Cena da arte urbana será tema da 1ª edição do Troca de Saberes em Campo Grande

O Mural Caio Green e, ao lado, o mural Leo Mareco são obras que carregam questões sociais e raciais - Foto:   Reprodução redes sociais
O Mural Caio Green e, ao lado, o mural Leo Mareco são obras que carregam questões sociais e raciais - Foto: Reprodução redes sociais

Série de encontros será realizada na Casa de Cultura, aproximando os artistas da comunidade

Com objetivo de valorizar os processos criativos e à troca de experiências entre artistas e comunidades, a Casa de Cultura de Campo Grande promove nesta quarta-feira (29) a primeira edição do projeto ‘Troca de Saberes Culturais’. A ação começa com o tema ‘Arte Urbana’, fortalecendo a rede artística local.

Nesta edição, participam dois nomes da cena urbana sul-mato-grossense: Leonardo Mareco e Caio Green, artistas que representam diferentes vertentes da arte muralista e do grafite, mas compartilham o mesmo compromisso com a transformação estética e social dos espaços públicos.

Com o mote de aproximar artista e comunidade, a ideia surgiu para promover uma ação que vai além das questões estéticas, conforme explica o coordenador da Casa de Cultura, Diego Torraca. “O objetivo é fazer o espectador ter contato direto com os profissionais do setor cultural. A Casa de Cultura coloca a comunidade a fazer parte do tema com questionamentos, sendo agente tão importante e necessário na troca desses saberes”, disse ao Jornal O Estado.

Foto: Reprodução redes sociais

A estreia do projeto traz dois nomes fortes da cena local da arte urbana. Segundo Torraca, a escolha foi pensada devido à contribuição que ambos têm para a arte em Campo Grande, “cada um com temáticas diferentes, próprias e singulares”, explicou. “O Leonardo com pesquisa aprofundada nas questões étnico-raciais e na crítica social, misturando técnicas como o lambe-lambe e o stencil. O Caio que dialoga com a representação dos povos originários e traz nosso regionalismo tão bem executado em sua arte, além de ser um grande parceiro da Casa de Cultura que possui 2 grandes painéis de sua autoria”.

Leonardo Mareco traz em suas criações um olhar sensível e potente sobre questões sociais, raciais e de valorização da negritude. Suas obras transitam entre o grafite e a pintura, explorando retratos e símbolos que questionam desigualdades e exaltam o orgulho e a resistência negra. Com uma estética forte e politizada, Mareco transforma o espaço urbano em um lugar de reflexão e afirmação cultural.

Caio Green, por sua vez, é reconhecido pelos murais que celebram as paisagens sul-mato-grossenses e as representações indígenas, traduzindo em cores vibrantes e formas orgânicas o diálogo entre natureza e identidade. Sua arte expressa respeito pelas origens e pelo território, valorizando a cultura ancestral e os povos originários que compõem a diversidade do Estado.

Recentemente, Caio foi responsável pela pintura da Concha Acústica Família Espíndola, na Praça do Rádio. A produção, realizada em agosto, trouxe o melhor da fauna e flora de Mato Grosso do Sul para um dos pontos principais de Campo Grande. Arara-vermelha, tucano, onça-pintada e flora marcam presença na pintura. Fazer um trabalho com uma temática tão pantaneira, aliado com a inauguração da Noite da Seresta, foi motivo de orgulho para o artista.

“É um marco, tanto dentro da minha carreira como profissional, quanto para cidade também. Eu acho que é uma iniciativa importante no sentido de fomentar cada vez mais esse tipo de projeto, que amplia a produção artística e cultural da cidade. Que outras empresas também incentivem e apoiem isso, para termos uma cidade cada vez mais colorida. E trazer um mural desse para o centro é uma forma de centralizar a arte, é tornar mais público, mais acessível a todo mundo. Não ficar restrito a museus ou galerias”, disse ao jornal O Estado na época.

Com o objetivo de promover o compartilhamento de experiências e processos criativos entre artistas e público, o “Troca de Saberes Culturais” busca aproximar a comunidade da arte, incentivar o aprendizado mútuo e fortalecer o papel da Casa de Cultura como polo de difusão artística e formação livre.

O coordenador da Casa de Cultura reforça que a arte urbana é a que mais se aproxima do público, e possui uma linguagem potente de transformação e de diálogo com a sociedade, principalmente para comunidades periféricas. “Dentro da linguagem visual, a arte urbana é a que mais se aproxima do público, pois ela está nos locais de circulação, é acessível e também muito dinâmica, pois está inserida na rotina da população. Esta categoria precisa ter o devido reconhecimento, embora não esteja em uma galeria, o produto final é fruto de muito estudo, de pesquisa de experimentação até chegar no resultado final”.

O evento é aberto a artistas, estudantes de artes visuais, teatro, música e dança, além de professores e apreciadores da arte em geral, criando um ambiente de aprendizado informal, troca de ideias e valorização da produção local. Além de abrir espaço para o debate e a troca de experiências, o projeto pretende gerar desdobramentos práticos, como oficinas, residências e parcerias futuras com diversos artistas.

“O projeto pretende, nas próximas edições, ir além dos diálogos e trocar saberes práticos, manuais e também de vivências além do espaço da Casa de Cultura, ocupando ateliês e espaços educacionais não formais”.

O coordenador ainda destaca como a Casa de Cultura, com um ano de funcionamento, se tornou um polo de difusão cultural, artístico e educativo “impactando diretamente a nossa identidade, valorizando os nossos artistas, produtores e toda cadeia que movimenta o setor, valorizando a nossa memória e patrimônio, assim como buscando desenvolver o pertencimento cultural na capital, reforçando a importância da pluralidade e da diversidade local”, finaliza.

Serviço: O projeto ‘Troca de Saberes’ começa nesta quinta-feira (29), às 19h, na Casa de Cultura de Campo Grande, localizada na Avenida Afonso Pena, 2270, Centro. Não há necessidade de inscrição e o evento será gratuito, voltado para artistas, estudantes, universitários e comunidade em geral, de todas as idades.

 

Por Carolina Rampi

 

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