Com aumento da demanda, o preço do ovo atingiu o maior valor desde o início da série histórica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, em 2013. O produto desponta como protagonista da alta nos preços dos alimentos após o início da pandemia de coronavírus.
O choque de preços dos alimentos, que já se reflete em índices de inflação, foi iniciado com a corrida aos supermercados antes do começo do isolamento e se mantém em um período de empobrecimento da dieta em famílias de baixa renda mais afetadas pela crise.
Proteína barata, de fácil preparo e durável, o ovo é usado por famílias de baixa renda como substituto de carnes mais caras. O cenário de alta retrata bem as mudanças de hábito do consumidor, que passou a realizar as refeições em domicílio após o isolamento.
A consultora do Cepea Juliana Ferraz diz que a demanda neste período é normalmente aquecida, por causa da quaresma, período em que algumas famílias evitam o consumo de carne vermelha.
“Só que esse ano, essa alta foi ainda maior por conta da pandemia, que gera uma certa apreensão no consumidor”, conta ela. “Houve demanda muito grande nas duas últimas semanas e acabou refletindo na alta de preços.”
O consultor Carlos Cogo, da Inteligência em Agronegócios, lembra que o consumo já vinha crescendo no fim do ano passado devido ao aumento do preço da carne bovina, mas acelerou novamente este ano. Em 2019, o consumo foi de 230 ovos por habitante. No primeiro trimestre, em taxa anualizada, chegaria a 235.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço do ovo subiu 4,67% em março, o quinto maior aumento entre os itens de alimentação no mês, quando o IPCA foi pressionado pela alta de 1,13% nos preços dos alimentos e bebidas.
(Texto: Karine Alencar o Notícias ao Minuto)