Alguns donos sofrem muito com seus bichinhos de estimação que não param quietos e deixam a casa de pernas para o ar. Muitas pessoas já se depararam com um cachorro ou gato extremamente hiperativo e agitado. Quem já viu, e até tem em casa, conhece de perto a ansiedade e a energia que esses pets têm. Alguns se comportam de maneira agitada grande parte do tempo, dificultando bastante o convívio normal ou desejado para um animal de companhia.
A hiperatividade é um diagnóstico comportamental complexo e é muito confundida com queixas relacionadas à reatividade elevada, excitabilidade ou atividade excessiva. Pode não parecer, mas são bem diferentes. Os tutores que reclamam sobre seus pets agitados, bagunceiros ou inquietos, em sua grande maioria, acham que possuem um cão hiperativo, mas, na verdade, eles são apenas rotulados assim.
A verdadeira hiperatividade é considerada um transtorno cognitivo e apresenta sintomas em animais hipercinéticos como: deficit de atenção, falhas de habituação com estímulos do ambiente, dificuldade de concentração, de focar ou descansar adequadamente. Apresentam alterações fisiológicas constantes e é importante dizer que esse diagnóstico é raro em cães e gatos.
Em primeiro lugar, é muito importante que o tutor saiba se o seu pet é um animal agitado, ou realmente hiperativo. Esse diagnóstico pode ser feito com a ajuda de um profissional veterinário, mas observar e entender o comportamento dos bichinhos é sempre muito importante, é o que explica o professor do Curso de Medicina Veterinária da Uniderp e mestre em Comportamento Animal, Diogo Cesar Gomes da Silva.
“A hiperatividade é diagnosticada por meio de exames clínicos convencionais realizados pelo médico-veterinário. É em especial uma investigação nos níveis de neurotransmissores dopamina, noradrenalina ou serotonina, associados com avaliação comportamental. A avaliação é realizada por profissionais das áreas de Medicina Veterinária ou Zootecnia especializados em comportamento animal”, revela.
Em um caso real de hiperatividade, mas servindo igualmente com cães inquietos, o veterinário conta que: “A intervenção consiste em adequação do ambiente social e físico, oferecendo melhores expressões de comportamento e reduzindo o estresse, atividade cognitiva, desafios mentais e aumento do gasto de demanda de exercício e interação social, como passear mais, interagir com outros cães. Treinamento individual de relaxamento, atenção e melhorar a comunicação, ajuste das rotinas com o tutor e organizar a comunicação, em especial evitando recompensar comportamentos agitados e disfuncionais. Em alguns casos exclusivos para hiperatividade pode ser necessário suporte farmacológico, como metilfenidato, D-anfetamina”, orienta.
Vale lembrar que não há prevalências de hiperatividade por idade, sexo ou raças. “Muitas vezes se confunde e se associam erroneamente com hiperatividade as raças selecionadas para trabalho, como cães de pastoreio e guarda, que possuem características naturais de excesso de energia física e grande demanda de exercícios. Geralmente, em ambientes desfavoráveis, os animais dessas raças expressam comportamentos que geram queixas de seus tutores”, finaliza o especialista.
(Texto: Bruna Marques)