Lula pede a secretário de Estado dos EUA que negocie “sem preconceito” e reforça diálogo direto com Trump

Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nessa segunda-feira (6), que pediu ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que mantenha um diálogo “sem preconceito” com o Brasil nas negociações sobre o tarifaço de 50% imposto pelo governo norte-americano aos produtos brasileiros.

Rubio, crítico do governo brasileiro e aliado da família Bolsonaro, foi designado pelo presidente Donald Trump para conduzir as conversas comerciais com o Brasil. Do lado brasileiro, participam o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

De acordo com Lula, a expectativa é que Rubio se reúna com autoridades norte-americanas nesta terça-feira (7) e, em seguida, entre em contato com o governo brasileiro.

“Eles vão fazer uma discussão sobre o Brasil. Depois, o secretário de Estado vai procurar o nosso governo. Eu pedi para ele [Trump] dizer ao Marco Rubio para conversar com o Brasil sem preconceito, porque pelas entrevistas que ele deu há um certo desconhecimento sobre o país”, afirmou Lula em entrevista ao Grupo Mirante, no Maranhão.

Lula revelou ainda que, após o telefonema com Trump, ambos trocaram contatos pessoais e concordaram em manter um canal direto de comunicação, sem depender de intermediários.

“Se for uma coisa que precisar envolver mais gente, eu vou envolver, porque não sou eu que faço as negociações. Mas quando eu tiver um assunto político grave e eu tiver que tratar com o presidente Trump e ele comigo, a gente não vai precisar ficar esperando que a burocracia marque uma data. A gente pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa”, disse o presidente.

Críticas de Rubio ao governo brasileiro

O novo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, é conhecido por sua postura crítica em relação ao governo brasileiro. Próximo da família Bolsonaro, ele estreitou laços com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em 2018 e chegou a se reunir com Jair Bolsonaro em 2020, quando elogiou “a nova era da política brasileira”.

Desde que assumiu o cargo, Rubio tem feito declarações duras contra o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente após a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. À época, o norte-americano acusou a Corte de promover uma “caça às bruxas” e chegou a ameaçar novas tarifas contra o Brasil.

A taxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos entrou em vigor em 6 de agosto. Em carta enviada a Brasília, o presidente Trump justificou a decisão como uma forma de “corrigir as graves injustiças do sistema comercial atual” e associou a medida ao que chamou de “perseguição política” contra Bolsonaro e à “restrição da liberdade de expressão” no Brasil.

Lula reagiu com firmeza, afirmando que a justificativa era “falsa” e que o Brasil é “um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. O governo brasileiro chegou a cogitar uma retaliação comercial, com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

A taxação norte-americana afeta 35,9% das mercadorias enviadas aos EUA, o equivalente a 4% das exportações brasileiras. Para mitigar os impactos, o governo federal lançou um plano de contingência com R$ 30 bilhões em crédito para produtores afetados e intensificou as negociações com novos parceiros comerciais.

Haddad mantém estratégia de negociação

Fofo: divulgação/Diogo Zacarias/MF

Em entrevista nesta terça-feira (7) ao programa Bom Dia, Ministro, do CanalGov, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo não pretende alterar sua estratégia de negociação com os Estados Unidos.

“A estratégia atual está dando certo, e a determinação do presidente Lula e do presidente Trump é de virar a página das controvérsias recentes entre os dois países”, declarou Haddad.

Lula e Trump devem se encontrar pessoalmente em breve, após o primeiro telefonema, descrito pelo governo brasileiro como “amistoso”, e que abriu um novo capítulo nas relações diplomáticas entre Brasília e Washington.

 

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