Programa criado em 2024 oferece formação básica e acolhimento a mães em situação de vulnerabilidade que retomam os estudos na rede estadual
O Curso EJA Mulher, criado em 2024 pela Secretaria Estadual de Educação, já atende 145 mulheres em Campo Grande e tem contribuído para reduzir a evasão escolar entre alunas em situação de vulnerabilidade social. Voltado a mulheres com mais de 16 anos, o programa oferece turmas específicas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas escolas estaduais Marçal de Souza Tupã-Y, José Ferreira Barbosa e Vereador Cristóvão Silveira.
Na Escola Estadual Vereador Cristóvão Silveira, no Jardim Noroeste, bairro com altos índices de pobreza e casos de violência doméstica, funcionam cinco turmas do programa neste segundo semestre. Conhecida entre as participantes como “Escola do Amor e do Acolhimento”, a unidade se tornou referência na execução do projeto por associar ensino básico à qualificação profissional.
De acordo com a professora Flávia da Fonseca Vilela, que atua na EJA Mulher, o diferencial do curso está na metodologia adaptada à realidade das estudantes. “Nosso trabalho parte da escuta e do respeito às trajetórias de vida. O conhecimento precisa dialogar com as histórias de quem aprende”, afirmou.
O programa tem chamado atenção também pela estrutura de apoio oferecida às alunas. Uma brinquedoteca foi instalada na escola para atender os filhos das estudantes durante o período de aula, com acompanhamento especializado e atividades pedagógicas. A medida tem sido apontada pela direção como um dos principais fatores para a permanência das mães na escola.
Além da formação geral, o curso inclui componentes de qualificação profissional e trabalha com quatro áreas do conhecimento — Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. O público-alvo abrange mulheres a partir de 16 anos nos anos iniciais e de 18 anos nos anos finais do ensino fundamental.

Foto: Jackeline Oliveira/SED
Histórias individuais revelam o impacto da proposta. Entre as alunas está Beatriz Resende de Barros, de 26 anos, que retomou os estudos após o nascimento do segundo filho e agora cursa o ensino fundamental. Outra participante, Lucinéia Procópio, de 38 anos, mãe solo de três filhos, destaca que o curso gratuito e a brinquedoteca foram decisivos para conseguir voltar à escola.
Também há casos como o de Joanice Lopes Miranda, de 51 anos, que se mudou para o Jardim Noroeste para integrar o projeto. “Eu achei que não teria mais chance de estudar. Mas o Estado lembrou da gente aqui no Noroeste, e isso foi um acontecimento maravilhoso. Mesmo com tantas dificuldades, aqui temos muito amor e acolhimento”, contou.
Com pouco mais de um ano de existência, a iniciativa foi criada para garantir acesso e permanência na educação básica, valorizando as experiências de vida e ampliando as oportunidades de formação para mulheres que interromperam os estudos.
*Com informações da Agência Brasil
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