O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), afirmou em entrevista ao Poder360 na noite de sábado (24) que pretende chamar as embaixadas dos países que contribuem com o Fundo Amazônia –como Noruega e Alemanha– para uma conversa direta com os governos estaduais que compõem o Consórcio da Amazônia Legal. São eles os 7 estados do Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) mais Mato Grosso e Maranhão.
“Nós dialogamos com o ministro [do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre o Fundo Amazônia]. Eu mesmo me reuni [com ele] sobre o assunto e também já dialogamos pessoalmente com as embaixadas. E convidamos [as embaixadas]para participar do nosso Fórum. Agora, estamos pedindo reunião com as embaixadas para setembro para discutir o futuro do Fundo. Quase todos os estados estão, neste momento, executando projetos com recursos captados pelo fundo via BNDES. É de responsabilidade nossa dialogar com esses financiadores”, disse ele, que é o líder do Consórcio.
Neste mês, Noruega e Alemanha suspenderam os repasses, em descontentamento com a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro. Em resposta, Bolsonaro falou que a Noruega “é o país que mata baleias” e que deveria “dar a grana para a [chanceler] Angela Merkel reflorestar a Alemanha”. De 2008 até hoje, o Fundo recebeu cerca de R$ 3,14 bilhões, sendo 94% da Noruega.
Waldez Góes disse que defende “integralmente” o Fundo Amazônia e falou que se não tiver essa verba, precisará buscar outra fonte de recursos para viabilizar as ações na região –o que não será fácil.
“Se não for com dinheiro do Fundo, vou ter que buscar dinheiro”, afirmou. “Se não for Fundo Amazônia, vou ter que buscar outra forma. Tesouro é muito difícil, porque com todo o problema que país tem passado, não é fácil arranjar R$ 10, 20, 30 milhões”, acrescentou.
O governador disse que ainda não tomou uma decisão sobre pedir ações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em seu Estado. Segundo ele, as queimadas não acontecem no Amapá. Mas ele estuda pedir a medida para trabalho preventivo de monitoramento, controle e fiscalização. A definição sai até esta 2ª feira (26.ago).
“Tudo isso estamos avaliando para não pedir apoio para uma situação que a gente não precisa. Se por ventura a gente não aderir à GLO, vamos solicitar prioritariamente o apoio para aumentar nosso monitoramento para fiscalização, práticas ilegais, mais recurso para meio ambiente, Defesa Civil…”
É esperada uma reunião na 3ª feira, às 16h, no Palácio do Planalto, entre os 9 governadores do Consórcio com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Foi divulgado 1 ofício neste sábado (24.ago) em que mencionam o encontro “em caráter de urgência” e pedem a ajuda federal para combater queimadas e desmatamento, entre outras medidas. O documento fala do estabelecimento de uma agenda permanente para proteção, cooperação e desenvolvimento sustentável da Amazônia.
“O governo federal confirmou a reunião. Esperamos definir melhor essa estratégia conjunta, como iremos trabalhar. Mas também na carta destacamos que é importante na reunião de 3ª saírmos pelo menos com o compromisso, planejamento permanente das ações de monitoramento, fiscalização, combate das atividades ilegais, mas também políticas de desenvolvimento sustentável.”
“Não basta mobilizar o Brasil para debater o desmatamento e continuarmos não tendo política regional para dar alternativas de renda à população. Sinalizamos no documento isso e tenho certeza que a Presidência vai considerar.”
“Os 2 pontos fortes são a união de esforços das entidades federais com as entidades estaduais para combater emergencialmente o desmatamento e as queimadas. E manter o monitoramento permanente e combater práticas ilegais com desenvolvimento sustentável.”
Góes ainda defendeu o retorno de brigadas de incêndio, que, de acordo com ele, teriam acabado em 2017. Ele disse que vai pedir o retorno delas na reunião:
“Existia programa do governo federal administrado pelo Meio Ambiente. Em todos os Estados da Amazônia a gente tinha as brigadas de combate a incêndio. Acho que em 2017 foi acabado. Foram retiradas todas as brigadas –e é [uma medida] muito eficiente. É um pedido que vamos fazer: retornar as brigadas. Imagina se tivesse uns mil brigadistas. É eficiente. Tinha muita gente já preparada.”
A reunião entre os integrantes do Consórcio com presidente e ministro do Meio Ambiente foi anunciada na última sexta-feira (23) pelo governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL). Ao deixar o Palácio do Planalto, ele deu uma entrevista à imprensa em que também contou que solicitou ações de GLO para seu estado. (Poder 360)