O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, na noite de quinta-feira (16), o princípio da autodeterminação dos povos e criticou o envolvimento de outros países nos assuntos internos da Venezuela. Em discurso durante o congresso nacional do PCdoB, em Brasília, Lula afirmou que “nenhum presidente de outro país deve dar palpite” sobre o futuro da nação vizinha, destacando que “o povo venezuelano é dono do seu destino”.
“Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. O que defendemos é que o venezuelano é dono de seu destino e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou Cuba”, declarou o petista.
Embora não tenha mencionado nomes, a fala de Lula ocorre em meio à escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela, após uma série de movimentações militares norte-americanas na região do Caribe e operações secretas autorizadas pelo ex-presidente Donald Trump.
Desde agosto, Washington mantém navios militares próximos à costa venezuelana, sob a justificativa de combater o narcotráfico internacional. A operação despertou preocupação no governo de Nicolás Maduro, que reagiu com mobilização militar e aumento do patrulhamento na fronteira marítima.
A tensão se agravou nas últimas semanas, quando militares norte-americanos atacaram embarcações venezuelanas suspeitas de transportar drogas. Caracas acusa os Estados Unidos de matar ao menos 27 pessoas em ações que, segundo o governo, violam o direito internacional.
Em resposta, Maduro enviou 25 mil soldados das Forças Armadas ao Caribe e intensificou inspeções aéreas sobre os navios norte-americanos. O presidente também acionou o Conselho de Segurança da ONU, pedindo que o órgão declare ilegais os ataques norte-americanos e reafirme o princípio do respeito à soberania e à integridade territorial dos Estados.
Críticas recorrentes à política externa dos EUA
Não é a primeira vez que Lula critica o uso da força por parte dos Estados Unidos na América Latina. Em setembro, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro alertou para o “atual momento de instabilidade” na região e condenou o uso de força letal em situações sem conflito armado, que, segundo ele, “equivale a executar pessoas sem julgamento”.
“Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. É preocupante a equiparação entre criminalidade e terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas”, afirmou Lula, à época.
A posição do presidente reforça a linha tradicional da diplomacia brasileira, baseada na não intervenção e no diálogo multilateral. Lula tem buscado manter uma postura de equilíbrio diante da crise venezuelana, defendendo eleições livres e soluções políticas internas, sem interferência externa.
O tom adotado também reflete a preocupação do governo brasileiro com uma possível militarização da região, caso a crise entre Caracas e Washington se intensifique.
Para Lula, o caminho para a estabilidade na América Latina passa por cooperação e respeito mútuo entre os países, e não por ações unilaterais. “O Brasil defende a paz, a democracia e o direito de cada povo decidir o próprio destino”, tem repetido o presidente em seus discursos recentes.
Com informações do SBT News
Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram
Leia mais
Brasil e Estados Unidos se reúnem nesta quinta para negociar fim do tarifaço imposto por Trump