Natal 2025: Lojas físicas recuperam protagonismo e devem movimentar R$ 194 milhões nas compras de fim de ano

FOTO: ROBERTA MARTINS
FOTO: ROBERTA MARTINS

Pesquisa da CDL revela mudanças no comportamento de compra e aponta um Natal marcado por confiança maior no varejo presencial

Campo Grande inicia dezembro com um indicador que o comércio local aguardava há anos: a volta de um Natal consistente, com fluxo ampliado de compradores, tíquete médio em alta e uma confiança inédita na loja física. Levantamento realizado pela CDL Campo Grande em parceria com o SPC Brasil, divulgado nesta segunda-feira (1º), mostra que o consumidor campo-grandense chega ao fim de 2025 disposto a comprar presencialmente e antecipar decisões de compra.

O estudo, que ouviu 210 consumidores das sete regiões urbanas entre 26 e 29 de novembro, aponta que 72,4% dos entrevistados pretendem adquirir presentes neste Natal — uma variação positiva sobre o ano passado. Mais relevante, porém, é a predominância da compra presencial: 77,5% dizem que vão às lojas. Para o presidente da CDL Campo Grande, Adelaido Figueiredo, esse comportamento confirma uma virada estrutural.

“A loja física voltou a ser um ambiente de confiança. O campo-grandense quer ver o produto, quer comparar e quer sair com o presente na mão. Quem entende essa dinâmica larga na frente”, afirma.

Entre os fatores que explicam esse movimento, está também a busca por segurança no processo de compra, especialmente após o aumento de golpes pela internet. A consumidora Rosângela Silva, por exemplo, diz que passou a evitar sites desconhecidos depois de ter sido vítima de fraude.

“Eu prefiro ir comprar pessoalmente no centro mesmo, até porque caí em um golpe recentemente. Eu estava procurando por uma panela na época, achei um site de um anúncio que estava bem convincente e comprei. Depois de muita demora para entregarem, descobri que se tratava de um site falso. Desde então tenho optado por comprar presencialmente ou só em sites que têm aplicativo, onde eu sinto mais segurança. Eu prefiro ir e olhar, porque a gente vê se o produto vai servir mesmo, tem menos chance de comprar errado”, relata.

Estimativa
O tíquete médio esperado para este ano é de R$ 616,48, alta real de 4,5% em relação a 2024. Com base nessa projeção e no tamanho da população economicamente ativa da Capital, estimada em 650 mil pessoas, a CDL calcula que as compras natalinas devem injetar R$ 194,37 milhões na economia local. Em cenários de maior tração — caso as lojas operem com estoque robusto, comunicação de massa e condições de pagamento competitivas — o movimento pode se aproximar de R$ 230 milhões. Desse total, ao menos R$ 150 milhões devem se concentrar exclusivamente no varejo físico.

O ambiente macroeconômico tonifica a leitura otimista. A expectativa de Selic a 11,25% reduz o custo do parcelamento e reabre espaço para compras mais longas. O avanço de 6,8% da massa salarial real amplia o alcance de consumo da classe C, público central no Natal. No mercado local, o emprego formal segue em trajetória de expansão, com resultados positivos mês após mês. E, em uma combinação rara, a inflação de itens que lideram o período — roupas, calçados, cosméticos e brinquedos — permanece abaixo do índice geral.

Pagamentos “queridinhos”
O pagamento parcelado continua sendo o principal motor da conversão: 79,5% pretendem dividir as compras no cartão, e 91% consideram ideal poder parcelar em até 12 vezes sem juros. O PIX ainda aparece como opção complementar, escolhido por 11,8% dos entrevistados, especialmente quando associado a descontos que chegam a 12%. Essa combinação — crédito sem juros e incentivo ao pagamento imediato — deve marcar a estratégia de preço do varejo durante todo o mês.

Outro ponto que chama atenção é a percepção de transparência. A maior parte dos consumidores afirma confiar mais nos descontos das lojas físicas do que nos oferecidos on-line. Para a CDL, isso mostra a importância de práticas claras de precificação e sinalização de ofertas. “O consumidor de Campo Grande é muito atento. Não aceita inflação de preço na véspera de promoção. Quando a loja trabalha com etiqueta dupla e preço honesto, ela ganha credibilidade e fideliza”, diz Adelaido.

Com a demanda aquecida, o comércio já opera sob cronograma acelerado. Lojas anteciparam contratações, reforçaram equipes de atendimento e ampliaram investimentos em comunicação. A expectativa é de que o fluxo se intensifique já na primeira quinzena, incentivado pelo início do pagamento do 13º salário e pela combinação de preços competitivos com estoque renovado.

O cenário para este ano abre, segundo a entidade, uma janela rara de oportunidade. Não apenas pelo volume de recursos que deve circular pela Capital, mas pelo comportamento mais calculado do consumidor, que decide mais rápido, evita deslocamentos longos e prioriza lojas que ofereçam variedade, parcelamento, embalagem de presente e atendimento qualificado. “Nós temos um Natal com dinheiro circulando e um consumidor mais decidido. Quem preparar a vitrine, tiver equipe treinada e comunicar bem, cresce”, conclui Adelaido.

Por Djeneffer Cordoba e Gustavo Nascimento 

 

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