Pantalhaç@s celebra 17 anos de riso e alegria com maior encontro de palhaçaria do Centro-Oeste

Esse é um dos principais encontros da palhaçaria no Centro-Oeste e terá artistas de outros países - Foto: Larissa Pulchério/divulgação
Esse é um dos principais encontros da palhaçaria no Centro-Oeste e terá artistas de outros países - Foto: Larissa Pulchério/divulgação

Inscrições podem ser feitas pelo blog da mostra até o dia 21 de outubro

 

Campo Grande será palco de muito riso com a chegada da ‘IX Pantalhaç@s – Mostra de Palhaç@s do Pantanal’, que está com inscrições abertas para artistas participarem de espetáculos e oficinas, até o dia 21 de outubro. O evento é um dos principais encontros da palhaçaria no Centro-Oeste, realizado de 4 a 10 de dezembro de 2025, com artistas do Brasil e de países da língua portuguesa e espanhola.

A mostra foi criada há 17 anos pelos grupos Circo do Mato e Flor e Espinho Teatro, com o desejo de inverter o fluxo: em vez de sair de Mato Grosso do Sul para aprender em outros centros, os artistas trouxeram o mundo para cá. Desde então, nomes de países como Peru, Equador, México, Espanha e Argentina já cruzaram fronteiras pantaneiras com suas narrações poéticas do riso.

Segundo Anderson Lima, uma das maiores conquistas do evento é a fidelização do público, seja das escolas como nas redes sociais. “A Pantalhaç@s conseguiu alcançar um nome nacionalmente. A última edição veio gente lá do Amapá. Isso nos dá um ânimo de continuar fazendo essa mostra, ela se tornou um grande ganho para quem faz palhaçaria, para quem é do universo do circo, na nossa região, no próprio Brasil e na América Latina”, disse ao jornal O Estado.

Foto: Larissa Pulchério

Ao longo de suas edições, a mostra já impulsionou a formação de artistas e coletivos, revelou novos espetáculos e abriu caminhos para produções que mais tarde circularam por grandes festivais do país. É um evento que insiste em permanecer, apesar dos desafios de investimento e das distâncias que marcam o Centro-Oeste no mapa cultural brasileiro.

Para o artista e idealizador, essa miscigenação de participações, de artistas de diversos locais, mostra a crescente que o Mato Grosso do Sul está no eixo da palhaçaria. “São vários coletivos trabalhando essa linguagem, mais, se comparado com o teatro, por exemplo, ainda é embrionário. O palhaço é uma linguagem mais difícil de se trabalhar, na minha opinião, e sem dúvida a mostra ajuda nisso, tanto na formação dos artistas quanto nas oficinas que oferecemos”.

Mauro Guimarães, do Circo do Mato, reforça esse papel formativo e de continuidade. “A Pantalhaç@s é, acima de tudo, um lugar de encontro entre gerações, linguagens e corpos diversos que fazem do riso uma forma de resistência”, conclui.

“Pré-Conceito”

Para Anderson Lima, ainda há um longo caminho a percorrer quando o assunto é romper com os preconceitos que cercam a arte da palhaçaria. “O principal estereótipo ainda é que o palhaço é entendido como uma arte menor. Quando falo em palhaço, a galera tem um olharzinho meio torto. Isso dificulta a gente conseguir patrocínio, sem dúvida alguma. Isso dificulta alguns acessos a nossos interesses, por exemplo, mexer com emenda parlamentar”, explica. Segundo ele, o próprio nome “palhaço” ainda carrega um peso que limita o reconhecimento da profissão como forma legítima e complexa de expressão artística.
Além disso, o artista destaca que a imagem popular do palhaço segue muito atrelada ao modelo televisivo, colorido e caricato. “A imagem que se tem ainda do palhaço é muito carregada de maquiagem, um patati-patatá, né? Esses palhaços que ocupam a televisão e que têm a imagem deles cheia de cor, cheia de maquiagem, com essa máscara carregada. E não é isso só, né? Existem uma infinidade de palhaças e palhaços que buscam um riso de maneira muito mais subjetiva, de maneira muito mais poética”, afirma. Para ele, a Pantalhaç@s tem justamente o papel de revelar essa pluralidade e ressaltar “a qualidade muito grande no fazer da palhaçaria, uma habilidade muito grande, uma excelência muito grande nessa arte que as pessoas precisam ver em todos os tipos que têm”.

Foto: Larissa Pulchério

Viver o momento atual da Pantalhaç@s é concretizar um sonho que parecia distante há 17 anos. “Olha, nós estamos vivendo agora um momento muito especial, né? Isso antigamente era um sonho que nós estamos vivendo agora, ter, por exemplo, a Política Nacional Aldir Blanc. Muitos editais que proporcionam intercâmbio — isso aqui era um sonho para nós quando a gente começou a Pantalhaç@s lá atrás”, afirma, Lima.

Hoje, com o fortalecimento das políticas culturais federais, o festival mantém o espírito colaborativo que o originou e segue apostando na convivência como forma de aprendizado. “A gente traz mesmo artistas do interior que querem trabalhar. A gente sempre conseguiu enxugar o orçamento para que os artistas ficassem junto com os artistas nacionais, para que trocassem, para que houvesse uma interação, uma convivência — no hotel, no café da manhã, durante os espetáculos, dentro da van”, conta. Para ele, essa escolha de manter os artistas reunidos é o que diferencia o evento. “Eu acho que é o único festival no estado que faz isso, que tem essa valorização do artista regional, que busca dar essa oportunidade para que possamos realmente ter um intercâmbio efetivo. Pagar para que os artistas fiquem todo o tempo da mostra é uma opção nossa, e a gente sabe que gasta com isso. Mas é uma opção, e eu acho que é o que faz a diferença”, complementa.
Mesmo diante das dificuldades, o artista defende que a continuidade da Pantalhaç@s precisa ser vista como uma política pública, e não apenas como um projeto eventual. “A gente espera que agora, com essa política do governo federal, com a Política Nacional Aldir Blanc, os governos municipais e o do estado entendam que alguns festivais precisam sair desse negócio do edital. Um festival que sobrevive há 17 anos não precisava mais concorrer a editais, porque não é nosso, é da sociedade já, é do público”, enfatiza. Anderson reforça ainda a importância de reconhecer o impacto econômico e social da cultura. “O dinheiro investido na cultura volta pra sociedade. Quando a gente coloca a nossa lona, levanta o nosso grito ali na Orla Morena, há todo um comércio que se movimenta no entorno. Nosso sonho é esse: garantir que consigamos ter uma política permanente que reconheça o valor real da arte e do riso.”

Este projeto é realizado com recursos da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc), do Governo Federal, por meio do MinC (Ministério da Cultura), operacionalizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, via Fundação de Cultura de MS.

Serviço: A chamada pública com todas as regras está disponível no blog oficial da mostra: pantalhacos.blogspot.com.br. Mais informações pelo Instagram @pantalhacos.

 

Por Carolina Rampi 

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