A greve de funcionários da Santa Casa de Campo Grande provocou mudanças nas regras de visitação a pacientes a partir de segunda-feira (22). Enquanto durar o movimento, cada paciente poderá receber apenas um familiar por dia, exclusivamente no período da manhã, às 11h. As visitas nos períodos da tarde e da noite estão suspensas.
De acordo com comunicado da instituição, o acesso de visitantes ocorre somente pela porta de vidro localizada no térreo da Santa Casa, sem exceções para outros horários ou entradas. As visitas seguem autorizadas tanto para pacientes internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) quanto nas enfermarias. Já no setor de trauma, o hospital determinou que a entrada de familiares seja feita pela porta específica da área, sem acesso pelo térreo.
As restrições foram adotadas em razão da paralisação de profissionais da enfermagem, médicos e equipes de apoio, que protestam contra o atraso no pagamento do décimo terceiro salário. Os trabalhadores rejeitaram a proposta de parcelamento do benefício em três vezes e cobram a quitação integral antes do Natal.
Segundo sindicatos que representam as categorias, cerca de 70% do efetivo permanece em atividade, enquanto aproximadamente 30% aderiram à greve. O percentual, acima do mínimo exigido em lei, tem como objetivo evitar desassistência aos pacientes e garantir a manutenção dos serviços essenciais.
Na manhã dessa segunda-feira, cerca de mil funcionários participaram de um protesto em frente ao hospital e percorreram ruas do entorno. Com cartazes e palavras de ordem, os trabalhadores cobraram o pagamento do 13º salário e criticaram a gestão da instituição. As manifestações continuaram nesta terça-feira (23), com concentração desde as primeiras horas da manhã, uso de apitos, panelas e protestos no principal acesso ao hospital.
Funcionários acionam a Justiça
Assim como os médicos, os demais funcionários da Santa Casa ingressaram com ação judicial para cobrar o pagamento integral do décimo terceiro salário. A ação coletiva foi protocolada na noite de segunda-feira (22), em nome da enfermagem e de setores como administrativo, almoxarifado e limpeza.
Segundo o presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Lázaro Santana, o pedido foi feito com tutela de urgência, prevendo multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento. De acordo com o sindicato, a medida judicial não interfere na mobilização, que segue mantida.
Os empregados afirmam que não aceitam o parcelamento do benefício e esperam o pagamento integral. Parte dos trabalhadores permanece nos atendimentos e serviços essenciais para reduzir impactos imediatos aos pacientes.
Crise financeira e posicionamento dos médicos
A presidente da Santa Casa, Alir Terra, que assumiu a gestão no início de 2023, afirma que a dificuldade é crônica e decorre do desequilíbrio econômico do contrato e de atrasos em repasses para o atendimento público. Segundo ela, o hospital não dispõe de recursos no momento e aposta na possibilidade de contratação de um empréstimo bancário para quitar a folha, alternativa que pode levar alguns dias para se concretizar.
A instituição sustenta que não tem condições financeiras de pagar o 13º neste momento. Já o Governo do Estado nega responsabilidade pelo pagamento do benefício e afirma que os repasses contratuais à Santa Casa estão em dia.
Em assembleia realizada na noite de segunda-feira, no Simmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), os médicos decidiram não entrar em greve, apesar do atraso do décimo terceiro salário. A categoria optou por acionar a Justiça para cobrar os valores e também rejeitou a proposta de parcelamento em três vezes, previstas para janeiro, fevereiro e março de 2026.
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