Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, vence o Prêmio Nobel da Paz de 2025

Maria Corina Machado - Foto: reprodução
Maria Corina Machado - Foto: reprodução

A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado, de 57 anos, foi a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, conforme anunciou nesta sexta-feira (10) o Comitê Norueguês do Nobel. O prêmio reconhece seu “incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e na busca por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, segundo comunicado oficial.

Em vídeo divulgado pelo também opositor Edmundo González, Machado afirmou estar “chocada” com a notícia. “Este prêmio pertence ao povo venezuelano, que há anos resiste com coragem e dignidade. É por todos aqueles que não desistiram de sonhar com um país livre”, declarou.

A trajetória de Maria Corina é marcada por perseguições, prisões e ameaças. Em janeiro deste ano, ela chegou a ser presa, um dia antes da posse do presidente Nicolás Maduro, durante uma manifestação contra o governo chavista.

Segundo relatos, tiros foram disparados contra ela e integrantes de seu partido enquanto deixavam o ato. A líder foi interceptada e levada a um local desconhecido, onde ficou detida por algumas horas. Após ser libertada, relatou ter sido ameaçada e agredida. “Atiraram em alguns que estavam comigo. Sinto dores pelo corpo, mas sigo firme. A Venezuela não se renderá”, disse à época.

Impedida de disputar as eleições presidenciais de 2024, Machado apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia, que acabou se exilando na Espanha após a Corte Eleitoral da Venezuela, dominada pelo chavismo, anunciar a vitória de Maduro. “Maduro levou adiante um golpe de Estado. Mas ele não poderá governar com a força de um país que decidiu ser livre”, afirmou a opositora.

Em nota, a organização do Nobel destacou que Maria Corina Machado “liderou a luta pela democracia diante do autoritarismo cada vez maior na Venezuela”. O texto relembra que, ao ser impedida de concorrer às eleições, ela “mobilizou a oposição e documentou de forma sistemática as evidências de fraude eleitoral”.

O comitê afirmou ainda que a escolha da venezuelana ocorre em um momento em que a democracia está em retração em várias partes do mundo. “A democracia – entendida como o direito de expressar livremente sua opinião, de votar e de ser representado em um governo eletivo – é a base da paz dentro e entre as nações”, destacou a entidade.

Segundo o Comitê Norueguês, Machado cumpre os três critérios do testamento de Alfred Nobel para a seleção de um laureado com o Prêmio da Paz:

“Ela uniu a oposição em seu país, nunca vacilou diante da militarização da sociedade venezuelana e manteve firme seu compromisso com uma transição pacífica para a democracia.”

Engenheira e economista, Maria Corina Machado iniciou sua trajetória política em 1992, quando fundou a Fundação Atenea, voltada ao apoio de crianças de rua em Caracas. Uma década depois, criou a organização Súmate, dedicada a promover eleições livres e transparentes.

Eleita deputada em 2010 com recorde de votos, foi expulsa da Assembleia Nacional em 2014 pelo regime chavista. Desde então, passou a liderar o partido Vente Venezuela, um dos principais grupos de oposição do país. Em 2017, ajudou a fundar a coalizão Soy Venezuela, que reúne diversas forças contrárias ao governo de Maduro.

Em 2023, anunciou sua candidatura à presidência, mas foi barrada pela Justiça Eleitoral. A partir de então, tornou-se símbolo da resistência civil e da mobilização democrática na Venezuela.

O Prêmio Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz é uma das mais prestigiadas distinções internacionais, concedida anualmente a pessoas ou instituições que contribuíram de forma significativa para a promoção da paz e dos direitos humanos. Criado a partir do testamento do inventor sueco Alfred Nobel, em 1895, o prêmio é entregue em cerimônia realizada em Estocolmo, na Suécia.

Entre os vencedores históricos estão Martin Luther King Jr. (1964), Malala Yousafzai (2014) e Nelson Mandela (1993).

Os anúncios dos laureados de 2025 seguem ao longo da próxima semana. Na segunda-feira (13) será divulgado o vencedor do Prêmio Nobel de Economia, encerrando a temporada de anúncios que já revelou os ganhadores nas áreas de Medicina, Física e Química.

Prêmio Nobel reconhece esforços de pesquisadores no ramo da ciência, humanismo e paz – Foto: reprodução/Nobel Media

 

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