Intervenções fazem parte de plano de modernização de R$ 280 milhões no terminal
As operações noturnas do Aeroporto Internacional de Campo Grande foram suspensas até 5 de abril de 2026 em razão de obras de modernização e ampliação da pista principal. A medida, que restringe pousos e decolagens entre 23h e 5h, já está em vigor e impacta diretamente passageiros e companhias aéreas que operavam nesse intervalo.
Segundo a concessionária Aena Brasil, responsável pela administração do terminal, desde outubro de 2023, as intervenções visam aumentar a capacidade e a segurança operacional do aeroporto, com reformas que incluem a ampliação da área de embarque, construção de um segundo piso, instalação de fingers, realocação de pontos de abastecimento e reformulação do pátio de aeronaves, que passará a ter 11 posições.
A concessionária afirma que a restrição foi definida em conjunto com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), órgãos de controle aéreo e companhias que operam em Campo Grande. O objetivo é reduzir riscos durante as obras de infraestrutura e permitir o avanço de frentes de trabalho sem comprometer a segurança das operações diurnas.
No total, a Aena prevê investir R$ 280 milhões em melhorias no terminal da Capital Sul-mato-grossense, dentro de um pacote de R$ 658 milhões destinados aos quatro aeroportos sob sua gestão em Mato Grosso do Sul – Campo Grande, Corumbá, Dourados e Ponta Porã.
Passageiros relatam surpresa e transtornos
Embora a concessionária tenha informado oficialmente sobre a medida, parte dos passageiros ainda desconhece a suspensão dos voos noturnos. A empresária Priscilla Fernandes, 68, embarcando para São Paulo, afirmou que não recebeu nenhum aviso no momento da compra da passagem.
“Não fui informada sobre os cancelamentos. É um transtorno, mas se for para melhorar, tudo bem. Só é preciso que as companhias comuniquem com antecedência”, disse.
Outros viajantes relataram situações mais delicadas. A biomédica Carla Sernajoto, 49, contou que perdeu a conexão para Campo Grande após atraso em voo internacional. “Eu poderia pegar o próximo voo à noite, mas avisaram de última hora que não havia mais voos noturnos. Precisei dormir em hotel e só embarquei no dia seguinte. Um casal de idosos perdeu um casamento”, afirmou.
Para a militar aposentada Rejane Carvalho, 57, as obras demoram mais do que o esperado. “Essas melhorias são muito entre aspas. O aeroporto está em reforma há anos e pouco mudou. Nunca vi precisar parar os voos à noite para isso”, criticou.
Já o eletricista Mário Ferreira, 40, embarcando para Brasília, vê o impacto com resignação: “Vai gerar transtorno agora, mas se for para melhorar lá na frente, tudo bem”.
Ajustes nas companhias
Companhias aéreas que operam na capital sul-mato-grossense – como Gol, Azul e Latam – estão reorganizando suas malhas, realocando voos noturnos para horários diurnos. O cenário tende a aumentar a concentração de pousos e decolagens entre 5h e 23h, o que pode gerar maior disputa por slots (janelas de operação) nos horários de pico.
Além de impacto direto no planejamento de viagens e conexões, a mudança também afeta o setor de transporte terrestre e de hotelaria, já que passageiros que antes embarcavam ou desembarcavam de madrugada agora precisam ajustar horários de chegada, hospedagem ou translado.
Modernização e perspectivas
As obras fazem parte da fase 1B do contrato de concessão da Aena, com entrega completa prevista para meados de 2026. O plano de modernização prevê ainda a implantação de taxiways de saída rápida, melhorias em estacionamento, acessos e áreas de embarque e desembarque, além de novas salas VIP nos terminais de Mato Grosso do Sul.
O Aeroporto de Campo Grande registrou alta de 12% no fluxo de passageiros entre 2023 e 2024, retomando o patamar pré-pandemia com mais de 1,5 milhão de viajantes anuais.
Enquanto as obras avançam, a orientação da concessionária é que passageiros com voos agendados entre 23h e 5h procurem suas companhias aéreas para verificar remanejamentos e atualizações de horários.
“Apesar da restrição noturna, o aeroporto segue operando normalmente durante o dia. As intervenções são temporárias, mas fundamentais para o futuro da aviação no Estado”, informou a Aena, em nota.
Por Djeneffer Cordoba
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