MS amplia rede de monitoramento climático e reúne forças de segurança para prevenção de eventos climáticos

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Nos próximos meses, calor acima da média pode impulsionar temporais com raios e fortes rajadas de vento

O CICC (Centro Integrado de Comando e Controle de Mato Grosso do Sul) sediou, nesta terça-feira (7), mais uma reunião da Sala de Guerra, grupo de gestão de crises criado pela AGEMS (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos) para coordenar ações de prevenção e resposta a eventos climáticos extremos que possam comprometer serviços públicos essenciais no Estado.

A proposta é a de alinhar planos de contingência e mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre o abastecimento de água, fornecimento de energia, transporte e segurança da população.

O chefe da Defesa Civil Estadual, coronel Hugo Djan, destacou que o Estado vem se estruturando para responder com agilidade às emergências, especialmente diante da intensificação dos desastres naturais. Ele ressaltou a importância da integração entre os órgãos e o fortalecimento das ações preventivas.

“O Estado tem evoluído muito. Hoje, o impacto de vendavais e enchentes é menor que há dez anos, graças à tecnologia e ao comprometimento dos gestores. Ainda assim, temos enfrentado eventos cada vez mais imprevisíveis, já que não há mais um período definido para incêndios florestais. Agora, eles ocorrem o ano todo”, afirmou o coronel.

Djan também lembrou que, no último ano, a Defesa Civil executou ações inéditas de assistência à população vulnerável, com ajuda humanitária a comunidades pantaneiras, indígenas e quilombolas, incluindo a entrega de cestas básicas, filtros e água potável por helicóptero.

“O foco é olhar para quem mais sofre. Enquanto alguns têm condições de se proteger ou se deslocar, há quem dependa diretamente da atuação do poder público. É por isso que estamos juntos, planejando e agindo para reduzir danos e salvar vidas”, completou.

Para o comandante metropolitano do Corpo de Bombeiros, coronel Fernando Carminati, o trabalho conjunto é fundamental para garantir respostas rápidas em momentos de crise. “Essas reuniões são importantes para integrar as instituições e alinhar as ações. Quando ocorre um desastre, essa conexão direta permite um atendimento mais ágil à comunidade. Agora, com o fim do período de seca, muda o perfil das ocorrências, saem os incêndios florestais e entram os casos de alagamentos, quedas de árvores e enchentes”, pontuou.

O diretor-presidente da AGEMS, Carlos Alberto Assis, comentou sobre os impactos que a sociedade tem sofrido com as tempestades, que mesmo sendo episódios de curta duração e situações menos graves, como quedas de energia por conta de tempestades, já impactam significativamente a vida da população e exigem respostas rápidas e integradas. “Ficar uma hora sem energia impacta muito. Com a Sala de Guerra, conseguimos atuar imediatamente. Assim que a tempestade passa, já estamos trabalhando com Energisa, Sanesul, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e outras instituições. O objetivo é sempre minimizar o sofrimento da população”, ressaltou.

Além disso, o diretor citou exemplos de outros estados, como São Paulo, que enfrentaram longos períodos sem energia após eventos climáticos extremos, reforçando a importância do planejamento antecipado. “Não é possível evitar totalmente os efeitos da natureza, mas é possível minimizar. Se sabemos que há risco em determinada data ou local, temos que nos preparar. A AGEMS trabalha justamente para que o impacto seja o menor possível”, finalizou.

O diretor-presidente da AGEMS reforçou que a “Sala de Guerra” representa um pacto coletivo de prevenção, unindo diferentes órgãos em prol da população. “O sofrimento das pessoas é o que nos move. Ficar uma hora sem energia já impacta a vida de muita gente. Nosso papel é minimizar isso, com planejamento e integração. Aqui não há uma instituição isolada: somos todos juntos, compartilhando conhecimento e agindo para que o impacto das mudanças climáticas seja o menor possível”, afirmou Assis.

Por fim, o diretor também destacou projetos de conscientização para a população, levando informações de formas educativas, como temas ambientais, promovidos pela AGEMS, como o “Plantio e Poda Responsáveis”, desenvolvido em parceria com escolas e prefeituras, para orientar sobre arborização segura próxima à rede elétrica.

“Esse projeto é fundamental porque a gente percebe que muitos dos problemas de interrupção de energia começam justamente em situações simples, como o plantio de uma árvore embaixo da rede elétrica. A ideia é que o cidadão entenda que pode e deve plantar, mas com responsabilidade, evitando riscos futuros e ajudando a manter a cidade segura e sustentável”, explicou o diretor.

O encontro reuniu representantes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Forças Armadas, Polícia Militar, PMA (Polícia Militar Ambiental), Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Cemtec, além das concessionárias de energia, saneamento e gás.

Previsão do clima para o trimestre

Durante a reunião, a coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Clima e Tempo de Mato Grosso do Sul), Valeska Fernandes, apresentou o cenário climático para os próximos meses, destacando o aumento das temperaturas e a previsão de chuvas irregulares no Estado.

Segundo ela, a tendência é que as temperaturas fiquem acima da média histórica, especialmente entre outubro e dezembro, período marcado por forte calor e tempestades típicas da transição para o verão. “As temperaturas tendem a ficar acima da média histórica. Neste período de primavera, é comum a ocorrência de tempestades devido à combinação do calor com a chegada de frentes frias. São episódios que podem vir acompanhados de raios, rajadas de vento e, eventualmente, queda de granizo”, explicou Valeska.

Ela ressaltou que a irregularidade das chuvas será mais acentuada no extremo sul do Estado, região que deve registrar índices abaixo da média devido à influência do fenômeno La Niña. “É importante que a população adote medidas de cuidado com a saúde e o meio ambiente, como manter-se hidratada, evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e redobrar a atenção quanto ao risco de incêndios florestais”, completou.

O Cemtec também anunciou a ampliação da rede de monitoramento meteorológico em Mato Grosso do Sul. No ano passado, o Estado contava com 15 estações. Em 2025, foram implantadas mais 19 unidades. Para o próximo mês, está prevista a instalação de mais 10 unidades na região Centro-Leste, e com o apoio dos equipamentos do Inmet, a cobertura já soma 70 estações reforçando o sistema de vigilância climática.

Por Inez Nazira

 

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