O presidente Jair Bolsonaro disse na quinta-feira (16) à noite o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de estar conduzindo o país ao “caos”, disse que querem matar “a galinha dos ovos de ouro”, numa referência ao caixa do governo federal, e sugeriu que há interesse do deputado em retirá-lo do cargo.
Em uma contundente entrevista dada à Rede CNN, ao fim do dia que trocou o ministro da Saúde, Bolsonaro disse que Maia defende uma proposta de socorro aos Estados na qual a conta toda cai em cima do Poder Executivo, que não tem condições, segundo ele, de aguentar todo custo.
O presidente disse que vai atender aos governadores, mas disse que é preciso que haja contrapartida. “Se não, nós vamos matar a galinha dos ovos de ouro”, afirmou, acrescentando que assim o Brasil “vai quebrar” e ficar em situação igual à da Venezuela.
Ao atacar o comportamento do presidente da Câmara, Bolsonaro disse que tem coragem para falar o que disse e que não se preocupa com a popularidade, destacando que 2022, é outra história.
O presidente afirmou lamentar a posição adotada por Rodrigo Maia, que, na sua opinião, resolveu assumir o papel do Executivo. “Ele tem que me respeitar como chefe do Executivo”, disse.
Para Bolsonaro, Maia não pode agir dessa maneira, jogando os governadores contra ele. Disse que o presidente da Câmara resolveu não conversar com mais ninguém, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem mais contato com ele, que se julga “o dono da pauta”.
“Ele quer atacar o governo federal enfiando a faca no governo federal para resolver os problemas de outro lado”, disse. “Parece que a intenção é me tirar do governo”, insinuou.
“Ele está conduzindo o Brasil para o caos. Qual a intenção? Esculhambar a economia para que eles possam vir em 2022”, questionou Bolsonaro, ao classificar de “escandalosas” as medidas que estão sendo aprovadas.
Pouco depois, o presidente da Câmara também deu uma entrevista para a CNN na qual disse que não responderia aos ataques de Bolsonaro, embora tenha mandado uma série de recados.
Para Maia, Bolsonaro adota a velha tática de trocar de assunto, destacando que o povo está assustado porque “perdeu” Luiz Henrique Mandetta, que tinha amplo apoio popular, como ministro da Saúde, demitido nesta quinta por Bolsonaro.
O presidente da Câmara disse que, da parte dele, não há nenhuma intenção dele e da Câmara de prejudicar ou enfrentar o governo. “O presidente não vai ter de mim ataques”, disse. “Ele pode jogar pedras e o parlamento vai jogar flores.”
Maia rebateu os ataques, afirmando que propostas votadas como o auxílio aos informais e a PEC do orçamento de guerra foram discutidas com responsabilidade. Citou ainda seu esforço para garantir a votação da medida provisória do contrato verde e amarelo, que não está relacionada ao coronavírus, mas era importante na estratégia do governo para criação de empregos.
(Texto: João Fernandes com Reuters)