O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, anunciou que será criada uma comissão externa para avaliar a situação das queimadas na Amazônia. A situação esquentou de vez com o partido Rede Sustentabilidade, que apresentou ontem (22) o pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O pedido seria protocolado no STF (Superior Tribunal Federal).
Incrédulo com relação às verdadeiras intenções da comissão, o deputado federal Luiz Ovando (PSL-MS) analisou o pedido de impechtment do ministro como injustificável. “Não se justifica e se explica pelo oportunismo de manter agenda de desestabilização do governo”, e concluiu classificando a questão como tentativa da oposição de desestabilizar o Governo Bolsonaro. E o parlamentar, em tom de ironia, sugere que “os paladinos do meio ambiente” sigam para a Bolívia e efetivamente ajudem a apagar o incêndio que está a 150 km de Corumbá.
Outro lado
Favorável à decisão do partido, o vereador Eduardo Romero (Rede), que comunga com as pautas de meio ambiente, faz um adendo sobre o ministro Salles, lembrando que desde a indicação o partido se mostrou contra este nome para comandar a pasta. Romero acrescenta que o atual ministro do Meio Ambiente tem um histórico que é incompatível com o que o Brasil pratica com relação ao meio ambiente. “Tanto é fato que nós saímos da referência de ser um país de destaque com legislação e discussões ambientais inclusive à frente como líderes de várias discussões, como fórum climático, desenvolvimento sustentável; eram temas em que o Brasil liderava discussão e estava se transformando em referência mundial e agora voltamos à estaca zero com esse tema. Então é um nome [Salles] que tem se mostrado inadequado nas questões ambientais.”
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, por sua vez, declarou ontem, em Campo Grande, que o governo do Brasil tem políticas ambientais sólidas e que está sofrendo ataques injustificados com o uso de “falsidades ambientais”. Ele reforçou ainda que as acusações estão sendo feitas por países que não mantêm seus próprios compromissos e o enfrentamento a isto é feito a partir da apresentação da verdade.
Ele reconheceu que vivemos um período com problemas, mas garantiu que eles estão sendo enfrentados. Além disso, afirmou que estamos saindo de um “sono de décadas” e a percepção atual sobre o meio ambiente no Brasil é decorrente da emergência do país, fato incômodo àqueles que não desejam seu crescimento. “Infelizmente, tem algumas forças que resistem a isso e usam essas ‘falsidades ambientais’ para nos atacar injustamente.” Ele não chegou a comentar diretamente o pedido do seu impedimento apresentado pela oposição, mas tem sustentado posições conflitantes em relação a elas, insistindo sempre que os dados sobre queimadas não correspondem à realidade.