Entenda como a amizade pode ajudar pessoas com sintomas de depressão durante o isolamento social
As mudanças de hábito provocadas pelo surgimento da COVID-19 têm impactado não só na saúde física da população, mas também na saúde mental. Ter amigos traz benefícios tanto para a saúde, pois vínculos afetivos despertam as emoções positivas, promovendo bem-estar. O Dia do Amigo, comemorado no dia 20 de julho, é mais uma oportunidade para celebrar e também reforçar os laços de amizade.
De acordo com a professora do Curso de Psicologia da Uniderp Avany Cardoso Leal, ter uma boa rede de apoio pode ser uma forma de combater a depressão. “A presença de amigos, mesmo de forma virtual, ajuda a reduzir a probabilidade desse transtorno se desenvolver e aumenta consideravelmente as chances de cura do deprimido. Pessoas que tem amigos são normalmente mais felizes, entusiasmados e satisfeitos com a vida”, revela a especialista.
Um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgado antes da pandemia, revelou que a depressão é um problema crescente no país e já atinge 11,5 milhões dos brasileiros. Além disso, o levantamento mostrou que, no Brasil, mais de 18 milhões de pessoas sofrem de distúrbios relacionados à ansiedade.
A pandemia tem colaborado para desencadear problemas emocionais, já que esse momento tem gerado um excesso de informações, despertado insegurança, incerteza e medo pelo desconhecido e de ser contaminado e também pelo exigido isolamento social. O momento que estamos vivendo torna ainda mais importante a proximidade com aqueles de que gostamos.
“Todo esse cenário contribui muito para o aumento dos casos de depressão e também de ansiedade e estresse pós-traumático. Por isso contar com os amigos nessa fase pode ajudar a lidar com o momento, que é atípico para todos, e ainda reduzir as chances de depressão”, afirma a psicóloga.
Sinais de alerta da depressão
Reconhecer os sintomas iniciais da depressão é essencial para conseguir ajudar quem passa pelo problema. Entre os principais sinais de alerta estão: irritabilidade, desinteresse, falta de motivação e apatia, desespero, sentimento de vazio, pessimismo, sensação de culpa, de inutilidade e de fracasso, além de baixa autoestima. Falta de ânimo ou energia incapacitante também estão nessa lista.
“A pessoa deve ficar atenta se não se sentir capaz de se arrumar, pentear o cabelo, tomar banho; ou executar pequenas atividades domésticas e de home office, por exemplo. Além disso, ter pensamentos obsessivos, falta ou excesso de sono e apetite, interpretação distorcida e negativa da realidade, dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento também indicam que algo pode estar errado”, explica Avany.
Como ajudar
- Ouça mais e fale menos;
- Mantenha contato constante, mostre que está “presente” ou peça a alguém próximo;
- Tenha empatia e não faça julgamentos. Evite dar sermão, condenar, opinar ou banalizar;
- Não cobre grandes mudanças de hábitos, pois isso desperta ansiedade. Respeite os limites do amigo;
- Use a tecnologia a seu favor. Com ela, é possível reduzir o isolamento por meio de atividades em rede, como jogos e videochamadas, além de ser um meio para leitura, estudos, psicoterapia on-line e um guia para exercícios físicos, o que ajuda a manter a mente ocupada e o corpo em movimento;
- Incentive a consulta com um profissional. Quando os sintomas se tornam graves a ponto de atrapalhar as relações interpessoais de estudo ou trabalho, além das funções vitais, como sono e apetite, está na hora de buscar auxílio de um especialista.
(Texto: Bruna Marques)