Federal durante a manhã do último dia 18, na nomeada Operação Além-Mar, que desarticulou de vez as bases de operações de Minotauro em Ponta Porã, de onde é estimado o envio de até 5 toneladas de cocaína por mês para Santa Catarina, São Paulo e estados do Nordeste.
(Texto: Rafael Ribeiro)