Marquinhos admite que faltam servidores para fiscalização

Apesar de promessa de reforço nas ações, prefeito admitiu dificuldade

A polêmica que envolve o decreto que entrou em vigor ontem (12) e estabeleceu, até o próximo domingo (16), a proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos pontos de venda como bares e conveniências, ganhou novos capítulos após o prefeito Marquinhos Trad apontar que a prefeitura de Campo Grande não tem fiscais o suficiente para vistoriar toda a cidade.

A decisão de vetar o consumo de bebidas em local público envolve acordo entre a gestão municipal com Defensoria Pública do Estado e (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para evitar a imposição do lockdown por até 14 dias na Capital. Mas, conforme revelou Trad, a medida pode não ter a eficácia desejada.

“Deixei bem claro que a equipe de fiscalização do município não é suficiente. Se, por exemplo, no Tijuca, Verdes Mares, Cabreúva, Zé Pereira, Caiobá [todos bairros periféricos da cidade], se nesses locais estiver uma mesa com três caras bebendo cerveja? Pode acontecer. Não há servidores para dar conta”, disse.

A fala vem contra o que prometia o secretário municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana, Luís Eduardo Costa, que ao O Estado disse ontem que as fiscalizações seriam reforçadas. “Nós estamos se desdobrando ao máximo. Acontece que o corpo de funcionário do município é insuficiente diante da agressividade dessa pandemia”, apontou o prefeito, justificando o investimento em outras áreas.

“Nós tivemos a contratação de quase 1.000 novos profissionais da área da saúde pública, mas não há como contratar 1.000 agentes fiscais, não está tendo receita. Na saúde pública a gente fez o Refis [programa de refinanciamento] e com o dinheiro contratamos. Agora, o aumento de fiscais de uma hora para outra você vai tirar de qual orçamento a verba? O orçamento foi votado em setembro do ano passado, quando ninguém imaginava que estaria em uma situação como essa”, completou.

Ainda de acordo com Trad, a medida tem o objetivo forçar com que comerciantes da área tenham conscientização. “Está havendo muita aglomeração [em conveniências], as pessoas estão indo aos bares tomar sua cervejinha. Eu sugeri impedir a consumação. Eles queriam vetar de vez a venda. Mas eu disse que seria uma medida muito agressiva, sem condições de ser implantada em um curto espaço de tempo. É hora da gente tirar um raio-x na semana que vem, ver como ficou, ver se continua a limitação ou não, estudar. A doença exige esse comportamento da gente, de ir assumindo as medidas conforme as necessidades”, disse. O prefeito ainda reiterou que a medida é válida para restaurantes. “É hora de tomar suco, refrigerante, dar um descanso ao fígado por um final de semana só. Quem quiser beber pode, só comprar e ir andando e bebendo para a casa”, brincou.

Mas haverá reforço na fiscalização?

O titular da Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Gestão Urbana), Luís Eduardo Costa, voltou a falar ao jornal O Estado sobre as fiscalizações para o cumprimento do novo decreto. “As fiscalizações vão se intensificar nas sete regiões da cidade de forma integrada. Será a Semadur junto com a Guarda Municipal e Vigilância Sanitária”, destacou.

Apesar de não saber afirmar o número de agentes nas ruas para essa intensificação, Eduardo reitera que as medidas são para manter as pessoas em casa, evitando ocupação de leitos críticos por pessoas sem COVID. “Queremos que as pessoas se resguardem o máximo possível, que tenham discernimento e respeitem o novo decreto, que foi feito para as pessoas adotarem uma nova forma de se relacionar”, concluiu. O BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito) informou que ainda não foram estabelecidas novas normas de aumento de fiscalização, mantendo-as de quinta-feira a domingo.

(Texto: Rafael Ribeiro com Dayane Medina)

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