Pedro Chaves
A ciência pedagógica é algo construído pela sociedade de cada tempo histórico. Em linhas gerais, ela se ocupa do estudo dos caminhos que facilitam o processo de ensino/aprendizagem de homens e mulheres. Cada organização social busca meios mais eficientes para educar seu povo. Essa é a história da educação até o tempo presente. E há uma busca intensa na direção da melhor escola possível.
Ao longo dos meus quase sessenta anos lidando com educação, tive a oportunidade de trabalhar com vários métodos e técnicas pedagógicas. Eu e meus irmãos nunca tivemos medo de ousar nos projetos educacionais. Nossos professores tinham liberdade para ofertar aos alunos o que havia de mais moderno no campo da pedagogia.
A Mace e a Uniderp são pioneiras na busca de formas modernas e eficientes voltadas para apoiar o processo de ensino/aprendizagem. A orientação aos professores era trabalhar temáticas teóricas e práticas visando à autonomia do aluno como sujeito do seu processo formativo.
Eu vejo com carinho e respeito a introdução de novos métodos e técnicas na educação, notadamente as iniciativas que apoiam o protagonismo do aluno no ambiente escolar e na sua vida concreta. Criar as condições para que o aluno desenvolva todas as suas potencialidades é a missão da escola que ensina e liberta.
O processo de ensino/aprendizagem como conhecemos no século XX não existe mais, ele cumpriu muito bem a sua função no seu tempo histórico, eu sou testemunho do belo trabalho que desempenhou a escola do século passado. Só que as coisas mudaram e a estrutura centrada exclusivamente no professor não responde aos desafios que estão postos nos dias de hoje, em que as estruturas produtivas exigem um novo profissional formado para trabalhar no mundo digital.
O que está acontecendo nos mercados de trabalho e na vida social das pessoas em função da covid-19 está impactando o processo educacional. As escolas caminham rapidamente para modelos de ensino híbrido. O mundo já convivia com a introdução das novas tecnologias no ambiente escolar. O educando que tinha computador ou telefone celular já acessava os conteúdos em qualquer lugar, a qualquer hora e por um preço simbólico, entretanto essas mudanças ganharam muita velocidade nos últimos oito meses.
Não há como prever como vai ser a educação depois da pandemia e o papel do aluno nesse novo normal. O que desejamos é que a política educativa seja mais inclusiva, democrática, solidária e ligada, cada vez mais, às iniciativas do campo da pesquisa aplicada.
Não tenho dúvida de que o processo de emancipação do aluno seguirá em marcha acelerada. Eu sou um homem de muita fé, estou confiante em que a educação será melhor. As aulas pós-pandemia tendem a combinar atividades presenciais com remotas. O aluno vai ter mais liberdade e autonomia para traçar seu itinerário formativo.
O importante é que ninguém fique para trás, que o aluno da escola pública tenha acesso aos conteúdos digitais e o professor seja treinado para ajudar a oxigenar o protagonismo do aluno, o que é indispensável para a efetivação da escola libertadora que forma para o trabalho e para a vida concreta.
Ademais, o protagonismo do aluno é algo para o que o mercado de trabalho olha com muito carinho, mostra que ele é independente, tem foco, decisão, disciplina e capacidade de aprender e buscar soluções individualmente ou coletivamente.
Que o aluno conquiste, cada vez mais, o protagonismo na escola e na vida!
*Economista, educador, empresário e secretário de Estado do Governo de Mato Grosso do Sul.