‘Onde Dourados se faz Arte’ traz artistas de MS para Capital

Foto: Reprodução
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Serão 10 artistas independentes com obras em diversas linguagens artísticas

 

Com objetivo de deslocar a visão do público sul-mato-grossense para além da arte em Campo Grande, o MIS (Museu da Imagem e do Som) recebe a exposição ‘Onde Dourados se faz Arte’, que destaca a força artística que pulsa no interior do Estado. Com curadoria de Sara Welter, a exposição apresenta obras de dez artistas independentes de Dourados: Lumar, Gi Brandão, Cristhian Vieira, Kint, João Paulo Martinez, Aline Kuñatai Yvotyju, Treze, Gabriel Leal, Beni Tatua e Tom Kyo.

A mostra nasceu para revelar as tantas potências artísticas que existem e resistem no interior do estado. Dourados, segunda maior cidade do MS, aparece aqui não apenas como território físico, mas como um conjunto de forças poéticas, políticas, culturais e afetivas que formam uma cena rica, diversa e frequentemente silenciada.

Um dos participantes da exposição é o artista, diretor de teatro e professor Antonio Rosa, conhecido como Treze. Suas produções são os ‘Cervos do Pantanal’, onde ele mistura técnicas do Op Art com o Pop Art.

“Comecei agora a pintar telas, antes fazia somente murais na rua, que é onde eu tenho um grande movimento artístico. Trabalho também com teatro de rua acessível em libras, mas nas minhas artes eu tento misturar linguagens artísticas, trazendo movimento e aproximando as pessoas”, explica.

“Nas artes visuais, em especial, escolho trabalhar com cores opostas complementares, para trazer uma leveza ao olhar do público e também questionar a ambiguidade das cores e da imagem; sempre tento retratar oposição, um exemplo disso é a imagem do cervo que, ao mesmo tempo, que é belo, aparenta ser um animal fofo, pode ser extremamente agressivo e territorialista”, complementa.

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Do interior para a Capital

Os artistas trazem linguagens que atravessam pintura, fotografia, performance, grafite, intervenção urbana, design, arte indígena contemporânea, tatuagem e experimentações híbridas, evidenciando que é nas margens, nos becos, nas aldeias, nas ruas, nos ateliês improvisados que a arte se mantém viva em Dourados.

Morador de Dourados há dez anos, Treze destaca como que a pluralidade é a definição dos artistas do município. “É uma cidade na fronteira, que possui a maior aldeia indígena urbana do país, com duas universidades públicas. Vejo que os artistas de Dourados se acolhem e trocam conhecimentos, cada um dentro do seu estilo. Existe um respeito muito grande aos estilos de arte, onde os artistas se apoiam e se incentivam a crescer; eu comecei no teatro e fui migrando para as artes visuais por incentivo dos meus colegas das artes visuais, nunca senti uma representação ou exigência, sempre fui incentivo a buscar a minha própria intensidade. Mas mesmo como essa diversidade vejo pontos em comuns apesar dos estilos, as artes de Dourados geralmente aportam temas como a natureza do Pantanal e cerrado, questões da cultura indígena e de populações marginalizadas”, destaca.

Ocupar um espaço simbólico e importante como MIS, é, para Treze, um momento de valorização, de escuta e de trocas.

“Como artista local eu fico extremamente feliz quando vejo os artistas do interior podendo mostrar a sua arte

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na Capital e trocar conhecimentos com os artistas Expor as nossas artes em um museu igual o MIS é maravilhoso, é a primeira vez que exponho a minha arte na Capital e em um museu, isso valoriza as nossas artes e possibilita mostrar a um público muito maior; torço pelo sucesso da exposição e que os moradores de Campo Grande possam conhecer um pouco mais dos artistas maravilhosos que moram no interior do nosso Estado”.

O artista ainda comenta que há um sentimento de coletividade em participar da exposição. “Essa exposição é formada por artistas amigos, que conhecem e sabem das lutas dos outros, é maravilhoso poder estar no meio de pessoas que admiro, aqui em Dourados tentamos nos manter unidos, sempre grafitando e pintando juntos, acreditamos que a união é a forma mais efetiva de fazer as nossas artes perdurarem e alcançarem lugares novos”, finaliza.

A abertura da exposição contará com ações artísticas ao vivo, expressões que refletem a vitalidade da cena douradense e a amplitude de suas linguagens: videomapping por Natacha IK (@natachaik_); música experimental por Fica Fiz Café (@ficafizcafe) e performance com Lumar (@lumar.sant).

Sobre a curadora

Sara Welter é artista visual e curadora independente, com atuação voltada para projetos que articulam arte, território e memória. Em sua prática, explora a potência de narrativas locais e o diálogo entre a contemporaneidade e múltiplas linguagens . Em “Onde Dourados se faz Arte”, Sara propõe um gesto de deslocamento, ampliação e reconhecimento do impulso autêntico do interior do estado.

Serviço: A abertura da exposição ‘Onde Dourados se faz Arte’ será nesta terça-feira (18), às 19h, no MIS (Museu da Imagem e do Som), em Campo Grande, de forma gratuita.

 

Por Carolina Rampi

 

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