Sem reforma há 16 anos, pista gera desafios em Stock

Para Cowboy, mecânico de Barrichello, condições adversas fazem pilotos evoluírem - Foto: Allan Gabriel
Para Cowboy, mecânico de Barrichello, condições adversas fazem pilotos evoluírem - Foto: Allan Gabriel

Calor também segue como obstáculo às equipes em circuito de Campo Grande

 

O asfalto abrasivo e o calor intenso transformam o Autódromo Internacional Orlando Moura, em Campo Grande, em campo de resistência para pilotos e equipes neste fim de semana. A pista, que não passa por reforma desde 2009, voltou a receber a Stock Car e, com ela, a capacidade das equipes de contornar os desgastes.

Depois de seis anos fora do calendário – inicialmente também estava ausente desta temporada – a principal categoria do automobilismo brasileiro reencontra a capital sul-mato-grossense. O traçado de 3.433 metros, com curvas de baixa e média velocidade, somado ao sol forte, virou um desafio duplo. A combinação tem exigido dos times uma dose extra de estratégia, tanto no acerto dos carros quanto na gestão dos pneus, especialmente para aqueles que não conhecem o trajeto. Dos 31 pilotos participantes, 13 correm pela primeira vez na cidade, entre eles Zezinho Muggiati, Gianluca Petecof, Rafael Reis e Arthur Leist.

A categoria vive momento de transformação, a frota agora é composta por SUVs (Corolla Cross, Mitsubishi Eclipse e Chevrolet Tracker), todos com motores 4 cilindros turbo, substituindo o antigo V8. Mesmo com as mudanças, as dificuldades da pista continuam as mesmas.

O técnico em eletrônica Rodrigo Andrade, da equipe Cavaleiro Valda, dos pilotos Ricardo Maurício e Guilherme Salas, afirma que o clima tem impacto direto sobre o desempenho. “O asfalto é muito abrasivo, e isso junto com a temperatura alta cria uma equação difícil. O pneu aquece demais, a borracha amolece e o desgaste aumenta. É preciso achar o equilíbrio entre manter o ritmo e não destruir o jogo de pneus antes da hora e, é claro, vencer”, explicou.

– ‘Críticas são compreensíveis’

Para José Ricardo Bezerra, o Cowboy, primeiro-mecânico de Rubens Barrichello, o asfalto castigado não é necessariamente um vilão. “As críticas são compreensíveis, mas o automobilismo precisa de pistas que desafiem. Isso obriga o piloto a estar num nível mais alto. O calor é pesado, ainda mais para quem vem do Sul, então estamos usando sistemas de arrefecimento para aliviar o carro e o piloto”, contou o mecânico, há nove anos na equipe.

As falas convergem em um ponto: a etapa de Campo Grande é, acima de tudo, uma prova de resistência. Para Andrade, a leitura correta do comportamento do carro pode ser decisiva. “O calor sempre interfere, mas faz parte da corrida. O segredo está em entender o que o carro está pedindo e ajustar rápido. Numa pista como essa, quem erra o acerto perde muito tempo”, completou.

O autódromo campo-grandense foi inaugurado em agosto de 2001. A pista passou por uma reforma em 2009 e, desde então, é lembrada pelo traçado técnico, asfalto ruim e pelas temperaturas elevadas.

– Categoria que reúne ‘estagiários’ estreia na Capital

Além da Stock, a sexta etapa da Turismo Nacional também compõe o fim de semana de velocidade em Campo Grande. Voltada a carros 1.6 derivados de modelos de rua, a categoria se destaca pelo grid numeroso e pelas disputas intensas, já que as diferenças mecânicas entre os competidores são menores.

Enquanto a Stock Car reúne pilotos experientes e carros de alto desempenho, com motores turbo e estrutura de equipe mais robusta, a Turismo serve como porta de entrada para talentos e prepara os novatos para categorias maiores. O formato das provas é mais dinâmico: são seis corridas por etapa, quatro no sábado e duas no domingo, com inversão de grid e somatório de resultados para a pontuação do campeonato.

O piloto Augusto Sangalli, de 18 anos, que lidera a categoria B pela Pein Competições, estreou na pista de Campo Grande enfrentando as mesmas dificuldades. “É minha primeira vez aqui, e logo no primeiro treino já conseguimos ficar entre os dez. Mas o asfalto desgasta muito o pneu, e o calor pesa demais. É uma pista bem diferente das outras do ano. Tivemos uma quebra no segundo treino, mas estamos evoluindo”, contou o piloto.

Sangalli reconhece que o piso é um obstáculo para todos, e a solução passa por adaptação. “Eu não gosto muito desse tipo de asfalto, mas está igual para todo mundo, não é algo que prejudica um ou outro, então nos apegamos nisso. Quem se adaptar melhor vai colher o resultado”, afirmou.

– Programação

Com a previsão de temperaturas acima dos 30°C, o desafio em Campo Grande promete ser tão desgastante quanto emocionante. Neste domingo, a corrida principal da Stock está marcada para às 10h15. Depois das provas deste fim de semana, o campeonato segue para Cuiabá, em 15 de novembro, Brasília, no dia 30, e encerra a temporada em Interlagos, no dia 14 de dezembro.

Já as da Turismo, que começaram sábado com as corridas 1 a 4, seguem às 8h e 13h.

 

Por Mellissa Ramos

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